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XV Fórum ABAG debateu a logística brasileira

Palestrantes convidados para o XV Fórum Abag foram unânimes em afirmar que o Brasil precisa aproveitar a crise global para criar oportunidades e crescer


Nesta quarta-feira (17), em São Paulo, foi realizado o XV Fórum da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), em parceria com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). O tema, Logística, que representa 12,4% do PIB do Brasil, foi debatido pelos palestrantes Marcelo Perrupato e Silva, secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes; Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio, presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga; Julian Roger C. Thomas, diretor superintendente da Aliança Navegação e Logística – Hamburg Süd; António Carlos Rodrigues Branco, diretor de Portos e Serviços da Bunge Alimentos e Renato Saleme, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Cia Vale do Rio Doce.

Renato Saleme revelou que em seis anos (2003/08) a empresa investiu em Logística US$ 5,2 bilhões e especificou dois projetos importantes de novos corredores logísticos que gerarão cerca de 70 mil novos empregos a partir deste ano. “No Projeto Ferrovia Norte-Sul, subconcessão da Vale, um novo corredor de escoamento de carga geral para exportação de grãos se estenderá até Palmas (TO) perfazendo 720 km, ao longo dos próximos cinco anos e receberá investimentos da ordem de US$ 790 milhões, gerando 50 mil novos empregos”.

Dois trechos de 359 km já foram construídos pela Valec, sendo 225 km de Açailândia a Porto Franco e 134 km de Estreito a Araguaína. Estão em fase de construção 361 km. De Araguaína a Guaraí os 213 km estavam previstos para abril deste ano e os 148 km, de Guaraí até Palmas, tem previsão de entrega em dezembro de 2009.

No Projeto Noroeste de Minas Gerais, pelas vantagens competitivas que a região oferece como localização privilegiada, grande potencial agrícola e logística competitiva, serão investidos US$ 300 milhões, entre a Vale/FCA e parceiros, em um novo corredor logístico integrado de exportação com o objetivo de desenvolver a fronteira agrícola. “Este projeto gerará 20 mil novos postos de trabalho e terá um grande impacto sócio-econômico na região”, enfatizou Saleme. O primeiro passo já foi dado na construção do Terminal Intermodal de Pirapora (TIP), inaugurado em abril deste ano.

O que fazer?

O diretor de Portos e Serviços da Bunge Alimentos, António Carlos Rodrigues Branco, disse que a saída para os gargalos seria a implantação de 70 novos projetos capazes de reduzir em US$ 20,5 bilhões por ano o custo logístico brasileiro e apontou prioridades urgentes em investimentos nas malhas ferroviária, rodoviária e hidroviária tais como nas Hidrovias Tocantins - Araguaia, Teles-Pires – Tapajós; Porto de Itaqui; Rodovia BR-163 e Ferrovias ALL/Ferronorte e Norte-Sul. Segundo Rodrigues Branco alguns fatores contribuem para piorar a situação da Logística no País, como volatilidade no preço do petróleo, envelhecimento da frota rodoviária e deterioração da malha viária, evasão fiscal das transportadoras, investimentos abaixo da necessidade ou demora na construção e conclusão de obras em ferrovias, portos e rodovias, além do baixo giro de vagões e aumento da demurrage nos portos. “Mas há saídas porque temos potencial de expansão, produtores rurais empreendedores e uma missão que é procurar um campeão para unir forças e defender este setor tão importante para o desenvolvimento de nosso País”.

Portos

Julian Thomas (ANL – Hamburg Süd) mostrou um estudo com as principais limitações dos portos brasileiros e o impacto desta ineficiência no custo final da empresa. “Em oito anos (2000/8) a evolução das importações mais exportações brasileiras teve 142% de crescimento, demanda maior do que o volume de contêineres (de 96 a 2007 cresceu de três a quatro vezes). O déficit na capacidade dos terminais de contêineres e da infraestrutura de acesso, além da falta de dragagem nos canais de acesso, teve como conseqüência uma longa espera para atracação dos navios, baixa produtividade de carga e descarga e utilização parcial da capacidade dos navios, gerando uma capacidade adicional necessária de 5,4 milhões de metros quadrados para os portos mais críticos até 2012”.

Ainda segundo Thomas o prejuízo da ineficiência portuária para a ANL só em 2008 foi de 20.697 horas, o equivalente a mais de dois navios parados na costa brasileira durante todo o ano; 241 escalas, o mesmo que 10% de todas as escalas programadas no ano e US$ 62 milhões em custos adicionais de portos, navios e receitas perdidas.

PAC
Paulo Protásio apresentou um trabalho realizado pela Anut, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e colaboração da Abag, Abiove, Anda, Bracelpa, CNA Brasil, Cecafé, Ibraf e Logit , desenvolvido em cima das obras previstas no PAC e no Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT) do Agronegócio, com os principais produtos demandantes de transporte como soja, milho, arroz, trigo, café, açúcar e etanol, madeira e celulose, carnes e fertilizantes agrupados e carregados em fluxos de carga na malha de transporte atual e futura.

“Para estes produtos a necessidade projetada de transporte salta de 308 M t em 2008 para 545 M t em 2023, o que representa 49% das obras a serem executadas até 2023 e um montante de investimentos da ordem de US$ 82 bilhões”, disse. Mas o PAC da forma que está não contempla todas as obras necessárias do agronegócio do PNLT original e se houver um acréscimo seriam necessários mais US$ 45 bilhões em investimentos. Protásio apontou também algumas soluções para o futuro, como gestão e eficiência governamental, PPPs saindo do papel e entrando em funcionamento, modelos adequados de concessão, regulação, multimodalidade, uso de TICs para otimização dos fluxos de transporte, novas alianças entre cadeias produtivas, formulação de estratégias que confiram visibilidade ao Brasil como produtor de alimentos seguros e energia e a criação de um Sistema de Inovação e Gestão de Risco integrado por meio de Empresas de Propósito Específico.

Fechando o Fórum, o secretário de Política Nacional de Transporte, do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato, falou que o Brasil foi salvo pela recessão provocada pela crise global e que o momento é favorável para o País investir. Ele lembrou o PNLT e revelou o lançamento de novas licitações ainda este ano além da intenção do Governo Federal em elevar para 1% do PIB recursos destinados a projetos de logística e infraestrutura.

“Tínhamos previsto quando o PNLT foi elaborado, investimentos da ordem de R$ 172 bilhões e já atingimos R$ 290 bilhões. Dentro de 45 dias lançaremos um edital para as obras do Plano Estratégico Hidroviário e novas licitações para a expansão de 10 mil km da malha ferroviária, na integração Leste-Oeste”. No projeto do governo, quatro trechos de hidrovias são considerados prioritários: Teles-Pires-Tapajós, Araguaia-Tocantins, Rio Parnaíba e Tietê-Paraná. O PNLT prevê uma redução do modal rodoviário de 58% para 28% em contraponto ao aumento da participação do modal ferroviário de 25% para 35% e do hidroviário de 16% para 29%, além de mais aportes em dutos para o transporte de etanol. " Temos pouco tempo para nos salvar do apagão logístico até sair da crise e o nosso plano é viável, se não for realizado não será por falta de dinheiro, mas por falta de gestão", finalizou. As informações são da assessoria de Comunicação da ABAG.

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