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A importância do comportamento sexual dos touros em rebanhos de corte sob sistema de monta natural


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

Danielle Maria Machado Ribeiro Azevedo

Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte

Parnaíba, 13 de dezembro de 2007. A utilização de biotécnicas da reprodução com a inseminação artificial (IA) ainda encontra-se em fase de expansão no Brasil. Estima-se que menos de 5,0% do rebanho bovino brasileiro é inseminado, sendo o restante servido por touros em regime de monta natural.

Um reprodutor acasala-se em média com 25 a 30 fêmeas durante a estação de monta, sendo responsável por mais de 70% do melhoramento genético do rebanho devido à pressão de seleção que sofre no processo de produção.

Neste contexto, os reprodutores são de fundamental importância na produtividade final do sistema. Em monta natural, estes animais devem não apenas produzir sêmen de boa qualidade e em quantidade adequada, mas também ter capacidade de reconhecer fêmeas em estro, manifestar desejo sexual e possuir habilidade de cobertura. Assim, para determinação da capacidade reprodutiva de um macho é imprescindível que, além do espermograma, seja realizada a avaliação de seu comportamento sexual, que pode interferir diretamente na fertilidade do rebanho.

O estudo do comportamento sexual em machos baseia-se em dois parâmetros: libido e capacidade de serviço. Libido pode ser definida como a disposição do macho em montar e copular a fêmea e capacidade de serviço como a habilidade de montar a fêmea e realizar a cópula. Estes parâmetros podem ser influenciados pela raça, idade, sanidade e níveis hormonais do animal, bem como pelo seu “status” social (dominância/submissão). Nos trópicos os períodos do ano, principalmente no que se refere à temperatura ambiente e ao regime de chuvas, também influenciam o comportamento sexual dos machos.

O estudo do comportamento sexual de bovinos tem despertado interesse por permitir o incremento dos índices reprodutivos, a utilização de uma proporção macho:fêmea mais adequada, e conseqüente redução dos custos de manutenção de um grande número de reprodutores na propriedade.

O comportamento sexual do macho adulto depende diretamente, em primeiro lugar, de secreções hormonais (como a testosterona) e, em segundo, de eventos sociais. O desenrolar do ato sexual envolve a interação entre estes dois fatores principais, sendo o segundo gatilho para o primeiro. Fatores externos como nutrição ou clima, podem interagir com os fatores endócrinos ou sociais.

Os testes para mensuração da libido e capacidade de serviço foram inicialmente desenvolvidos pra bovinos na década de 1979. Diversas metodologias foram sugeridas para a avaliação da capacidade de serviço e libido de touros, porém em todas é imprescindível o conhecimento acurado dos eventos comportamentais que se sucedem e culminam com a cópula na espécie em questão.

Em bovinos, a corte da fêmea pelo macho limita-se ao período de estro, apesar da ovulação ocorrer após os sinais de cio terem cessado. O macho aproxima-se da fêmea e, através dos componentes pré-coitais de libido, “testa” a receptividade da mesma ao ato sexual. A imobilização reflexa da fêmea em estro é reconhecida pelo macho experiente e funciona como um sinal para a continuação da seqüência de cópula. Estando a fêmea em estro (sinal de imobilidade característico do período fértil), o macho desenvolve então um padrão de comportamento caracterizado por atos estereotipados, cuja seqüência varia com a raça e também com o indivíduo.

Os principais pontos característicos da seqüência sexual em machos bovinos são a exibição sexual e a conduta sexual propriamente dita, composta por comunicação olfativo-gustativa (lamber e cheirar a vulva), reflexo de Flehmen (lábio superior erguido em direção às narinas), ereção, protusão do pênis, monta, introdução, ejaculação, com arranque final, quando o pênis, ereto, depõe o sêmen o mais próximo possível da cérvice, desmonta e refratariedade (saciedade).

Quanto mais potente o touro, mais rápido percebe a fêmea em estro e realiza a cópula, bem como é menor o período refratário. Os testes de desempenho sexual (libido e capacidade de serviço) baseiam-se nestas premissas e são utilizados não apenas para determinar se o touro é fértil e capaz, mas também para determinar a proporção macho:fêmeas no rebanho. Os testes de desempenho e a sua relação com a proporção macho:fêmeas serão considerados de forma mais detalhada em outro artigo, visto suas implicações na fertilidade do rebanho de corte.

Assim, na avaliação de um reprodutor, principalmente em regime de monta natural, é primordial que o mesmo seja testado não apenas quanto às suas características seminais, mas também quanto ao seu comportamento sexual, pois em conjunto, estas informações serão mais eficientes para predizer a fertilidade do animal.

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