O Dia do Técnico Agrícola, celebrado em 5 de novembro, em alusão à data (em 1968) em que a profissão foi reconhecida no Brasil, homenageia este profissional tão importante para o desenvolvimento da agricultura no país. Ele é responsável pela elaboração de projetos em propriedades rurais, pela assistência técnica junto aos produtores, pelo acompanhamento da safra, desde o pré-plantio ao término da colheita e de aprimorar técnicas e uso de ferramentas para auxiliar na produtividade e rentabilidade das lavouras.
Mais do que ajudar a promover os resultados produtivos no campo, o técnico agrícola é o principal vetor da sustentabilidade no setor. Ele é um dos profissionais que "calça as botas" e leva, diretamente ao produtor, os conceitos fundamentais e recomendações de Boas Práticas Agrícolas (BPA’s). Orientando sobre conceitos como o Manejo Integrado de Pragas (MIP), o uso racional da água e insumos, assim como sua aplicação correta, as técnicas de conservação do solo, como o plantio direto e a rotação de culturas. Essa atuação da "porteira para dentro" é o que transforma a rentabilidade em um objetivo alinhado à responsabilidade ambiental e social.
Contudo, o agronegócio é um setor com atualização contínua. Mudanças climáticas, resistência de defensivos a pragas e plantas daninhas, uso de biotecnologia, inovações em biológicos, ferramentas de agricultura digital (e, agora, a inteligência artificial) e exigências regulatórias, como a rastreabilidade. Para que o técnico agrícola possa ser esse agente de transformação, ele precisa também se atualizar. A formação básica é o alicerce, mas a capacitação constante é o que o mantém relevante e eficaz.
Desta forma, o técnico agrícola, ao lado da indústria, ajuda na capacitação e treinamento dos produtores rurais e aplicadores. Ele é um mentor e multiplicador. Não basta a indústria desenvolver uma nova semente ou um defensivo mais eficiente se essa tecnologia não for usada corretamente na ponta. O técnico é o tradutor oficial da inovação e da legislação correlata: ele traduz a bula complexa, os dados da pesquisa científica e as exigências da legislação em uma linguagem acessível e prática para o agricultor. É ele quem constrói a confiança necessária para que o produtor adote uma nova prática, provando seu valor e sua viabilidade naquela realidade específica.
Quando falamos especificamente do aplicador, o técnico agrícola assume um papel vital de instrutor de segurança e eficiência. É ele quem realiza os treinamentos práticos sobre a Tecnologia de Aplicação correta, abordando a importância da regulagem e calibração de bicos de pulverização para evitar a deriva (quando o produto atinge áreas não desejadas) e o desperdício. Mais importante, ele é o principal fiscalizador e instrutor do uso correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), além de orientar sobre o procedimento de tríplice lavagem e a devolução de embalagens vazias (logística reversa). Essa capacitação garante a segurança do trabalhador e a proteção do meio ambiente.
Portanto, ao parabenizar o técnico agrícola, celebramos também essa rede de conhecimento que o apoia. Ele é a ponte essencial que conecta a pesquisa e o desenvolvimento da indústria com a prática sustentável no campo, por meio de orientações aos produtores, assegurando que a agricultura brasileira continue a alimentar o mundo com produtividade, qualidade e respeito ao ecossistema.
Jair Francisco Maggioni é coordenador de Boas Práticas Agrícolas da Corteva Agriscience para o Brasil e Paraguai