
O açaizeiro é uma palmeira nativa da Amazônia, muito apreciado na ornamentação de praças e residências. O palmito extraído da gema apical e a polpa extraída dos frutos são os produtos principais, de uso corrente na alimentação. Além destes, o tronco é usado na construção de cercas, casas e abrigos rústicos; as raízes são utilizadas na medicina caseira e os caroços, depois de curtidos são usados como substrato para o plantio das mais diversas espécies vegetais, principalmente em jardins.
Para a extração do palmito a palmeira tem que ser eliminada. Ele não chega a compor 2% da matéria verde, porém, mais de 90% da biomassa é devolvida à natureza, enriquecendo o solo da floresta. Na extração da polpa, menos de 20% do fruto é aproveitado e o resíduo, isto é, o caroço, é lançado no ambiente, constituindo-se em incômodo tanto para os donos dos pontos de venda quanto para a prefeitura local.
Embora seja de composição química pobre, o caroço é muito útil para a estruturação física de substratos do qual faça parte. As espécies cultivadas no substrato contento caroço de açaí apresentam sistema radicular bem desenvolvido e o peso do recipiente é bem inferior ao daquele no qual se utiliza apenas a terra.
Na Embrapa Amapá os caroços de açaí já são utilizados em substratos para produção de mudas, com excelentes resultados. A redução do peso dos recipientes facilita a execução das operações de transporte das mudas, com reflexos positivos no custo das mesmas.
A trituração dos caroços, logo após a extração da polpa, facilita o processo de compostagem, permitindo o uso, como substrato para plantas, 120 a 150 dias após.
De acordo com estudos já realizados, só em Macapá e Santana existem mais de 500 pontos de venda de "vinho" de açaí, que despolpam, em média, três sacas de 60 Kg de frutos de açaí. Assim, diariamente, são lançados, como resíduo, em torno de 70 toneladas de coroços, que se triturados e transformados em composto poderiam servir de substrato para mudas de fruteiras, vasos e canteiros de plantas ornamentais e, quem sabe, até para estimular a produção de verduras, concretizando, finalmente, a implantação do cinturão verde de Macapá e Santana.