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LEGUMINOSAS ARBÓREAS: avaliação do estabelecimento de mudas sem proteção em pastagens com a presença de animais



Sebastião Manhães Souto
O interesse pelas árvores para associação com pastagens começou a manifestar-se nos últimos trinta anos. Em diversos países, a sustentabilidade das áreas de pastagens naturais e de outros sistemas agrícolas vem sendo  ameaçada pela retirada de árvores para atender as necessidades crescentes na obtenção de madeira, lenha e forragem.

  O reconhecimento do papel que espécies arbóreas e arbustivas podem exercer na reabilitação dessas áreas tem sido uma das principais causas desse interesse. Em regiões tropicais e subtropicais fica cada vez mais evidente que as árvores são necessárias para melhorar a produção, qualidade e a sustentabilidade das pastagens. Essas árvores, no ecossistema de pastagem podem resultar em vários benefícios para os componentes clima, solo, microrganismos, plantas forrageiras e animais, principalmente se forem utilizadas espécies arbóreas com as características requeridas para esse fim.
 Diversas informações da literatura indicam enriquecimento do solo de pastagens, através da deposição gradativa de biomassa, em áreas sob a influência das copas de árvores. Essas informações, são mais evidentes em solos de baixa fertilidade do que em solos de fertilidade mediana a alta, além do efeito parecer maior no caso de leguminosas arbóreas que possuem a capacidade de fixar o nitrogênio  do ar. Mesmo nos rebanhos adaptados às condições tropicais, alguns estresses ambientais podem prejudicar o desempenho dos animais e a presença de árvores nas pastagens pode amenizar estes efeitos. Assim, a seleção de espécies arbóreas para implantação em pastagens sem que haja necessidade de proteção das mudas, poderá reduzir o custo da arborização e permitir a introdução destas espécies dentro das condições de baixa rentabilidade do setor, especialmente para a pecuária extensiva.

 Foram feitas avaliações em 16 espécies de leguminosas arbóreas (“Acacia auriculata”-Acacia auriculiformis; “Albizia”-Pseudosamanea guachapelle; “Angico Vermelho”-Anadenanthera macrocarpa; “Canafístula”-Peltophorum dubium; “Coração de Negro”-Albizia lebbeck; “Gliricídia”-Gliricidia sepium; Guapuruvú-Schizolobium parahyba;  “Jacarandá Bico de Pato”-Machaerium hirtum; “Jurema Branca”-Mimosa artemisiana; “Jurema Preta”-Mimosa tenuiflora; “Leucena”-Leucaena leucocephala- “Mulungú”-Erythrina verna; “Mulungú do Alto”-Erythrina poeppigiana ; “Olosericea”-  Acacia holosericea; “Orelha de Negro’-Enterolobium contortisiliquum; “Sabiá”-Mimosa caesalpiniifolia)  introduzidas, através de mudas sem proteção e sem a exclusão dos animais, em pastagens de Braquiaria e de Cynodon Tifton-85 em sete locais, sendo quatro na baixada do município de  Seropédica-RJ e três nos municípios de Valença e Itatiaia, na região serrana do estado do Rio de Janeiro.
 O estudo mostra que independente dos locais, cada espécie arbórea apresentou comportamento similar relacionado ao crescimento das árvores  e sua reação ao pastejo. As leguminosas Leucaena, Jurema Branca, , Jurema Preta,  Albizia, Coração de Negro, Sabiá  e Orelha de Negro, por apresentarem plantas com maior % de sobrevivência, têm potencial para serem introduzidas em pastagens de capim braquiária e Tífton 85, sem que haja necessidade de proteção das mudas e exclusão dos animais dos pastos. As duas Juremas por apresentarem também as maiores taxas de crescimento na altura e nos diâmetros do caule e da copa e menores porcentagens de plantas pastejadas também podem ser consideradas como melhores produtoras de serapilheira, enquanto a Leucena mostrou ser também a leguminosa com maior potencial como produtora de forragem, desde que bem manejada. A Gliricídia, por ter sido altamente pastejada demonstrou potencial para ser aproveitadas na formação de bosques e bancos de proteína; o grupo formado pelas leguminosas, Mulungu, Angico Vermelho, Guapuruvu e Mulungú do Alto, não resistiram ao sistema de manejo implantados nas propriedades e nem a competição das gramíneas; as leguminosas Jacarandá Bico de Pato e Canafístula foram pouco pastejadas, mesmo assim, não se estabeleceram em competição com as gramíneas.

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