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O Arroz Brasileiro e o Presidente


Fernando Lopa

Ao ler a matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, de 06/10/2005, sob o título "Governo resiste e não compra mais arroz" , não pude deixar de fazer as considerações abaixo.

            Mais uma vez , nosso presidente, apesar da boa vontade, aparenta ser despreparado para ser um líder de governo, e para completar, continua sendo "aseçorado" ou enfeitiçado pelo Sr. José Graziano, que mostra total desconhecimento sobre o assunto agronegócio, principalmente na área do arroz .  Desconhecimento este, confirmado há semanas atrás, quando divulgou relatório ao presidente onde afirmava que o agronegócio no Brasil estava muito bem. Sem comentários ..... ele deve viver em outro Brasil.

            Agora leio: "Auxiliares de Lula, como Palocci e o assessor da presidência José Graziano, disseram que seria inútil gastar mais devido à facilidade de entrada do arroz do Uruguai no Rio Grande do Sul. Os grandes produtores são os mesmos. Têm propriedades em solo uruguaio e gaúcho."

            Prezado "aseçor expesial da presidenssa", o problema do Mercosul, não está na sua produção em si, pois uma simples olhadela, no próprio site do Ministério da Agricultura,  mostra que a produção total do Uruguai e Argentina (cerca de 2.300 mil ton), retirado o consumo interno, seria suficiente para abastecer 40 dias do consumo no Brasil. Há esqueci ! Não precisas dessas estatísticas para "aseçorar" nosso presidente, você já sabe tudo.....como vimos pelo seu desempenho quando dirigia o Fome Zero...

            O problema do Mercosul está na entrada do arroz na hora errada no Brasil, junto ao início da safra brasileira, a preços mais competitivos, não por incompetência de nossos produtores, mas sim pelas desigualdades tributárias entre os paises que fazem com que os produtores de lá adquiram vários de seus insumos e a totalidade de suas máquinas a preços 40% menores que aqui no Brasil, por isso a briga pelas salvaguardas, não para impedir a entrada de arroz dos países vizinhos, mas para regularizar sua entrada, evitar o contrabando pelo aumento da fiscalização, garantir a qualidade fitosanitária do produto importado e manter os preços internos em patamares que cubram os custos de produção aqui no Brasil, mantendo o produtor no campo.

            Nesse ano safra, o problema se agravou em níveis insustentáveis, devido à produção brasileira de arroz ter ultrapassado o seu consumo interno (meta buscada por todos os países no mundo, já que o arroz é alimento básico de subsistência), mas aqui no Brasil , temos que ler que nosso presidente diz, conforme o Jornal Folha de São Paulo:

                        "Fazendo alusão a uma famosa marca de arroz do tipo 1, de alta qualidade, Lula brincou ao bater o martelo no Palácio do Planalto.

                        - O povo que pagava R$ 12 pelo saco de 5 kg está pagando R$ 7 para comer arroz de primeira. Vamos dar vez ao pobre - afirmou."

            Para completar se vangloria em dizer, em palanques, que o arroz (e a carne) está no mesmo preço que quando assumiu o governo, sem se importar se a matriz produtiva, vendendo arroz a R$ 7, irá se desmantelar ou não, afinal ano que vem tem eleição. Nosso presidente "brinca" de estadista e não consegue enxergar que faria, realmente, bem aos "pobres" se executasse uma política que garantisse preços compatíveis com a manutenção do produtor de arroz na atividade, pois mantendo nossa produção, poderemos fazer frente aos possíveis especuladores do mercado internacional e garantir o produto aos brasileiros, no máximo, a preços de paridade no mercado internacional regular, evitando assim que "os pobres" fiquem anos sem comer arroz.

 Infelizmente, mais uma vez, somos obrigados a ver que nosso "Estadista" e seus "aseçores", por força de demagogia eleitoral, esquecem que no mundo os estoques mundiais de arroz caem a 5 anos seguidos, os maiores vendedores de arroz para o Brasil, não comem arroz e podem manipular os preços para colocar o arroz aqui a preços que farão sentirmos saudades dos R$ 12. O imediatismo eleitoral de hoje pode custar muito caro amanhã.

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