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O nós, contra eles na degradação das terras


Alexander Silva de Resende

As estimativas sobre as áreas degradadas no Brasil variam a depender da fonte, mas em geral ficam entre 20 e 40 milhões de hectares. Mas será que todas as áreas degradadas devem ser recuperadas da mesma forma? Separar essas áreas por sua nova vocação não seria interessante para corrigir os erros do passado e dar novo sentido a restauração? Buscando uma classificação simplista, temos pelo menos dois objetivos principais quando falamos em recuperação dessas áreas:

1 – Áreas que podem ser incorporadas ao processo produtivo novamente;

2 -Áreas que devem ser destinadas a preservação ambiental.

Entendo que definir o que está ou não degradado a partir de imagens de satélites e mapas já é uma tarefa difícil, separa-las nessas duas classes é ainda mais complexo!

Mas a Embrapa fez um esforço de categorização (link abaixo) e encontrou valores entre 20 e 30 milhões de hectares de pastagens degradadas com alto potencial de uso agrícola (30% da área utilizada na agricultura anualmente) e de 5 a 10 milhões de hectares com baixo potencial de uso agrícola. Neste último caso, seja pelos elevados custos para torna-las economicamente viáveis novamente, seja pela fragilidade ambiental de onde se encontram, seja pela topografia ou por margearem ou comporem a zona de recarga de corpos hídricos, ou pela logística dificultada.

As condições que geraram a degradação extrema, certamente foram provenientes de realidades de conhecimento distintas das que vivemos hoje, pois tenho dificuldade de acreditar que alguém degrada suas terras de forma proposital!

Mas o que importa é o que podemos fazer daqui para frente!

E, ao meu ver o ponto que separa ambientalistas e o agronegócio talvez seja justamente o que deveria uni-los. Existem áreas degradadas que podem retornar ao processo produtivo e existem áreas cuja vocação atual é a de produzir água, atrair polinizadores, evitar a erosão, acumular carbono, embelezar ambientes, criar microclimas favoráveis, abrigos para a fauna regional, adequar a propriedade à legislação ambiental... enfim... uma série de serviços ambientais só percebidos quando deixam de existir...

Apontar onde estão essas áreas degradadas dentro da propriedade pode ser uma importante função do CAR (Cadastro Ambiental Rural), indicando se a nova vocação da área dentro da propriedade é a de preservação ambiental ou de produção agropecuária. Um consenso sobre isso e a validação do CAR poderia ajudar a dar escala na restauração no Brasil e acabar com essa discussão sem fim do nós contra eles.

Um forte abraço.

Para saber mais sobre esse trabalho da Embrapa acesse o link:

Brasil possui 28 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial para expansão agrícola

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