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SOJA – Ferrugem asiática sob domínio agronômico


Antonio Mauro Rodrigues Cadorin
A cultura da soja [Glycine  max (L.) Merr.], ocupa posição destaque no agronegócio brasileiro. As exportações no ano de 2012 estão previstas para atingir 34,00 milhões de toneladas, correspondendo a US$ 21.132 milhões (Abiove, 2012). A partir do ano de 2000 se constatou que as doenças estão entre os principais fatores que reduzem qualidade, produção e produtividade da soja, muito especialmente a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd.), considerada hoje a doença mais importante da cultura. A sua primeira ocorrência de maneira significativa no Brasil foi em 2001 e até a safra 2006/2007 as perdas pela ocorrência esta doença foram superiores a US$ 10 bilhões (EMBRAPA, 2008).


A ferrugem-asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd., sendo uma das doenças mais severas que incide na cultura da soja, com danos variando de 10% a 90% no potencial produtivo da cultura nas diversas regiões geográficas onde foi relatada (SINCLAIR; HARTMAN, 1999; YORINORI et al., 2005). Os sintomas iniciais da doença são pequenas lesões foliares, de coloração castanha a marrom-escura. Na face inferior da folha, pode-se observar urédias que se rompem e liberam os uredósporos. Plantas severamente infectadas apresentam desfolha precoce, que compromete a formação, o enchimento de vagens, qualidade e o peso final do grão. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho do grão e, consequentemente, maior a perda de rendimento e de qualidade (YANG et al., 1991).

Na figura abaixo (gráfico) mostramos a distribuição dos relatos de ferrugem por Estado do Brasil, detectados até o dia 16 de fevereiro de 2012 referentes às últimas três safras agrícolas, segundo o Consórcio Antiferrugem.  Onde podemos verificar um declínio acentuado nas ocorrências desta patogenia, fruto da combinação entre as condições ambientais e tecnologias agronômicas desenvolvidas e adotadas no manejo desta doença para a cultura da soja.



Para a ferrugem da soja, bem como para outros patossistemas o controle integrado com o uso conjunto de todas as medidas disponíveis para o manejo das doenças numa cultura tendo-se como foco a sustentabilidade do sistema e a preocupação econômica. Por outro lado, manejo integrado de doenças preconiza o uso de todas as medidas de controle disponíveis tendo-se em mente a preocupação econômica, social e ecológica do tratamento.

Dentro desta visão para reduzir o risco de danos à cultura, as estratégias de manejo recomendadas para essa doença são: a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada, a eliminação de plantas de soja voluntárias e a ausência de cultivo de soja na entressafra por meio do vazio sanitário, o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura, a utilização de fungicidas no aparecimento dos sintomas ou preventivamente e a utilização de cultivares resistentes, quando disponíveis (TECNOLOGIAS, 2010).


O controle da ferrugem se baseia no uso de fungicidas do grupo dos triazóis e estrobilurinas. Atualmente, ao redor de 70 fungicidas possuem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle dessa doença. Outra estratégia de controle que tem se notabilizado recentemente é o uso de cultivares com algum nível de resistência à doença. A resistência é um processo natural em que a planta é capaz de expressar respostas morfológicas, fisiológicas e bioquímicas que atuam de forma a impedir (resistência vertical) ou desacelerar (resistência parcial) o processo infeccioso (AGRIOS, 2005). A obtenção de cultivares com resistência vertical à ferrugem asiática tem sido um grande desafio para pesquisa. Genes dominantes para resistência (Rpp1 - Rpp4), identificados em introduções de plantas (PI’s) e cultivares, são relatados na literatura (Bromfield & Hartwig, 1980). A recente incorporação de genes de resistência em cultivares comerciais resultou no lançamento de materiais como a soja Inox® e BRSGO 7560® (SOUZA et al., 2009), na região centro-oeste do Brasil. No entanto, a estabilidade dessa resistência é duvidosa, devido à grande variabilidade do patógeno. Segundo concluiu o Prof. Dr  Balardin (BALARDIN et al, 2009)O uso de cultivares com algum nível de resistência parcial deve ser preconizado por possibilitar ao agricultor maior flexibilidade no posicionamento das aplicações de fungicida.

De acordo com o agrônomo Sérgio Suzuki, superintendente da Tropical Melhoramento & Genética (TMG) para a região do Cerrado – que desenvolveu a tecnologia soja Inox® em parceria com a Fundação Mato Grosso (FMT). A primeira geração da soja resistente à ferrugem começou a ser plantada em outubro de 2009 e reduziu notavelmente os prejuízos causados pela doença nas lavouras de Mato Grosso. Já está em desenvolvimento a segunda geração da tecnologia, que vai combinar dois genes diferentes de resistência atuando juntos. E encontra-se também em fase de desenvolvimento a terceira geração da tecnologia, que vai combinar dois genes de resistência com um gene de tolerância.

Pelo exposto temos a comprovação da resposta rápida da pesquisa agronômica pública e privada do Brasil, conseguindo uma solução eficaz para um problema fitossanitário da principal cultura (Commodity) na balança econômica do agronegócio brasileiro. Neste cenário assumimos a posição de segundo maior produtor mundial da oleaginosa e com um futuro bastante promissor para chegar a liderança, graças a nossa condição edafoclimática, existência de fronteiras agrícolas especialmente no cerrado e norte do Brasil, de forma destacada pela tecnologia agronômica que temos gerado e aplicado com uma elevada consciência de produção e produtividade fundamentada nos pilares da sustentabilidade social, econômica e ambiental.

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