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Teste de performance / Prova de ganho de peso


Gustavo Fonseca de Almeida

É o método de seleção pelo qual o animal é avaliado considerando-se seu próprio desempenho. É indicado para características de herdabilidade alta ou moderada, na qual o desempenho individual indica, com relativa precisão, o seu valor genético.

A literatura consultada (GIANNONI & GIANNONI, 1987 e PEREIRA 1996) reconhece que a maioria das características economicamente importantes, em pecuária de corte, é de herdabilidade alta ou moderada e de fácil mensuração com o animal vivo.

Taxa de crescimento, pesos e ganhos de peso às várias idades são exemplos de características freqüentemente utilizadas para a avaliação do desempenho individual, além da determinação, em certos casos, da conversão alimentar, restrita por sua difícil mensuração.

O teste de performance permite uma avaliação mais precoce do reprodutor, com reflexos importantes na definição do programa de seleção. Uma vantagem importante é a possibilidade de proporcionar intensidade de seleção alta e, consequentemente, bons ganhos genéticos.

Os testes de performance são mais conhecidos como provas de ganho de peso, que podem ser conduzidas em fazendas ou em estações centrais de avaliação.

Estações centrais são unidades onde animais originados de diferentes fazendas são reunidos e tratados sob condições padronizadas e uniformes de meio ambiente (nutrição, manejo e sanidade).

Segundo TROVO & RAZOOK (1995), as avaliações genéticas são conduzidas em dois níveis: Entre e dentro de rebanhos. As avaliações dentro de rebanhos têm por objetivo obter os valores genéticos de vacas e bezerros. As avaliações entre rebanhos têm por finalidade obter o mérito genético dos reprodutores, utilizando as informações de parentesco e de desempenho individual obtidos em vários plantéis.

Nas avaliações entre rebanhos, geralmente destinadas a produzir sumários de touros, torna-se necessário que existam dados comparáveis de desempenho e de parentesco entre animais, o que requer a formação dos grupos contemporâneos conectados geneticamente, tornando os dados de parentesco comparáveis (TROVO & RAZOOK, 1995).

Se animais de um mesmo grupo contemporâneo não possuírem ancestrais em comum a animais pertencentes a outro grupo, não é possível a comparação justa dos desempenhos de indivíduos de grupos diferentes. Desse aspecto é que advém a grande importância das provas de ganho de peso. Dessa forma, afim de que se possa comparar o desempenho de animais criados em vários rebanhos, torna-se necessário a formação de grupos de manejo, o que é possível nas provas de ganho de peso pelas quais animais mantidos num mesmo ambiente, por um período suficientemente longo de tempo, têm a possibilidade de serem comparados para a determinação de seus valores genéticos. Segundo TROVO (1994), esta é uma das finalidades das provas de ganho de peso que, portanto, se constitui em instrumento valioso mediante o qual avaliações entre rebanhos podem ser conduzidas com o objetivo de identificar os melhores animais para características relacionadas ao potencial de crescimento e à qualidade de carcaça.

As provas de ganho de peso de maior importância na região centro-oeste são as de Sertãozinho, no interior de São Paulo, e a de Uberaba, no triângulo mineiro. Essas provas tem o mesmo objetivo e se diferenciam pelo fato de Uberaba realizar provas de ganho de peso com animais estabulados, somente no pasto ou associados no pasto e estabulados, enquanto que Sertãozinho só realiza a prova com animais confinados.

O objetivo básico das provas de performance em estações centrais é o de melhorar a eficiência de produção de carne. Para tanto, é importante ter o conhecimento biológico das características a selecionar, bem como da estratégia de ação a ser adotada na identificação dos melhores genótipos para tais características. Entre as mais importantes a se avaliar merecem destaque especial:

· Taxa de crescimento

É importante pela estreita relação com a eficiência em ganho de peso e com os custos de produção de carne. Pode ser avaliada entre pesos vivos definidos, entre idades definidas, entre períodos fixos ou pela combinação das três alternativas.

· Eficiência de conversão alimentar

A alimentação animal é responsável por 60 - 90% dos custos de produção de carne. Portanto, o melhoramento genético na eficiência da conversão alimentar contribui para reduzir significativamente o custo de produção de carne. Pode ser estimada através da diferença de peso num mesmo animal após um período de alimentação em que se conheça as quantidades fornecidas. Deve ser medida em quantidade de alimento (kg) necessário para que o animal ganhe um kg de peso vivo. Entretanto, esta é ainda uma medida difícil de ser tomada nas condições das provas de ganho de peso em vigência no Brasil.

· Qualidade da carcaça

A qualidade da carcaça depende do mercado consumidor, da cultura predominante e da faixa de renda do segmento que se quer atingir. DIKEMAN (1990), demonstra quatro fundamentos que caracterizam a qualidade da carne:

Ê Qualidade visual ( cor, textura, relação músculo: gordura e marmorização)

Ë Qualidade organoléptica ( maciez, sabor, aroma e suculência)

Ì Qualidade nutricional ( proteínas, minerais, vitaminas, colesterol)

Í Segurança ( resíduos de hormônios, antibióticos, pesticidas, parasitas, etc)

A presença de uma camada uniforme de gordura na carcaça é muito importante durante o processo de resfriamento da carne e na manutenção de sua qualidade, pois impede que durante a queda brusca de temperatura, evidenciada nas câmaras frigoríficas, as fibras musculares sejam afetadas causando endurecimento da carne. A exigência de carne magra é, hoje, a condicionante principal da qualidade. Portanto, toda a cadeia produtiva deve estar ciente dos objetivos a serem alcançados, exigidos pelo mercado consumidor. Aos frigoríficos, premiar pela qualidade e padronização dos produtos, aos produtores cobrar mais por seus produtos desde que estejam seguindo uma determinada padronização na qualidade.

Segundo FELÍCIO (1993), do ponto de vista genético, reconhece-se que as raças de gado de corte diferem quanto às curvas de crescimento dos tecidos e , consequentemente, ao maior ou menos acúmulo de gordura ou ainda ao peso e espessura dos músculos ou cortes comerciais.

A avaliação da carcaça pode ser feita com o animal vivo através da técnica da ultra - sonografia, muito pouco difundida no Brasil, e com animais abatidos.

Medidas indiretas da qualidade de carcaça podem ser obtidas pela avaliação visual dos animais à desmama e ao sobreano, mediante o emprego de notas ou escores que variam de 1 a 5, para as características Conformação (C), Precocidade (P) e Musculatura (M).

A Conformação (C) avalia a quantidade de carne na carcaça. Os escores são atribuídos imaginando-se o abate do animal no momento em que se realiza a avaliação. Esta característica é influenciada pelo tamanho ( principalmente pelo comprimento) e pelo grau de musculosidade.

A Precocidade de terminação (P) avalia a capacidade do animal chegar a um grau de acabamento mínimo de carcaça, com peso vivo não muito elevado, exigido pelo mercado consumidor. Animais com maior profundidade de costelas, maior caixa toráxica de silhueta cheia, com virilhas pesadas e em início de deposição de gordura subcutânea, principalmente na base da cauda, indicam maior precocidade de terminação. Animais altos, esguios, sem caixa, com silhueta de gazela e extremamente enxutos são mais tardios. É importante combinar as precocidades de crescimento (ganho de peso) e de terminação para produzir animais equilibrados e obter a mesma classe de novilho num menor período de tempo.

A Musculosidade (M) avalia o desenvolvimento da massa muscular como um todo, observada em pontos como o antebraço, paleta, lombo, garupa e, principalmente, no traseiro. DEP's com CPM elevadas são desejáveis para uma maior e mais eficiente produção de carne em sistemas de ciclo curto ( SUMÁRIOS ALIANÇA, NATURA & CFM, 1999).

Vantagens da prova de ganho de peso

É importante como instrumento auxiliar em programas de melhoramento estimar o mérito genético de animais jovens, viabilizando sua utilização precoce nos rebanhos. Isso faz com que haja diminuição no intervalo de gerações na população selecionada, principalmente, pela redução da idade de início da utilização dos touros na reprodução.

Outra vantagem que merece destaque relaciona-se à uniformização das condições ambientais (alimentação e

manejo geral) que permite avaliar diferenças da natureza genética entre animais de diferentes fazendas para as características economicamente importantes em gado de corte. Características de difícil avaliação em condições de fazenda, conversão alimentar, por exemplo, podem ser avaliadas corretamente.

Além das vantagens acima citadas, existe a importância fundamental de uma ação educadora para os criadores, ajudando-os a compreender a natureza das diferenças genéticas entre animais, bem como a importância da correta e devida alimentação e do manejo adequado.

Desvantagens da prova de ganho de peso

Efeitos residuais da fazenda de origem dos animais podem persistir ao longo do teste de performance, tornando as comparações difíceis e pouco confiáveis.

Efeitos residuais são aquelas diferenças de manejo e alimentação entre os animais oriundos de diferentes fazendas e que trazem reflexos no desenvolvimento dos animais, quando testados em estações centrais. Para reduzir estes efeitos, a tendência atual é utilizar, nas estações centrais de avaliação, animais recém nascidos ou à idades mais jovens.

Outra desvantagem que merece ser citada é a redução do número potencial de animais a testar nas condições de

fazenda, visto que somente parte deles pode ser testada em estações centrais.

Se o objetivo é produzir carne com animais no pasto, como predomina nos países tropicais, há evidências, na literatura, de que os melhores genótipos em estações centrais podem não ser em condições de pasto, visto ser baixa a correlação genética entre os ganhos nestes dois ambientes. Este aspecto merece investigação especial quanto a validade das provas de ganho de peso em estações centrais, tendo em vista que o sistema extensivo de produção domina o cenário da criação de bovinos de corte nos países tropicais.

Outro tópico que merece destaque é a padronização dos níveis de energia fornecidos na alimentação durante os

testes, de maneira que as diferenças de crescimento entre os animais possam refletir diferenças no seu potencial genético.

É isso meus amigos, tá ficando interessante não é?

Pois é, nos próximos capítulos tratarei de exemplificar e explicar as importâncias das características reprodutivas, como estudar a curva de crescimento dos animais, as formas corretas da avaliação genética dos animais, quais os programas de avaliação que estão em vigência no Brasil, o que são DEP's, como usá-las e para que servem entre outros, com o objetivo, já explicado nos capítulos anteriores, de facilitar o entendimento do melhoramento genético por parte dos produtores.

Grande semana para vocês e que Deus ilumine a cabeça de nossos políticos para que a honestidade seja estabelecida e que trabalhem para o crescimento de nosso tão querido país.

See you later, mate!!

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