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Semente de soja RR deverá custar caro


Aroldo Gallon Linhares
Ansiosamente esperada pelos produtores, a possibilidade de uso legal da soja RR (tolerante a glifosato) recebeu um duro golpe com a notícia do valor sobre a semente a ser cobrado pela empresa detentora da tecnologia.
No Rio Grande do Sul, tivemos cerca de seis anos de plantio clandestino, período em que reinaram a pirataria e a desinformação, com prejuízos incalculáveis aos agricultores e ao erário público – no qual há falta de recursos até mesmo para a educação. A derrocada do segmento de produção de semente e perdas no recebimento e armazenamento de soja pelas cooperativas são, talvez, os parâmetros mais visíveis dos estragos causados pela onda das transgênicas contrabandeadas.

Ante a iminência de aprovação de uma legislação saneadora e a partir da decisão corajosa do senhor Presidente da República, empresas nacionais de pesquisa puderam dar sequência ao trabalho - até então represado e alvo até de ações dignas da Idade Média, gerando materiais adaptados e com a responsabilidade de quem tem compromisso com o persistente e corajoso agricultor brasileiro. Sementes dessas promissoras cultivares estarão disponíveis aos agricultores nas próximas safras.
As perspectivas de ganhos de produção com a tecnologia RR em cima das variedades brasileiras certamente traria grandes benefícios ao país – o futuro era otimista.
Entretanto, a ser verdadeira a notícia de que a empresa detentora da tecnologia estaria exigindo para si R$ 0,88 sobre cada quilograma de semente a ser comercializada, elevando o preço de um saco de 40 kg de semente para cerca de R$ 100,00, trouxe perplexidade e indignação a quem participa ou entende um pouco de agricultura ou dela depende. Como a semente representa parcela expressiva no custo de produção da lavoura, o gravame causado pelo adicional da empresa proprietária da patente, irá repercutir de forma muito negativa para o setor de produção de semente e para os próprios agricultores.
A ser confirmada essa pretensão, vai por água abaixo a expectativa de substituição das variedade piratas pelas geradas tão arduamente pela pesquisa brasileira. Fica, também, frustrada a expectativa dos produtores de semente de soja do RS de começarem a se recuperar, após anos de vacas magras. Com isso, exploradores e picaretas devem estar esfregando as mãos – o mercado ilegal agradece.

A grande pergunta que se faz é qual a razão dessa voracidade? Logo agora que a proprietária da tecnologia poderia aumentar sua participação nos direitos gerados por empresas idôneas e contribuintes de impostos, cenário em que haveria uma série de vantagens. Por que esse valor que todos ligados ao setor da produção clamam ser absurdo? Qual seria a justificativa para isso?
Sem dúvida, em melhor situação estarão os produtores de outros estados que dispõem de semente de soja convencional e não ficaram dependentes apenas da soja RR. Ponto para eles.

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