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Velha lição na agricultura


Aroldo Gallon Linhares
No afã de prover seu alimento, o homem buscou as alternativas que se lhe estavam à mão. Caçou e domesticou animais, explorou áreas de mato ou de florestas, drenou ou irrigou várzeas e vales, selecionou vegetais e, nas sociedades que mais evoluíram culturalmente, procurou criá-los ou produzi-los de forma contínua.


Para conseguir isso, houve necessidade de aportar nutrientes ao solo exaurido pela atividade de produção. Assim, qualquer material orgânico possível era colocado nas glebas produtivas – estrume, palhada, etc.

Mesmo assim, com o crescimento populacional e o início do processo de urbanização da sociedade humana, esse sistema tornou-se insuficiente para atender a uma demanda sempre crescente.

Fato expressivo ocorreu na agricultura, na Europa, no período conhecido como Idade Média. Após vários ciclos de muita fome e muita miséria, registros históricos relatam um período de prosperidade. Segundo consta, atribuído a uma alteração no sistema produtivo, a qual constou da substituição da prática bienal (metade cultura + metade pousio) pela prática da rotação de culturas, com a introdução do sistema trienal (um terço cultura + um terço outra cultura + um terço pousio). Evidentemente, outras “modernizações” paralelas ocorreram para dar suporte às novas formas de produção.

O fato que se quer ressaltar é que a rotação de culturas passou a integrar o processo agrícola, trazendo benefícios cada vez mais valorizados. É mais complicado? Sem dúvida. Algumas regiões apresentam limitações climáticas para as culturas alternativas. Sim, qual outra cultura, atualmente, rivaliza com a soja em facilidade de cultivo e de comercialização? No entanto, os produtores que incluíram o milho, por exemplo, colhem as vantagens da rotação entre essas duas culturas.

É possível produzir economicamente a mesma cultura na mesma área todos os anos? Até um ponto, sim. Cerca de trinta anos atrás, agricultores americanos do norte, em visita a um produtor de Passo Fundo, admiraram-se por ele ainda obter rendimentos crescentes após doze anos de cultivo sucessivo de soja. Nas condições ambientais deles, doenças que afetavam a cultura tornavam isso inviável.


Novidade na Idade Média, a rotação de culturas, nos dias atuais, atende ao apelo da sustentabilidade. Os benefícios do sistema biológico do solo, decorrentes de uma rotação de culturas equilibrada, seguramente contribuem para a redução de produtos químicos aplicados ao solo ou às plantas. Hoje, tanto do ponto de vista ambiental como do econômico, essa contribuição, para quem pode dela usufruir, não deveria ser desprezada.

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