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Preços mundiais do arroz sobem

Em agosto, os preços mundiais do arroz subiram devido à redução da oferta


Foto: Arquivo Agrolink

De acordo com as últimas estimativas da FAO, a produção mundial em 2019 teria sido de 754,3 milhões de toneladas (500,8 Mt base beneficiado), queda de 1,1% em relação a 2018. Para 2020, as projeções indicam uma recuperação de 1,7% a 766,9 Mt (509,2 Mt base beneficiado). Espera-se um aumento da produção chinesa e indiana graças à ampliação das áreas plantadas e às melhores condições climáticas.

No Sudeste Asiático, principalmente na Tailândia, espera-se um aumento da produção, mas menor do que o inicialmente previsto devido à seca que afetou a segunda safra em meados do ano. No resto da sub-região, a produção deverá permanecer relativamente estável. Na África Subsaariana, e principalmente nas regiões ocidentais, as chuvas foram abundantes favorecendo o desenvolvimento das lavouras. Mas as inundações recentes, as piores em 60 anos, podem afetar as colheitas que começarão nas próximas semanas. 

As perspectivas de aumento da produção africana em 2,9% podem ser revistas para baixo. No Mercosul, a safra 2020 foi positiva, marcando um aumento da produção global de 3% em relação a 2019. Nos Estados Unidos, também, as safras devem melhorar graças ao aumento das áreas plantadas. Mas há incertezas devido ao mau tempo durante a época da colheita.

Comércio mundial

Em 2019, o comércio mundial caiu 9% para 44,1 Mt contra 48,5 Mt em 2018. Os principais importadores asiáticos, com exceção das Filipinas, reduziram suas demandas de importação. As importações africanas também teriam sido menores em 2019, apontando para 16,7 Mt contra 16,9 Mt em 2018. Para 2020, novas projeções foram diminuidas e apontam para uma recuperação de apenas 0,6% para 44,3 Mt. Dentro desta relativa estabilidade do comércio mundial, há, na verdade, contrastes do lado da oferta. As exportações tailandesas devem cair novamente em 15%, marcando o menor nível dos últimos
20 anos e até mesmo perdendo, a favor do Vietnã, o segundo lugar como maior exportador mundial. Em contraste, a Índia deve registrar uma recuperação de 10% em suas exportações, consolidando assim
sua liderança mundial.

As primeiras projeções para 2021 indicam, por enquanto, um aumento significativo no comércio mundial de 6,3% para 47,1 Mt, ou seja, 2,8 Mt a mais do que em 2020. Os estoques mundiais de arroz ao final de 2019 aumentaram 4,7% para 184,6 Mt contra 176,3 Mt em 2018, atingindo seu nível mais alto. Essas reservas representam 37% das necessidades mundiais.

A melhora adicional se deve principalmente ao aumento das reservas na China e na Índia, bem como na Indonésia. Os países exportadores também teriam aumentado suas reservas em 2019 para 45 Mt, o
equivalente a 25% dos estoques mundiais. As estimativas para 2020 indicam uma ligeira redução de 0,6% para 183,5 Mt. Essa contração poderia continuar em 2021 com uma projeção de 182,2 Mt, ou seja, 0,7% a menos que em 2020.

Tendências do mercado

Em agosto, os preços mundiais do arroz subiram devido à redução da oferta. Os preços subiram especialmente no Vietnã e na Tailândia, onde as disponibilidades são mais escassas raras e estão sob
pressão da demanda de importação de países do sudeste asiático e da África, a qual começa a se reativar. As necessidades de importação dos países africanos podem aumentar nas próximas semanas devido às inundações sem precedentes nas regiões ocidentais do continente. No início de setembro, os
preços mundiais haviam subido em média 20% em relação ao início de janeiro. Na Ásia, as colheitas da segunda safra foram afetadas pela seca, principalmente na Tailândia.

No Paquistão, a colheita principal, que começa em setembro, pode ser atrasada devido ao excesso de chuvas. Nos Estados Unidos, todas as regiões produtoras de arroz foram afetadas por más condições climáticas, que podem interferir nas colheitas atuais. No Mercosul, as ofertas serão reduzidas nos próximos seis meses. Os mercados estão monitorando de perto a evolução da oferta global, à medida que as principais colheitas no hemisfério norte começam, o que continuará ao longo do resto do ano. China e Índia, os dois maiores produtores mundiais, deverão aumentar sua produção graças à expansão da área de arroz e às melhores condições climáticas.

Em agosto, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 5,7 pontos para 229,0 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 223,3 pontos em julho. No início de setembro, o índice IPO se mantinha em torno de 230 pontos.

Na Índia, os preços do arroz enfraqueceram e permanecem os mais competitivos do mercado, atraindo o interesse de compradores, principalmente africanos. Estes tendem a se desinteressar pelo arroz tailandês e vietnamita, cujos preços aumentaram consideravelmente. Os preços indianos estão se tornando a principal referência nos mercados asiáticos. As exportações mensais continuam em bom ritmo e podem aumentar 10% em 2020, atingindo 10,8 Mt, ante 9,8 Mt em 2019, confirmando assim seu primeiro lugar no mundo.

Em agosto, o arroz indiano quebrado 5% foi cotado a US$ 378/t Fob contra $ 384 em julho. No início de setembro, o preço se mantinha em torno de $ 375. O arroz indiano 25% caiu 3,5%, para $ 350 contra $ 363 anteriormente. Na Tailândia, os preços de exportação aumentaram em média 5,5% devido aos problemas de abastecimento interno enfrentados pelos exportadores. A demanda dos países da África e da Ásia eleva os preços tailandeses e a falta de competitividade tem impacto nas vendasexternas, que teriam diminuído 10% em relação a julho e 32% em relação à mesma época do ano passado. Em 2020, os exportadores tailandeses estimam um volume de vendas externas de 6,5 Mt, o nível mais baixo dos
últimos vinte anos. Em agosto, o preço do arroz tailandês 100% B ficou em $ 490 contra $ 465 em julho. O Tai parboilizado também subiu para $ 488 contra $ 461 anteriormente. Por sua vez, o A1 quebrado Super permaneceu relativamente estável em $ 413 contra $ 411 em julho.

No início de setembro, os preços tendiam a cair um pouco devido à valorização do bath em relação ao dólar. No Vietnã, os preços de exportação têm sido altamente voláteis. Após queda de 7,5% em julho, aumentaram em média 10% em agosto. A disponibilidade da safra de verão/outono está diminuindo e ofertas maiores só começarão a chegar no final do ano. A forte demanda filipina é uma boa oportunidade para os exportadores vietnamitas. A estimativa é que as vendas externas tenham aumentado 30% em relação a julho, e agora mostram um atraso de apenas 2% em relação  ao ano passado na mesma época. Em agosto, o Viet 5% marcou $ 476 contra $ 431 em julho. O Viet 25% subiu para $ 456 contra $ 413 anteriormente.

No início de setembro, os preços começavam a diminuir ligeiramente. No Paquistão, os preços do arroz caíram novamente 3,5% e continuam enfrentando forte concorrência da Índia, cujos preços são os mais
competitivos do mercado. A nova colheita, que normalmente começa a chegar ao mercado durante o mês de setembro, pode sofrer atrasos devido ao mau tempo das últimas semanas. Em agosto, o Pak 25% era negociado a $ 364 contra $ 374 em julho. No início de setembro, os preços tendiam a subir.

Na China, as autoridades governamentais continuam a vender estoques de safras antigas. O arroz chinês está se tornando um sério concorrente da Tailândia, especialmente nos mercados africanos. Em 2020, as exportações chinesas podem ultrapassar 3 Mt contra 2,6 Mt em 2019. As disponibilidades exportáveis podem aumentar nos próximos meses graças a um aumento da produção de 2% este ano, seguindo uma política de preços de incentivo aos produtores, o que tem favorecido a expansão das áreas de cultivo.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação caíram 4% em um mercado menos ativo. Os preços estão enfraquecendo com a chegada da nova safra. No entanto, as más condições climáticas, que afetaram todas as regiões produtoras de arroz, geram incertezas sobre os volumes e a qualidade do arroz beneficiado. Em agosto, as vendas externas teriam caído novamente para 145.000 t contra 155.000 t em julho. O México continua a ser o seu principal cliente com 23% das exportações estadunidenses, seguido do Japão (16%) e do Haiti (11%). O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi em média $ 617/t contra $ 645 em julho. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz em casca aumentaram ligeiramente para $ 264/t contra $ 262 em julho. 

No início de setembro, eles tendiam a se fortalecer, registrando uma média de $ 271. No Mercosul, os preços de exportação permanecem estáveis e as vendas externas estão aumentando, especialmente no Brasil, onde estas poderiam ultrapassar mais de 1 Mt (base beneficiado) em 2020. O preço indicativo médio do arroz em casca brasileiro está atualmente em seu maior nível desde a crise de 2008. Em agosto, a média foi de $ 289/t contra $ 245 em julho. Contudo, no início de setembro, o preço disparou,
chegando a quase $ 400 sob pressão do mercado doméstico. Para conter os preços dos alimentos, o governo federal reduziu a tarifa de importação de arroz a zero, com uma cota de 400.000 t. Na África Subsaariana, a tendência geral é de preços domésticos estáveis graças à oferta constante nos mercados domésticos. O cultivo do arroz se beneficiou de boas chuvas, em particular nos países do Sahel.

No entanto, fortes inundações nas regiões ocidentais do continente estão afetando as colheitas que começarão nas próximas semanas. A demanda por importações de arroz seria reativada e poderia se fortalecer ainda mais durante o último trimestre do ano.

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