BNDES cobre só 20% das dívidas rurais no Rio grande do Sul
Farsul cobra mais recursos para crédito rural
Agrolink
- Seane Lennon
Foto: Canva
Em reunião com instituições financeiras que operam o Crédito Rural no estado, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) avaliou que os recursos disponibilizados pela MP 1314/2025 são insuficientes para atender à demanda de endividamento dos produtores rurais gaúchos. O levantamento confirma a projeção feita pela entidade quando a medida foi anunciada, em 5 de setembro. Segundo a Federação, o excesso de regulação para acessar os recursos também tem se mostrado um entrave para aliviar a situação do setor agropecuário no estado.
O encontro ocorreu nesta terça-feira (4), na sede da Farsul, e contou com representantes do Banco do Brasil, Banrisul, Sicredi e Sicoob. As instituições analisaram o andamento das tratativas para a efetivação dos acordos, as demandas e as dificuldades enfrentadas no Rio Grande do Sul. O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, afirmou que a Federação “sempre se pontuou pelo equilíbrio e naquilo que é exequível. Estamos vendo o esforço das instituições em cooperar para que o quadro seja revertido. Esse cenário de endividamento não interessa a ninguém, nem ao sistema financeiro, nem aos produtores”, declarou.
O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, destacou que os R$ 12 bilhões disponibilizados via BNDES não se restringem ao Rio Grande do Sul, mas são destinados a todo o país. “Fizemos um levantamento junto com as instituições financeiras e a necessidade de recursos para atender a carteira. Fazendo uma média ponderada, a linha do BNDES está atendendo 20% da demanda do que é elegível, ou seja, de cada R$ 5,00 da dívida, apenas R$ 1,00 é atendido”, descreveu.
“Além da escassez de recursos, existe um outro fator que é o formulismo. O excesso de regulação que gera uma enorme dificuldade de entender quem se enquadra, quem não se enquadra, porque existem várias normas que ora deixa uma pessoa enquadrada, mas na semana seguinte ela pode estar desenquadrada”, criticou o economista.
A Farsul defende duas medidas como fundamentais para enfrentar a situação: ampliar o volume de recursos destinados ao Rio Grande do Sul — estimado pela entidade em cinco vezes o valor atual — e simplificar as normas de enquadramento, consideradas excessivamente complexas e excludentes.