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SOJA: pouca alteração em Chicago

Entre 20/12/2019 e o dia 13/02/2020 tivemos o transcurso de 37 dias úteis em Chicago


Foto: Marcel Oliveira

Entre 20/12/2019 e o dia 13/02/2020 tivemos o transcurso de 37 dias úteis em Chicago. Neste período, quando estivemos de recesso, o bushel de soja saiu de US$ 9,28 no dia 20/12, subindo para US$ 9,44 no dia 02/01 (ponto mais alto do período), recuando posteriormente para US$ 8,72 em 31/01 (ponto mais baixo do período), e fechando neste dia 13/02 em US$ 8,96/bushel. Destaque para o fato de que desde o dia 27/01 o bushel trabalhou abaixo dos US$ 9,00, voltando aos níveis ocorridos no final de novembro do ano passado. No entanto, nesta segunda semana de fevereiro o bushel iniciou um processo de recuperação, indicando que o teto dos US$ 9,00 poderá novamente ser rompido na próxima semana. Para comparação, a média do mês de dezembro/19 ficou, para o primeiro mês cotado, em US$ 9,11/bushel, passando a US$ 9,17 em janeiro/20. Um ano antes (janeiro/19) a média havia sido de US$ 9,08. Ou seja, o mercado permaneceu muito estável em praticamente todo o ano de 2019, iniciando 2020 no mesmo ritmo.

Neste período de 37 dias três fatos no mercado externo mexeram com o valor do bushel. Em primeiro lugar, o acerto parcial (Fase Um) entre EUA e China em torno do litígio comercial entre os dois países, iniciado ainda em março de 2018. Este acordo, assinado em 15/01, deu certo alento ao mercado no final do ano, pois a China se compromete a comprar mais soja dos EUA daqui em diante. Entretanto, o governo estadunidense acabou anunciando que parte das tarifas aduaneiras sobre produtos chineses continuariam sendo cobradas até que a Fase Dois do acordo (a última) venha a ser assinada. E, por enquanto, as negociações a respeito apenas se iniciam. 

Em paralelo, os EUA atacaram militarmente posições do Irã, assassinando alto escalão do governo iraniano, fato que gerou tensões significativas na primeira quinzena de janeiro. Enfim, a partir da segunda quinzena de janeiro vem à tona o problema sanitário do coronavirus na China, o qual continua matando pessoas, agora já tendo se espalhado para outros países do mundo. Esta situação bloqueou parcialmente o comércio e a economia mundial, derrubando também as cotações das commodities em geral e da soja em particular. 

Entretempos o USDA anunciou seus relatórios mensais de janeiro e fevereiro, referentes a oferta e demanda mundial de grãos. Para a soja não houve grandes modificações em relação ao que já se tinha em dezembro. A produção da última safra estadunidense foi confirmada em 96,8 milhões de toneladas, contra 120,5 milhões um ano antes. Os estoques finais nos EUA, para 2019/20, ficam agora em 11,5 milhões de toneladas, contra 24,7 milhões no ano anterior. A produção mundial alcançaria 339,4 milhões de toneladas, contra 358,6 milhões no ano anterior, enquanto os estoques finais mundiais para o corrente ano seriam de 98,9 milhões, contra 91,8 milhões de toneladas um ano antes. 

Ou seja, mesmo com uma quebra consolidada de 23,7 milhões de toneladas nos EUA, as cotações em Chicago não subiram. Ao contrário, até mesmo recuaram. Isto se dá pela forte produção projetada para a América do Sul, a qual compensaria em boa parte a quebra estadunidense (Brasil, Argentina e Paraguai, somados, deverão produzir neste ano 187,9 milhões de toneladas, contra 181,1 milhões no ano anterior). Por outro lado, o que mais tem pesado no mercado é o fato de que a economia mundial, e particularmente a chinesa, as voltas com a peste suína africana e, agora, o coronavirus, não deverá apresentar crescimento importante, freando o consumo em geral (embora o USDA tenha passado as importações chinesas de soja para 88 milhões de toneladas no corrente ano comercial, contra 82,5 milhões no ano anterior).

Dito isso, nesta segunda semana de fevereiro melhorou o ânimo do mercado diante da possibilidade de que o avanço do coronavirus na China esteja sendo controlado e que a epidemia tenha um efeito menor do que o inicialmente imaginado. Além disso, a redução dos estoques finais estadunidenses, no relatório do USDA desta semana, auxiliou para um fortalecimento do mercado.

Já no Brasil, os preços da soja pouco evoluíram durante o período de 20/12/2019 a 13/02/2020. A média gaúcha no balcão, que era de R$ 79,13/saco em 19/12, passou para R$ 77,43 neste dia 13/02. Os lotes no Rio Grande do Sul giraram entre R$ 83,50 e R$ 85,00, enquanto nas demais praças os mesmos oscilaram entre R$ 72,50 em Sorriso, Querência, Canarana e Nova Xavantina (MT) e R$ 86,50/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 80,50 a R$ 82,50 no Paraná; R$ 71,50 em São Gabriel (MS); R$ 76,00 em Goiatuba (GO); R$ 78,00 em Pedro Afonso (TO); e R$ 79,50/saco em Uruçuí (PI).

Dos três fatores que mais influenciam a formação do preço da soja, dois deles se mantiveram em baixa. Trata-se da cotação de Chicago e do prêmio no porto. Apenas um, o câmbio, se manteve favorável à formação do preço da oleaginosa na medida em que a desvalorização do Real voltou a bater recorde nestes primeiros 13 dias de fevereiro. 

Assim, enquanto o bushel chegou a perder 6% de seu valor entre os dias 20/12 e 31/01, recuperando-se parcialmente em fevereiro, porém, ainda ficando abaixo dos valores de dezembro, os prêmios nos portos oscilam hoje entre US$ 0,52 e US$ 0,77/bushel, contra US$ 0,53 e US$ 1,05/bushel às vésperas do Natal passado. Isso representa um recuo de 27% no período de nosso recesso. 

Dito isso, o Real se desvalorizou bastante no período (ao redor de 8%), passando de R$ 4,06 para R$ 4,38/dólar. É graças a este câmbio que a soja ainda se mantém nestes patamares atuais. Para conhecimento, se o câmbio estivesse a R$ 4,00 neste momento, o saco de soja no balcão gaúcho oscilaria entre R$ 70,00 a R$ 71,00, ou seja, entre sete a oito reais a menos do que o atualmente praticado.

Enfim, a estimativa de produção para a atual safra de soja brasileira alcança entre 124,5 a 125 milhões de toneladas, sendo 33,8 milhões no Mato Grosso; 19,9 milhões no Paraná; 18,2 milhões no Rio Grande do Sul e 12,9 milhões de toneladas em Goiás. Estes quatro principais produtores nacionais farão 68% da safra nacional. (cf. Safras & Mercado).

Cabe alertar que a estiagem, que prossegue em grande parte da região produtora gaúcha, apesar de algumas chuvas nestes últimos 30 dias, deverá reduzir ainda mais a safra local. Neste momento, os produtores calculam quebra final ao redor de 30%, embora isso ainda não esteja sendo contabilizado suficientemente. Por enquanto, em relação ao previsto inicialmente, a quebra está sendo considerada em torno de 10%.

Por outro lado, a comercialização da atual safra, que está sendo colhida no país, até o dia 07/02 atingia a 50% do total, contra 40% na média histórica para esta época. O Mato Grosso negociou 61%, contra 51% na média; o Paraná 40%, contra 29%; o Rio Grande do Sul 30%, contra 23%, e Goiás 59%, contra 46% na média. Por sua vez, já há vendas antecipadas para a safra 2020/21, sendo que 5% já teria sido negociada até 07/02, com 8% no Mato Grosso e 7% no Paraná e Mato Grosso do Sul. 

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