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Bioinsumos e fertilizantes foram debatidos na Academia Brasileira de Ciências

A Academia Brasileira de Ciências promoveu o webinário no dia 29 de março


Foto: Divulgação/Embrapa Solos

No dia 29 de março, a Academia Brasileira de Ciências promoveu o webinário “Fertilizantes e Bioinsumos para a produção de alimentos no Brasil”, com a participação de dois pesquisadores José Carlos Polidoro (Embrapa Solos – Rio de Janeiro-RJ) e Mariangela Hungria (Embrapa Soja – Londrina). Completaram o time de debatedores, a diretora da área de Biológicos da CropLife Brasil, Amalia Borsari, e Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2003-2006).

O Brasil ocupa posição de liderança mundial no uso de microrganismos na agricultura, graças a um século de esforços da pesquisa, desenvolvimento industrial, legislação adequada e do empenho do agricultor em usar bioinsumos. Apesar de ainda representar uma fatia reduzida no agronegócio brasileiro, o crescimento do mercado de bioinsumos no país supera 30% ao ano.

O setor de fertilizantes é um mercado global muito concentrado: apenas dois países, Rússia e Belarus, respondem por mais de 50% do fornecimento de um nutriente essencial, o potássio.

O cenário atual de escassez e preços elevados de fertilizantes surge como uma grande oportunidade para a expansão do uso de bioinsumos na agropecuária e sugere anos de ouro para a valorização da pesquisa, que precisa de investimentos para continuar sua trajetória de sucesso na área, promovendo a integração de tecnologias para a superação dos desafios da agricultura.

Entre os desafios da agricultura moderna, Amalia Borsari citou alimentar uma população crescente e a pressão sobre os ecossistemas. Como soluções para uma agropecuária sustentável estão tecnologias (melhoramento, biotecnologia, defensivos químicos e biológicos e fertilizantes), sistemas de produção (plantio direto, irrigação, ILPF, MIP e recuperação de áreas) e customização e otimização de processos (sistemas digitais de gestão).

O valor de mercado global de biodefensivos em 2020 foi de US$ 5.2 bilhões, já 8% do mercado de defensivos químicos está estimado em US$ 62 bilhões. Vale lembrar que o Brasil, ao lado de Estados Unidos e China, é um dos países que demanda menos tempo para o registro de produtos biológicos, dois anos, contra três anos da Índia e sete para a União Europeia.

“Sustentáveis, inovadores e eficazes, os biodefensivos são ferramentas essenciais para a agricultura moderna, há uma corrida tecnológica para novos produtos biodefensivos no Brasil, principalmente para atender as particularidades da agricultura tropical”, disse Amalia.

Já para o pesquisador da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro, “com ou sem guerra o Brasil precisa aumentar sua autonomia em fertilizantes, sem esse insumo não há agronegócio no Brasil”. Vale lembrar que entre 2010 e 2020, a produção nacional diminuiu cerca de 30% enquanto a demanda aumentou 66%.

No dia 11 de março foi lançado o Plano Nacional de Fertilizantes, um ambicioso projeto que pretende, até 2050, incentivar a modernização, reativação e ampliação de plantas e projetos, adequar a infraestrutura, ampliar os investimentos em P&D, produzir vantagens competitivas tropicalizadas e melhorar o ambiente de negócios. Ainda foram aprovados, para o biênio 2021/22, R$ 11 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para desenvolvimento e validação de tecnologias emergentes e sustentabilidade ambiental.

Outro importante aliado do produtor será a Caravana Embrapa FertBrasil, lançada dia 30 de março, um movimento organizado da Embrapa para aproximação com o setor produtivo, estabelecendo um diálogo capaz de mobilizar e integrar protagonistas do agro atuantes na pesquisa, na assistência técnica e iniciativa privada. Seu objetivo é levar ao campo o conhecimento de forma organizada e modulada com a participação dos pesquisadores que desenvolveram as tecnologias. Será importante priorizar tecnologias que causem elevado impacto no setor produtivo.

Mariangela Hungria lembrou de tudo que já aconteceu em 2022 no setor, como a ida da ministra da Agricultura até o Canadá para tratar de fertilizantes, a guerra entre Rússia e Ucrânia que piorou a crise dos fertilizantes, entre outros fatos.

“Em 2010 importávamos 70% dos fertilizantes, esse número pulou para 85% em 2021”, lembrou Mariangela. Uma solução seria apostar nos microrganismos promotores do crescimento de plantas, capazes de substituir, total ou parcialmente, fertilizantes químicos com vantagens econômicas, ambientais e sociais. Várias destas soluções já estão na prateleira. “Somos líderes mundiais na contribuição de microrganismos na agricultura”, enfatizou a pesquisadora.

Roberto Rodrigues ressaltou que o Brasil mostra que pode dar resposta à crise por causa da pesquisa. “A ONU e o mundo inteiro se conscientizaram que com fome não há paz”, ressaltou Rodrigues, que afirmou que para o crescimento da produção agrícola existem cinco pilares: logística, política de renda, tecnologia, sustentabilidade e organização dos produtores rurais.

Já para aumentar a demanda de nossos produtos agropecuários, Rodrigues acredita em acordos comerciais que gerem maior procura dos países importadores e o combate às ilegalidades, como o desmatamento.

Colaboração no texto: Academia Brasileira de Ciências

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