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Cotações do trigo despencaram na última semana

O mercado voltou a trabalhar abaixo dos US$ 10,00/bushel


Foto: Pixabay

As cotações do trigo, em Chicago, igualmente despencaram nesta semana, com o fechamento da quinta-feira (23) ficando em US$ 9,37/bushel, contra US$ 10,78 uma semana antes. Entre os dias 06 e 23 de junho o bushel perdeu 14,3% de seu valor naquela Bolsa. O mercado voltou a trabalhar abaixo dos US$ 10,00/bushel, sendo que o valor deste dia 23/06 é o mais baixo desde o último dia útil de fevereiro passado. 

Dito isso, nos EUA a colheita do trigo de inverno, até o dia 19/06, atingia a 25% da área  semeada, contra a média histórica de 22% para a data. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras a colher indicavam, na mesma data, 43% em situação entre ruins a muito ruins, outros 27% estavam regulares e 30% entre boas a excelentes. Já o trigo de primavera atingia a 98% da área semeada, enquanto 89% estava germinado. As condições das lavouras deste trigo, no dia 19/06, apresentavam 6% entre ruins a muito ruins, 35% regulares e 59% entre boas a excelentes. Enquanto isso, na semana encerrada em 16/06, os EUA embarcaram 331.328 toneladas de trigo, ficando dentro das expectativas mais baixas do mercado. Em todo o atual ano comercial 2022/23, iniciado em 1º de junho, foram embarcadas 969.953 toneladas, ficando um pouco mais baixo do que o 1,2 milhão registrado no mesmo período do ano anterior.

Já na França e na Espanha a continuidade da forte onda de calor prejudica as lavouras do cereal. Com isso, tudo leva a crer que a União Europeia terá uma menor safra de trigo neste ano, em relação ao previsto inicialmente e ao colhido no ano passado. A Itália igualmente está sendo muito atingida pelo calor, como já destacado no comentário passado. Isso, mais o clima nos EUA, a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, e os recentes aumentos do juro básico estadunidense colocam o mercado tritícola em alta volatilidade em Chicago. 

Pelo lado da Rússia, segundo a consultoria local Sovecon, a produção total de trigo pode chegar a 89,2 milhões de toneladas, melhorando muito em relação ao ano anterior. A área plantada com o trigo de primavera, naquele país, foi elevada para 12,65 milhões de hectares. Os russos esperam colher 1.820 quilos/hectare com o trigo de primavera, e 3.890 quilos com o trigo de inverno. Dito isso, o país envolvido com a guerra na Ucrânia, enfrenta problemas com sua moeda fortalecida (o mais alto valor nos últimos sete anos, em relação ao dólar estadunidense, o que tira competitivida dos produtos russos na exportação), com a elevada taxa de exportação, fretes caros e falta de vendas futuras. As sanções ocidentais contra a Rússia, pelo fato de ter iniciado o ataque à Ucrânia, complicaram a economia e os negócios russos.

Neste contexto, os exportadores locais têm de confiar nas vendas à vista em vez dos usuais contratos a termo, já que o impacto das sanções complica sua capacidade de planejar negócios com vários meses de antecedência. Enfim, o alto imposto de exportação sobre o trigo, fixado pelo Ministério da Agricultura da Rússia, que chega a 142 dólares por tonelada, no momento esfria o mercado local.E na Argentina, o plantio da safra de trigo 2022/23 sofre alguns atrasos, pois ainda faltam 500.000 hectares a serem plantados. A lentidão só não é maior pois o nordeste de Buenos Aires conseguiu antecipar o plantio. De acordo com a Bolsa de Valores de Rosário (BCR), praticamente não houve progresso no centro-sul de Santa Fé e leste de Córdoba devido à falta de água, enquanto o progresso da região central foi de apenas 8% nesta semana. A janela ideal para o plantio fecha no dia 30/06 no vizinho país.

E no Brasil, os preços se mantêm em elevação. A média gaúcha fechou a semana em R$ 111,65/saco, enquanto no Paraná os preços oscilaram entre R$ 110,00 e R$ 115,00/saco. Por enquanto, os negócios continuam pontuais, pois há pouco produto disponível. Em termos de preços, segundo o Cepea, na parcial de junho (até 17/06), as médias mensais são recordes nominais nos estados do Sul e em São Paulo, considerando-se as séries de preços iniciadas em 2004, com todos os valores acima de R$ 2.000/tonelada. Já em termos reais, a atual média no Rio Grande do Sul, de R$ 2.124,43/tonelada, segue recorde (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo, as médias mensais reais são as maiores desde 2013.

Neste quadro, com o dólar acima de R$ 5,10, os indicativos na exportação, posto Rio Grande, para a safra nova, testaram os R$ 2.180,00/tonelada. Já o mercado disponível interno esteve pagando R$ 2.300,00, posto moinhos do Rio Grande do Sul. (cf. De Baco) Dito isso, o excesso de chuvas dos últimos meses tem atrapalhado o início das safras  de inverno no Rio Grande do Sul, o que já afeta a semeadura de cereais como o trigo. Em alguns municípios gaúchos chegou a chover mil milímetros nos últimos três meses, após a ocorrência de uma violenta seca no verão. (cf. Fecoagro) Por outro lado, a Conab aponta uma safra de 8,4 milhões de toneladas de trigo, neste ano no Brasil, com crescimento de 10,5% sobre as 7,6 milhões colhidas no ano anterior. O setor privado chega a projetar uma safra de 8,9 milhões de toneladas em 2022.

O Paraná já semeou 82% da área esperada, enquanto o Rio Grande do Sul atingia entre 20% a 30% de sua área, dependendo das regiões e do clima local. Enfim, até meados de junho o Brasil já havia exportado 2,5 milhões de toneladas de trigo em 2022. Em todo o ano passado o volume exportado ficou em 1,12 milhão de toneladas.

As informações são da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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