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Cotações do trigo voltam a subir

Plantio do trigo de primavera, nos EUA, chegou a 19% da área no dia 01/05, contra 46% da área no ano passado, nesta data, e 28% na média histórica


Foto: Pixabay

Em Chicago, a cotação do trigo, para o primeiro mês, após ensaiar um movimento de recuo, voltou a subir, fechando a quinta-feira (05) em US$ 10,96/bushel, contra US$ 10,74 uma semana antes, sendo que a média de abril ficou em US$ 10,66, ou seja, negativa em 5,2% em relação a março. Em abril do ano passado, a média foi de apenas US$ 6,67/bushel. Dito isso, o plantio do trigo de primavera, nos EUA, chegou a 19% da área no dia 01/05, contra 46% da área no ano passado, nesta data, e 28% na média histórica. Já o trigo de inverno, na mesma data, apresentava apenas 27% das lavouras em condições entre boas a excelentes, repetindo o percentual da semana anterior.

Por outro lado, a Comissão Europeia cortou sua previsão para a colheita de trigo da União Europeia em 2022/23. Ela reduziu sua perspectiva para a produção utilizável de trigo macio, na temporada de julho de 2022 a junho de 2023, para 130,1 milhões de toneladas, ante 131,3 milhões de toneladas anteriormente. Por sua vez, a invasão russa à Ucrânia, há mais de dois meses, paralisou exportações massivas ucranianas, levando a preços recordes de trigo e oleaginosas na Europa. Por enquanto, a Comissão manteve sua previsão para as exportações de trigo macio da União Europeia, para 2022/23, em 40 milhões de toneladas, o que seria um recorde histórico para o bloco. Mesmo assim, a União aumentou sua projeção de estoques de trigo macio, até o final de 2022/23, para 12,6 milhões de toneladas, contra 12,2 milhões estimados um mês atrás. Para 2021/22, os estoques finais de trigo macio aumentaram para 14,8 milhões de toneladas, contra 13,2 milhões indicados anteriormente, já que as exportações previstas foram cortadas em um milhão de toneladas, ficando em 32 milhões, e as importações esperadas ficariam em 2,5 milhões. 

Ao mesmo tempo, a produção de cevada da União Europeia, para 2022/23, foi reduzida para 53,5 milhões de toneladas, enquanto a produção de milho esperada veio para 73,4 milhões de toneladas. A Comissão manteve sua expectativa de uma queda acentuada nas importações de milho, para 9 milhões de toneladas, contra 14 milhões em 2021/22. Em oleaginosas, o órgão da União elevou sua previsão de produção de colza, para a safra 2022/23, para 18,3 milhões de toneladas. Para as importações de óleo de girassol, que vêm principalmente da Ucrânia, a Comissão aumentou sua estimativa, para 2021/22, para 1,9 milhão, mas reduziu sua projeção para 2022/23, de 900.000 toneladas para 800.0000. 

Já na Índia, a produção de trigo local deve recuar em 2022, após cinco anos consecutivoas de colheitas recordes. O problema é o forte calor e a falta de umidade junto às lavouras deste ano. Com isso, o recuo pode levar a uma redução nas exportações indianas do cereal. Lembrando que, aproveitando a crise entre Rússia e Ucrânia, a Índia exportou um recorde de 7,85 milhões de toneladas no ano fiscal até março/22, com um aumento de 275% em relação ao ano anterior. Esperando outra safra recorde, comerciantes e funcionários do governo viram uma oportunidade de exportar 12 milhões de toneladas de trigo no início do atual ano fiscal de 2022/23.

Afinal, em meados de fevereiro, quase um mês antes da recente onda de calor, o governo disse que a Índia estava a caminho de colher uma safra histórica de 111,32 milhões de toneladas do grão, superando as 109,6 milhões de toneladas do ano anterior. Agora, fala-se em uma produção de 105 milhões de toneladas. Em 2022, a Índia registrou seu mês de março mais quente em 122 anos, com a temperatura máxima em todo o país subindo para a média de 33,1 graus Celsius, quase 1,86 grau acima do normal, segundo dados compilados pelo Departamento Meteorológico da Índia. Em algumas regiões as mesmas se aproximaram dos 50 graus. Diante disso, o governo indiano passou a limitar as exportações de trigo do país. Isso pesou sobre o mercado internacional, já que a Índia é o oitavo maior exportador global do cereal.

Enquanto isso, no Brasil os preços do trigo subiram. A média gaúcha no balcão chegou a R$ 97,91/saco, sendo que as principais praças compradoras do Estado se fixaram em R$ 100,00/saco. No Paraná, o mercado se manteve entre R$ 93,00 e R$ 100,00/saco. A desvalorização recente do Real encareceu o produto de importação, elevando a demanda pelo trigo nacional, porém, esse movimento é muito volátil e tende a se alterar na medida em que a moeda nacional voltou a se valorizar em meados da corrente semana. Por outro lado, o plantio e o clima na região sul do Brasil começam a ser os elementos centrais do mercado. Espera-se uma produção nacional em crescimento para 2022. Segundo a Embrapa, a área nacional pode aumentar em 13%, atingindo a 3,1 milhões de hectares. Em clima normal, tal área poderá resultar em 8,5 milhões de toneladas, o que seria um recorde, e pressionaria para baixo os preços internos no final do ano. Especialmente se a guerra entre Rússia e Ucrânia encontrar uma solução neste período.

Especificamente no Paraná, segundo o Deral, o plantio da nova safra de trigo atingia a 13% até o início da presente semana, sendo que 100% das lavouras semeadas estavam em bom estado. A semeadura do cereal, neste ano, está adiantada, já que no ano passado a mesma atingia apenas 6% da área nesta época do ano. Por fim, no Rio Grande do Sul o plantio está apenas iniciando, não havendo ainda estatísticas significativas. Lembrando que o atraso na colheita da soja acaba atrasando o plantio do trigo neste Estado.

As informações são do relatório da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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