Fechar
CI

Lagartas ameaçam até 40% da produtividade de milho e soja

Lagarta-do-cartucho e falsa-medideira preocupam produtores


Foto: Canva

As infestações de lagartas seguem entre os principais entraves para a produção de soja e milho no país. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que o impacto sobre a produtividade pode chegar a 30% nas lavouras de soja, enquanto no milho as perdas podem atingir até 40% em cenários de alta pressão da praga. Entre as espécies mais recorrentes estão a lagarta-do-cartucho e a falsa-medideira.

Segundo a engenheira agrônoma Lauany Cavalcante, coordenadora de Portfólio da Biotrop, a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) “danifica diretamente o cartucho do milho, podendo causar perdas totais da lavoura, além de atuar em diversas culturas, como soja, algodão e hortifruti”. De acordo com a especialista, o ataque também provoca danos foliares significativos, já que as pragas possuem aparelho bucal mastigador, facilitando a destruição das folhas e comprometendo a capacidade fotossintética das plantas.

A agrônoma destaca que a resistência das pragas a tecnologias de transgenia e defensivos químicos está associada ao uso repetitivo das mesmas moléculas. “O sucesso no controle das diferentes espécies de lagartas passa pela adoção de um Manejo Integrado de Pragas (MIP) eficiente”, afirma. Ela explica que a falta de rotação tem reduzido a eficácia de ferramentas utilizadas no campo, como ocorreu com o método varietal, que “em determinado momento oferecia controle das lagartas entre 80 e 90%”.

No caso da lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), não há solução transgênica disponível, e o controle depende da combinação de insumos biológicos e químicos. A especialista reforça que essa integração é essencial para minimizar a pressão de seleção e evitar que populações resistentes se tornem dominantes.

O clima brasileiro, caracterizado por umidade e altas temperaturas, favorece a proliferação das pragas, e regiões do Cerrado — como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, oeste da Bahia e Goiás — enfrentam desafios ainda maiores.

Entre as alternativas de manejo, Cavalcante cita o uso do Biobrev Full, composto por duas cepas de Bacillus thuringiensis e Brevibacillus laterosporus. Segundo ela, o produto atua por contato e ingestão. “Realizando uma boa cobertura foliar com Biobrev Full, a lagarta ingere as bactérias e estas causam perfurações em seu intestino, resultando em morte por infecção generalizada”, explica. Ela acrescenta que a enzima quitinase, derivada do Brevibacillus laterosporus, também rompe a cutícula das lagartas, ampliando a eficácia do controle.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.

2b98f7e1-9590-46d7-af32-2c8a921a53c7