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Novo declínio dos preços mundiais do arroz

Comércio mundial do arroz cresceu 2,8% para 45,4 Mt


Foto: Nadia Borges

Em junho, os preços mundiais do arroz diminuíram novamente em todos os mercados de exportação. A fraca demanda global e altos custos do frete marítimo deprimem os preços mundiais. Além disso, a forte concorrência, impulsionada pela abundante oferta da Índia, pressiona os principais exportadores asiáticos a baixar seus preços. Apesar desses ajustes, os preços indianos continuam sendo os mais competitivos do mercado, com diferenças significativas de 10% com a Tailândia e até 20% em comparação aos preços vietnamitas. A queda dos preços deve continuar no  segundo semestre do ano com a chegada gradual das novas safras, que deveriam ser excelentes graças à boa pluviosidade nas principais regiões produtoras de arroz da Ásia. Entretanto, espera-se que a demanda global aumente nos próximos meses.

Estima-se que o comércio mundial aumentará 6% em 2021 para 48,2 Mt, em grande parte devido à forte demanda africana. Em junho, o Índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu significativamente em 7,2 pontos para 223,7 pontos (base 100=Janeiro de 2000) contra 230,9 pontos em maio. No início de julho, o índice IPO ainda estava enfraquecendo para 217 pontos. Este é o nível mais baixo desde outubro de 2020, mas ainda 5% superior à média anual para 2020.

Produção mundial

De acordo com as últimas estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2020 teria aumentado 2,3% para 774,5 Mt (514,3 Mt base beneficiado). Em 2021, as novas projeções indicam um aumento de 1% para 782.4 MT. A produção asiática aumentou, graças à extensão das áreas plantadas e a melhores rendimentos na China e na Índia. Na Índia, a produção teria aumentado em 3,5%, enquanto na China, o aumento foi de apenas 0,5%. Na Tailândia, a produção melhorou em 3,7%, apesar da seca em meados do ano. Nos Estados Unidos, a safra aumentou 22% em comparação ao ano anterior. Na América Latina, a produção também se recuperou, especialmente no Brasil. Na África subsaariana, a produção de arroz foi afetada pelas inundações no final do ciclo de cultivo, especialmente nas regiões ocidentais, e não se espera um incremento em relação a 2019, o que aumentará significativamente a demanda de importação em 2021.

Comércio e estoques mundiais

Em o comércio mundial do arroz cresceu 2,8% para 45,4 Mt, contra 44,2 Mt em 2019. As necessidades de importação foram maiores na América Latina e no Caribe devido a um salto no consumo de arroz em resposta à pandemia de Covid-19. A Índia, o maior exportador do mundo, viu suas exportações aumentar 50% graças a preços extremamente competitivos. Em contraste, as vendas tailandesas caíram novamente 25%, marcando seu nível mais baixo em vinte anos. O Vietnã resistiu melhor à onda indiana, com uma queda de apenas 4,5%, subindo para o segundo lugar no mundo e ultrapassando a Tailândia pela primeira vez. Em 2021, espera-se um aumento significativo no comércio mundial de 6% para 48,2 Mt, ou seja, 2,7 Mt a mais do que em 2020. A demanda de importação deverá crescer fortemente em Bangladesh e na África Ocidental, como na Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.

Os estoques mundiais de arroz terminando em 2020 diminuíram 1.6% para 183 Mt contra 186,1 Mt em 2019. Entretanto, eles permanecem em níveis confortáveis, representando 36% do consumo mundial. Este declínio afetou principalmente a China, embora seus estoques permaneçam altos, equivalentes a 70% de seu consumo anual. Além disso, espera-se que os estoques dos principais países exportadores aumentem novamente em 2020/21 para 53 Mt, já 30% dos estoques mundiais. Por outro lado, os estoques nos principais países importadores, particularmente nos países africanos, deveriam diminuir. Em 2021, os estoques mundiais poderão aumentar ligeiramente em 0,5% para 184 Mt.

Na Índia, os preços do arroz caíram 1%, principalmente devido à desvalorização da rupia em relação ao dólar. Eles continuam sendo os mais competitivos em comparação com os principais exportadores asiáticos. Entretanto, alguns compradores demonstram pouco interesse no arroz indiano devido a problemas de qualidade e ao alto custo do frete marítimo. Espera-se que a oferta indiana seja abundante novamente este ano graças à excelente colheita esperada, após do aumento nas precipitações de 36% acima da média de 10 anos. Os exportadores esperam alcançar um novo recorde de vendas para 16 Mt em 2021, 10% maior do recorde de 2020. Em junho, o arroz indiano 5% quebrado marcou US$ 390/t Fob contra $ 394 em maio. O arroz indiano 25% permaneceu estável em $ 361. No início de julho, os preços estavam em queda. 

Na Tailândia, os preços caíram de 5 a 6%, segundo as qualidades de arroz. A queda deve-se a preços internos mais baixos e à desvalorização do bath em relação ao dólar. O mercado externo permaneceu ativo com exportações chegando a quase 400.000 Mt em junho contra 320.000 Mt em maio. Entretanto, elas estariam 25% atrás de 2020 na mesma época. As autoridades tailandesas esperam sustentar as vendas externas a longo prazo graças a protocolos de acordo com os principais importadores asiáticos, especialmente a China, Bangladesh e Indonésia. A Tailândia espera exportar 1 Mt por ano para esses países. Em junho, o preço do arroz Tai 100%B atingiu $ 445 contra $ 470 em maio. O arroz parboilizado também caiu de $ 469 para $ 445. O arroz quebrado A1 Super marcou $ 384 contra $ 409. No início de julho, os preços ainda estavam em queda.

No Vietnã, os preços de exportação caíram 3% em um mês sob pressão da concorrência indiana e tailandesa. Após dois anos como o segundo maior exportador do mundo, o Vietnã poderia cair para o terceiro lugar em 2022, atrás da Índia e da Tailândia. As autoridades locais destacam que isto deve-se à nova política comercial do Vietnã, orientada mais para a qualidade que na quantidade. O país procura assim posicionar-se em mercados de qualidade, com alto valor agregado, supostamente mais estáveis e menos competitivos, tais como os mercados europeus, norteamericano e japonese. Entretanto, o Vietnã mantém seus dois principais mercados asiáticos, a China e as Filipinas. Em junho, o Viet 5% marcou $ 475 contra $ 493 em maio. O Viet 25% foi negociado a $ 459 contra $ 468  anteriormente. No início de julho, os preços ainda estavam em queda.

No Paquistão, os preços do arroz perderam 3% num contexto extremamente competitivo. As perspectivas de oferta são boas em 2021 graças a um aumento de 1,5% da produção em relação ao volume recorde em 2020. Entretanto, as exportações paquistanesas ainda
continuam 18% atrás em relação a 2020 no mesmo período. Em junho, o Pak 25% foi negociado a $ 369 contra $ 380 em maio. No início de julho, os preços estavam estáveis.

Na China, as autoridades pretendem alcançar a autossuficiência em grãos dentro de cinco anos. No entanto, a China continua sua política comercial exportando safras antigas de arroz. A demanda de importação chinesa deverá diminuir e atingir 2,7 Mt em 2021, o nível mais baixo dos últimos dez anos.

 Nos Estados Unidos, os preços do arroz diminuíram 1% em um mercado relativamente ativo. Em junho, as exportações atingiram 265.000 t contra 245.000 t em maio. As exportações marcam um atraso de 4% em comparação ao ano passado na mesma época. Em junho, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou $ 615 contra $ 620 em maio. No início de julho, o preço enfraqueceu ainda mais para $ 595. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do paddy caíram 3,6% para $ 290/t contra $ 301 anteriormente. No início de julho, os preços mostravam-se mais firmes em torno de $ 295.

No Mercosul, os preços de exportação permaneceram estáveis. A oferta de exportação é abundante graças às boas colheitas de 2021, especialmente no Brasil e no Uruguai. Em junho, as exportações brasileiras diminuíram ainda mais para 48.000 Mt (base beneficiado) contra 60.000 Mt em maio, acusando um atraso de 50% em relação ao ano passado na mesma época. O preço indicativo do arroz paddy brasileiro caiu 7% para $ 292/t contra $ 315 em maio. No início de julho, o preço marcava $ 275.

Na África Subsaariana, os preços domésticos permaneceram estáveis em todos os mercados regionais. Entretanto, os estoques estão no nível mais baixo e os riscos de insegurança alimentar são motivos de grande preocupação. A demanda de importação começa a aumentar
novamente e espera-se que atinja um volume recorde em 2021 de 17,8 Mt em comparação aos 15,6 Mt no ano anterior, já 37% das importações mundiais.

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