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Pesquisa mira cana resistente à seca e carvão

Os resultados devem alcançar toda a cadeia de produção do setor sucroenergético


Foto: Marcel Oliveira

O Instituto Agronômico, ligado à Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, com sede em Campinas (SP), vai receber um aporte de R$ 34,8 milhões para pesquisas inéditas com foco em citros, café e cana-de-açúcar, culturas de grande relevância no país e no Estado.

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Na cana a busca é tornar o setor mais competitivo e sustentável com o desenvolvimento de novas variedades da cultura, inclusive de cana-energia transgênica, que apresentem aumento de produtividade, tolerância à seca, plantas resistentes ao fungo do carvão e modificação de parede celular para produção de etanol de segunda geração.

Em relação à tolerância à seca a equipe já identificou os genes associados a esta característica e que tiveram boa produtividade em estresse hídrico. Desde 2008 o trabalho também foca em cana com potencial para o etanol de segunda geração, com aperfeiçoamento da matéria-prima para que o processo fique economicamente rentável. “Atualmente, vários genes identificados podem ser utilizados em abordagens de engenharia genética, a fim de alterar o conteúdo e/ou a composição da lignina e de outros componentes da parede celular, por meio de produção de plantas transgênicas", explica a pesquisadora do IAC, Silvana Aparecida Creste Dias de Souza.

Os resultados devem alcançar toda a cadeia de produção do setor sucroenergético e também as pesquisas nessa área. A pesquisa já conta com plantas transgênicas de cana energia em experimentação a campo que estão apresentando até 40% a mais na produtividade. 

A tolerância à seca tem sido uma característica priorizada pelos programas de melhoramento de culturas agrícolas em todo o mundo. Na safra 2018, por exemplo, o veranico que ocorreu no início do ano, na região Centro-Sul, reduziu em 6% a produtividade dos canaviais, o equivalente a  toda produção do Paraná. "Além da necessidade de produzir mais com menos água, essa característica reduz a competição de água na agricultura com o humano", completa a cientista.
 
Outro aspecto importante em análise é o controle do carvão, uma das principais doenças fúngicas da cana. O controle químico é caro e os impactos são grandes. Para cada 1% de planta infectada, estima-se 0,89% de perda na produtividade e das 22 cultivares mais cultivadas no Brasil, 16 apresentam algum nível de suscetibilidade ao carvão. 

A alternativa tem sido o melhoramento das cultivares, atribuindo resistência. Na pesquisa do IAC já foram identificados genes promissores que poderão ser usados em tecnologias de resistência ao carvão. 

Atualmente há três pedidos de propriedade intelectual depositados no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Há experimentos com canas geneticamente modificadas para melhoria de conteúdo e qualidade de biomassa para etanol celulósico. As plantas estão em avaliação experimental a campo, por meio da liberação planejada no ambiente aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em projeto de parceria público-privada com a Granbio. "Em cinco anos de projeto, a equipe pretende dispor de genótipos elites, portanto as tecnologias proprietárias do IAC em campo, com vistas à liberação comercial", diz.

O estudo será conduzido no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, que dispõe de infraestrutura e equipe técnica qualificada para o desenvolvimento do projeto. A equipe também pretende atuar na edição gênica em cana. "Apesar dessa tecnologia prometer pavimentar o caminho da agricultura futuro, ela ainda apresenta desafios enormes na área de cana que precisam ser superados e, nesse projeto, pretendemos avançar no aprendizado e domínio dessa tecnologia em cana de forma a estabelecer uma plataforma de edição gênica no IAC", destaca Silvana.

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