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Preços mundiais do arroz permaneceram firmes

A demanda de importação foi particularmente ativa no final do ano


Foto: Marcel Oliveira

Em novembro, os preços mundiais permaneceram firmes dentro de um mercado bastante animado. As vendas indianas foram extremamente ativas atingindo níveis recordes graças a preços muito competitivos. As exportações vietnamitas, apesar da forte concorrência indiana, também aumentaram, mas terminam o ano inferiores ao ano anterior. A Tailândia foi mais afetada com uma queda de 25% das vendas em relação ao ano passado, enquanto o Vietnã marca uma redução de apenas 4%, colocando-o pela primeira vez em sua história, à frente da Tailândia que cai de volta ao terceiro lugar no mundo desde 1978, marcando seu nível mais baixo nos últimos vinte anos.

A demanda de importação foi particularmente ativa no final do ano, especialmente nos mercados africanos, bem como nas Filipinas onde as importações devem atingir 3 Mt em 2020, logo atrás da China, o principal importador mundial, com 3,2 Mt. Na Índia, os preços também subiram, mas ainda com um diferencial considerável de quase 30% em relação aos seus principais concorrentes asiáticos. No início de 2021, o mercado mundial continua afetado por perturbações logísticas nos portos de embarque devido à falta de containers. Portanto, os preços internacionais devem permanecer sob pressão durante as próximas semanas.

As perspectivas de produção mundial em 2020/2021 são boas e indicam um aumento de 1,5% graças a uma extensão das áreas de arroz, especialmente na China e na Índia. Espera-se que o comércio mundial aumente acentuadamente em 2021 de 7% para 48 Mt após o aumento da demanda de importação no sudeste asiático e na África Subsaariana.  Em dezembro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu de 5,9 pontos para 230,2 pontos (base 100=Janeiro de 2000) contra 224,3 pontos em novembro. No início de janeiro, o índice IPO permaneceu forte em cerca de 235 pontos, influenciado em parte pela valorização das moedas asiáticas em relação ao dólar.

Produção mundial

De acordo com as últimas estimativas da FAO, a produção global do arroz em 2019 foi de 754,7 milhões de toneladas (501,1 Mt base beneficiado), o que representa uma queda de 1,1% em relação a 2018.  Em 2020, apesar das dificuldades relacionadas com a pandemia de  Covid-19 e as más condições climáticas na metade do ano, as projeções de produção indicam uma recuperação de 1,6% para 767 Mt
(509 Mt base beneficiado). O principal aumento será visto na Ásia graças a uma extensão das áreas plantadas, especialmente na China e na Índia. Na Tailândia, a produção deve aumentar, mas menos do
que o esperado por causa da seca que afetou a segunda safra em meados do ano. Houve uma melhoria nos Estados Unidos, onde as colheitas aumentaram 17% em relação ao ano anterior.

Uma recuperação parcial da produção também é esperada na América Latina e no Caribe. Na África subsaariana, as inundações no final do ciclo de cultivo, particularmente nas regiões ocidentais, poderiam limitar o aumento da produção de arroz, eventualmente permanecendo estável em comparação com o ano anterior, o que poderia aumentar significativamente as necessidades de importação. 

Comércio e estoques mundiais

Em 2019, o comércio mundial do arroz caiu 9% para 44,2 Mt contra 48,5 Mt em 2018. Os principais importadores asiáticos reduziram suas demandas de importação, exceto as Filipinas. As importações africanas também caíram, 16,7 Mt contra 16,9 Mt em 2018. Em 2020, estima-se que o comércio mundial tenha aumentado ligeiramente de 1% para 44,7 Mt. Este aumento beneficiará principalmente a Índia, o principal exportador mundial, apontando uma forte recuperação nas vendas externas graças preços extremamente competitivos.

Em contraste, as exportações tailandesas teriam caído 25%, o nível mais baixo dos últimos vinte anos. O Vietnã termina o ano melhor do que o esperado com uma redução em suas vendas de apenas 4%, subindo para o 2º lugar no mundo, e ultrapassando pela primeira vez a Tailândia. As primeiras projeções para 2021 indicam uma recuperação significativa no comércio mundial de 7% para 47,7 Mt, 3 Mt a mais do que em 2020. Espera-se que a demanda de importação dos países africanos, particularmente Nigéria, Costa do Marfim e Senegal, aumente significativamente. Esta recuperação no comércio mundial deve beneficiar todos os exportadores mundiais, com exceção do Mercosul e dos Estados Unidos, onde os preços de exportação permanecem relativamente altos.

Os estoques mundiais de arroz no final de 2019 aumentaram em 5% para 185,1 Mt contra 176,4 Mt em 2018, atingindo o nível histórico mais alto. Em contraste, as estimativas para 2020 indicam uma redução de 1,8% para 181,8 Mt. A redução será vista principalmente na China, mas suas reservas permanecem relativamente altas, correspondendo a 70% do consumo anual. Por outro lado, os estoques dos países exportadores devem aumentar novamente em 2020/2021 para 46 Mt, o equivalente a 30% dos estoques globais. Em contrapartida, estima-se que os estoques nos países importadores poderiam ser reduzidos, especialmente nos países africanos.

Na Índia, os preços do arroz subiram 4%, menos que seus principais concorrentes, e continuam sendo os mais competitivos do mercado. Os preços indianos subiram basicamente como resultado da valorização da rupia em relação ao dólar. A demanda por arroz indiano continua forte, mesmo de concorrentes diretos, mas em quantidades limitadas. Bangladesh, um de seus principais clientes, deve importar mais de 2 Mt em 2020/2021. Em dezembro, as exportações indianas continuaram progredindo a uma taxa mensal de 1,4 MT e poderiam chegar a quase 14,5 MT em 2020 contra 9,8 MT em 2019. Até 2021, a Índia vai manter uma forte oferta de exportação, reduzindo assim seus estoques internos em 33% de seu consumo anual contra uma média de 25% nos últimos cinco anos.

Em dezembro, o arroz indiano 5% marcou US$ 366/t Fob contra $ 353 em novembro. O arroz indiano 25% também subiu para $ 343 contra $ 334 antes. No início de janeiro, os preços permaneceram estáveis. Na Tailândia, os  preços de exportação aumentaram 6% em um mês. Os preços de exportação são impactados pela revalorização do bath em relação ao dólar. As exportações mensais foram altas no final do ano, mas menos do que em novembro, atingindo cerca de 600.000 t em comparação com as 722.000 t anteriores. Em 2020, as vendas tailandesas alcançariam 5,8 Mt, o nível mais baixo dos últimos vinte anos, diminuindo em 25% em comparação com 2019. Inicios de 2021, os exportadores tailandeses não estão muito otimistas devido aos problemas de logística nos portos europeus e norte-americanos, que atrasam o retorno dos containers à Ásia, e encarecem também os custos do frete marítimo. Em dezembro, o preço médio do arroz 100%B tailandês foi de $ 504 contra $ 476 em novembro.

O parboilizado tailandês subiu para $ 498 contra $ 473 antes. Enquanto isso, o Super A1 quebrado aumentou de 4% para $ 425 contra $ 408. No início de janeiro, os preços permaneceram firmes. No Vietnã, os preços de exportação diminuíram ligeiramente, mas permanecem acima dos preços indianos. Os preços vietnamitas estão sob a pressão da forte demanda filipina, seu principal cliente. Por outro lado, o Vietnã comprou arroz da Índia, o que não acontecia nas últimas três décadas. As autoridades vietnamitas colocam estas compras em perspectiva, uma vez que são apenas 70.000 t de arroz quebrado, principalmente para ração animal.

As autoridades também indicam que as importações de arroz de baixa qualidade fazem parte da política de reconversão do setor do arroz para melhorar a qualidade do arroz produzido. Na verdade, mais de 85% das exportações vietnamitas são de qualidade superior. Em dezembro, as vendas externas teriam incrementado de 60% para 540.000 t contra 340.000 t em novembro. Em 2020, Vietnã exportou 6,2 Mt, diminuindo em 4,5% em comparação com 2019, mas colocando-se como o 2º maior exportador do mundo, à frente da Tailândia pela primeira vez em sua história. Em dezembro, o Viet 5% marcou $ 498 contra $ 500 em novembro. O viet 25% também caiu para $ 471 contra $ 474 anteriormente. No início de janeiro, os preços tendiam a ser reforçados.

No Paquistão, os preços do arroz aumentaram 6%, estimulados pela demanda externa e pelos preços locais que penalizam os exportadores diante da forte concorrência da Índia. Entretanto, as exportações paquistanesas continuam a progredir, atingindo 460.000 t em novembro contra 220.000 t em outubro. Ao ritmo atual, as vendas externas poderiam totalizar 3,9 Mt contra 4,5 Mt no ano anterior, já 14% a menos do que em 2019. Em dezembro, o Pak de 25% foi cotado a $ 363 contra $ 340 em novembro. No início de janeiro, os preços estavam firmes.

Na China, as exportações acabariam caindo para 2,4 Mt em 2020 devido à falta de competitividade contra a Índia nos mercados africanos. Em 2021, as vendasexternas não devem aumentar muito por causa do concorrente indiano novamente. Por outro lado, a China também está aproveitando os baixos  preços indianos para se abastecer de arroz quebrado. Cerca de 100.000 t foram compradas da Índia, também como resultado da contração dos fornecimentos tailandeses, vietnamitas e birmaneses, que são entre os abastecedores tradicionais da China.

Nos Estados Unidos, os preços do arroz enfraqueceram ligeiramente em um mercado bastante ativo. Em dezembro, as exportações atingiram mais uma vez um nível recorde de 430.000 t. As vendas para o México, Haiti e Venezuela foram particularmente altas, respondendo por quase 50% das exportações mensais. No total, as exportações dos EUA atingiram 3,2 Mt contra 3,3 Mt em 2019. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi em média $ 585/t contra $ 587 em novembro. No início de janeiro, o preço permaneceu estável. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do paddy estavam novamente estáveis a $ 274/t. No início de janeiro, estes tendiam a revalorizar, com uma média de US$282.

No Mercosul, os preços de exportação permaneceram estáveis em um mercado pouco ativo. Em dezembro, as exportações brasileiras diminuíram novamente de 50% para 25.000 t (base beneficiado) contra 50.000 t em novembro. Em 2020, as exportações brasileiras teriam aumentado de 27% para 1,25 Mt contra cerca de 1 Mt em 2019. As exportações uruguaias também melhoraram de 28% para 1,1 Mt. Na Argentina, por outro lado, as vendas diminuíram em comparação com o ano passado. O preço indicativo do arroz casca brasileiro caiu de 2% para $ 375/t contra uma média de $ 283 em novembro. No início de janeiro, o preço tendeu a cair para $ 345.

Na África Subsaariana, os preços internos permanecem estáveis na maioria dos mercados regionais, com alguns aumentos localizados devido ao influxo da demanda na véspera das férias de fim de ano. A produção de arroz em 2020/2021, apesar das boas chuvas em 2020, não deverá progredir muito. Isto implicaria um aumento na demanda de importação nos próximos meses. As previsões de importação para 2021 indicam um volume recorde de 17,8 Mt, ou 37% das importações mundiais.
 

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