Controle biológico avança na cana-de-açúcar
Entre os destaques está o Trichogramma galloi

O uso de agentes macrobiológicos no controle de pragas da cana-de-açúcar tem se consolidado como uma estratégia eficaz, sustentável e alinhada aos princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Segundo João Adalberto Palucci, coordenador de tratos culturais na Atvos, além do conhecido parasitoide Cotesia flavipes, amplamente utilizado contra a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), outras espécies vêm ganhando espaço no campo. A informação é da Atvos, uma das maiores produtoras de etanol do país.
Entre os destaques está o Trichogramma galloi, que atua de forma preventiva contra ovos da broca-da-cana, especialmente em áreas com histórico elevado de infestação. Já os inimigos naturais Telenomus podisi e Podisus nigrispinus têm sido aplicados para combater percevejos fitófagos, como o percevejo-castanho (Scaptocoris castanea). A lista ainda inclui predadores generalistas como o Chrysoperla externa (popular bicho-lixeiro), eficaz contra cochonilhas e pulgões, e as joaninhas (família Coccinellidae), com bom desempenho no controle de espécies como Dysmicoccus boninsis e Dysmicoccus brevipes.
Pesquisas também apontam resultados promissores com o uso de formigas predadoras do gênero Neivamyrmex, especialmente para o controle de pragas de solo. A aplicação técnica e monitorada desses macro-organismos possibilita a redução do uso de defensivos químicos, menor risco de resistência, preservação da biodiversidade e melhoria da saúde do solo.
O principal desafio, segundo Palucci, é ampliar o acesso a biofábricas, promover a capacitação técnica e fomentar políticas públicas que incentivem o manejo biológico como parte essencial da produção canavieira. A biotecnologia, nesse contexto, se apresenta como uma aliada estratégica para aumentar a produtividade sem abrir mão da sustentabilidade.