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Produtividade da manga associada aos insetos polinizadores

Produtividade da manga está associada à atividade de insetos polinizadores



Os investimentos em pesquisas, modernas estruturas de embalagem e de câmaras frias para armazenamento pós-colheita de frutos, na logística de transportes (rodoviário, aéreo e marítimo) e em mão-de-obra especializada, feitos na cadeia produtiva da manga, não podem dispensar a providencial atividade de abelhas, moscas e vespas nos pomares desta fruta. Voando de flor em flor e de planta em planta, durante quase todas as horas do dia e dos meses do ano, em busca de alimentos como o néctar e o pólen, estes insetos prestam um serviço único e primordial para a produtividade da cultura: a polinização das flores, etapa primeira de sua evolução e transformação em frutos.

O comércio da manga é um dos mais importantes da fruticultura brasileira. No Submédio São Francisco, principal área de produção do país e maior pólo de exportação, o negócio da fruta movimenta milhões de dólares e gera milhares de empregos. Muito deste vigor econômico está associado à polinização dos pomares realizadas por abelhas, moscas e vespas, afirma a pesquisadora Lucia Helena Piedade Kiill, da Embrapa Semi-Árido. Sem a atividade polinizadora destes insetos a safra de frutos das mangueiras não alcançaria a produtividade registrada nos cultivos comerciais da região.

A ação desses insetos nos pomares irrigados de manga tem sido estudada por pesquisadores da Embrapa Semi-Árido, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina - CEFET. O estudo é inédito e foi realizado no projeto “Diagnóstico de polinizadores no Vale do São Francisco” concluído em dezembro de 2006 – financiado pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO.

Coordenados por Lúcia, os pesquisadores acompanharam durante dois anos (2005/2006) o comportamento de abelhas, vespas e moscas em cultivos irrigados de manga no Submédio São Francisco. As informações geradas na execução do projeto destacam a ação benéfica dos insetos polinizadores nos pomares e favorecem a sustentabilidade ambiental e econômica da fruticultura na região. As sofisticadas e modernas técnicas gerenciais e de produção usadas nos pomares comerciais da fruta não podem dispensar práticas culturais que preservem os polinizadores nas áreas de plantio, assegura a pesquisadora.

A professora Kátia Maria Medeiros de Siqueira, da UNEB e do CEFET, explica que a polinização é uma conseqüência da atividade dos insetos nas visitas aos pomares em busca de alimento: o néctar e o pólen das flores. Eles sujam o corpo com grãos de pólen, que são um tipo de espermatozóides das flores e ao se deslocarem, depositam o pólen nas partes femininas da flor e promovem sua fecundação, marcando assim o início do desenvolvimento dos frutos. Devido à grande quantidade de flores a mangueira é muito procurada pelos insetos.

# Diversidade de polinizadores

O estudo registra que as flores da mangueira foram visitadas por cerca de 15 espécies de insetos. Três deles, porém, realizam visitas mais freqüentes: a abelha melífera, cujo nome científico é Apis mellifera, e as moscas Belvosia bicincta e Palpada vinetorum. As abelhas foram encontradas com maior freqüência do que as moscas, sendo consideradas como os principais polinizadores, diz Lucia Kiill.

Contudo, abelhas e moscas têm comportamentos diferentes de visitações. Nos momentos de maior presença das abelhas (início da manhã e final da tarde), as moscas pouco freqüentam os pomares. Nos outros instantes - final da manhã e início da tarde - a situação se inverte e as moscas aumentam sua presença nas plantas. Para os pesquisadores, esta diferença nos horários de freqüência revela uma acirrada competição dos insetos pela fonte de alimento. As abelhas mantêm um comportamento agressivo e não permitem que as moscas tenham acesso às flores.

# Manejo

Com base nas observações que realizaram, os pesquisadores apresentam medidas que podem ser adotadas para melhorar a produtividade da mangueira. Uma das práticas recomendadas é a alteração do horário de aplicação de agroquímicos da parte da manhã, como é mais comum, para depois das 17 horas. Ao longo do dia, os polinizadores alternam sua presença nos pomares e os defensivos químicos interferem de forma drástica no comportamento dos visitantes florais. O uso desses produtos não apenas reduz a diversidade das espécies, mas, também, a freqüência de visitação em até 70%, afirma Katia.

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