Silagem de girassol é uma boa opção para alimentação do gado
Silagem de girassol é uma boa opção para alimentação do gado
As pastagens nativas e cultivadas, na região Centro-Oeste, representam a principal fonte de nutrientes (energia, proteína, minerais e vitaminas) para os ruminantes (bovinos, caprinos e ovinos). Na época chuvosa, normalmente, ocorre uma maior disponibilidade de forragem de melhor qualidade, o que assegura a obtenção de índices zootécnicos satisfatórios. Entretanto, na época seca, os animais dispõem de uma menor oferta de forragem, pobre em proteína e rica em fibra, resultando invariavelmente em perdas de peso e reduções na produção de leite e, às vezes, até a morte de animais. Nesta época, a suplementação alimentar dos animais torna-se indispensável, visando minimizar os efeitos negativos decorrentes da baixa disponibilidade e qualidade da forragem. A silagem vem sendo utilizada como um importante volumoso na alimentação de ruminantes, durante o período de escassez de forragem. Várias espécies de plantas são usadas para a ensilagem, no entanto, a mais empregada é o milho, cuja silagem é considerada padrão. Em virtude da importância do grão de milho na nutrição humana e animal, têm sido realizadas pesquisas sobre a viabilidade da utilização de outras culturas para a produção de silagem. O girassol, apesar de ter sido introduzido no Brasil como planta oleaginosa, nos últimos anos, tem sido estudado como forrageira alternativa, mostrando que pode ser uma boa opção para a alimentação de ruminantes na região Centro-Oeste.
# O girassol e seus usos
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea herbácea, anual, que pertence à família Astereacea ou Compositae. O gênero "Helianthus" vem do grego "hélios" que significa sol e "anthos" que significa flor. O nome "girassol" refere-se à característica da planta de girar a sua inflorescência (capítulo) seguindo o movimento do sol até o momento da sua antese, após esta fica orientada para leste. Originário da América do Norte, o girassol é uma das quatro maiores culturas produtoras de óleo vegetal comestível no mundo. A planta pode atingir alturas variando de 50 a 400 cm. Possui um sistema radicular profundo, que lhe confere grande resistência à seca. O caule é robusto, ereto, provido ou não de pelos e geralmente sem ramificações, apresentando de 15 a 90 mm de diâmetro. As folhas são pecioladas, com 8 a 50 cm de comprimento, apresentando de 8 a 70 folhas sobre o caule. O capítulo pode ter a conformação plana, convexa ou côncava, apresentando flores liguladas (pétalas) na periferia e flores de estrutura tubular, que florescem do exterior para o interior do capítulo, em círculos concêntricos, sucessivos, originando os frutos. O fruto, mais conhecido como semente, é chamado aquênio. O capítulo varia de 6 a 50 cm de diâmetro e contém de 100 a 8.000 flores. O número de aquênios por capítulo varia de 800 a 1.700, sendo que o peso de mil aquênios pode oscilar de 30 a 60 gramas. As flores do girassol tradicional são amarelas. No entanto, o melhoramento genético possibilitou o desenvolvimento de girassol ornamental, que podem produzir flores vinho, rosa, rosa claro, rosa escuro, amarelo limão de centro escuro, mesclado, ferrugem e com forma de um raio de sol.
O girassol apresenta uma grande variedade de usos. Foi utilizado amplamente no início pelos índios americanos, como alimento, e pelos europeus e asiáticos, como planta ornamental e hortaliça. As sementes, importante fonte de ácido linoleico (ácido polinsaturado essencial), são utilizadas para a produção de óleo de cozinha, sendo considerado especial para a saúde humana. As sementes são, ainda, excelentes fontes de magnésio, potássio, ferro, zinco e cálcio, fibras, vitaminas do complexo B e E e proteínas com um bom padrão de aminoácidos, sendo aproveitado como matéria prima pelas indústrias alimentícias para o enriquecimento de produtos de panificação, cárneos, e de ração animal. O farelo, oriundo da semente processada para a extração do óleo, é empregado na alimentação animal. Esta cultura pode ser utilizada como forragem verde (picada) e conservada (silagem). Existem, ainda, os girassóis para uso ornamental.
# Solo, clima e plantio
O girassol é uma planta rústica que cresce bem em vários tipos de solos, mas prefere solos profundos e férteis. Não se desenvolve bem em solos arenosos e saturados de água, ou sujeitos a inundações. A planta é sensível a acidez do solo. O girassol tolera temperatura entre 10 ºC a 34 ºC sem redução significativa da produção, mas a temperatura ótima para o seu crescimento está em torno de 27 ºC a 28 ºC. As necessidades hídricas da cultura ainda não estão bem definidas, existindo relatos de pesquisa que indicam desde menos de 200 mm até mais de 900 mm por ciclo, e que, na maioria dos casos, de 500 a 700 mm de água, bem distribuídos ao longo do ciclo, resultam em rendimentos próximos ao máximo.
O plantio de girassol visando a elaboração de silagem é similar ao plantado para a produção de grãos. A taxa de semeadura varia entre três a quatro quilos de sementes por hectare. A profundidade de semeadura deve ser três a quatro centímetros. O espaçamento entre linhas é de 70 a 80 centímetros. A densidade deve oscilar entre 40.000 a 45.000 plantas por hectare. A época mais indicada para a semeadura nos Estados da região Centro-Oeste, estende-se de janeiro a meados de fevereiro. No entanto, poderá ser realizada no início da estação chuvosa.
# Adubação, produtividade e colheita
A Embrapa Soja recomenda, após análise do solo, a aplicação de 40 a 60 kg/ha de nitrogênio, 40 a 80 kg/ha de P2O5 e 40 a 80 kg/ha de K2O. Para prevenção da deficiência de boro, recomenda a aplicação de 1,0 a 2,0 kg/ha do elemento, juntamente com a adubação de base ou foliar em cobertura aos 30 dias após emergência da cultura. Para solos de textura arenosa, indica o parcelamento da dose de nitrogênio, colocando-se 30% na semeadura e o restante até 30 dias após a emergência das plantas.
A produtividade de forragem, em geral, é bastante elevada, existindo informações que indicam produções de 30 a 70 toneladas de massa verde por hectare. No entanto, a produtividade pode ser afetada por diversos fatores como solo, espaçamento, densidade de plantio, manejo e condições climáticas.
O momento da colheita é, sem dúvida alguma, uma das etapas mais importantes do processo de ensilagem, pois dele dependerá, em grande parte, a qualidade do produto final. A planta deve apresentar teores de matéria seca na faixa entre 26 e 30% (74-70% de umidade). Isso ocorre quando a planta atingir a maturação fisiológica. Nessa fase, a coloração da face posterior do capítulo passa a amarela e das brácteas a amarelo-castanha e as folhas inferiores estão senescidas.
# Produção, qualidade e fornecimento da siilagem
O processo de ensilagem é similar ao do milho e sorgo. Para o corte, podem ser empregadas as mesmas máquinas utilizadas para o milho e o sorgo. A silagem de girassol poderá ser produzida com a planta exclusiva ou em associação com uma gramínea (milho, e ou sorgo). Para obtenção de uma silagem de alta qualidade, alguns pontos deverão ser observados com o máximo cuidado, sempre que possível. Entre eles destaca-se a regulagem correta do equipamento, corte no estágio adequado de maturidade, rápido enchimento, boa compactação e boa vedação. A silagem de girassol pode ser produzida com a planta exclusiva ou em associação com uma gramínea, como por exemplo, milho ou sorgo.
A silagem de girassol tem excelente palatabilidade e qualidade, destacando-se pelo teor elevado de proteína e energia. A proteína bruta, na matéria seca, poderá atingir valores de até 13%. Ressalte-se, ainda, que sua digestibilidade também é muito boa.
O fornecimento da silagem de girassol dever ser feito de forma gradual para que o animal se acostume com o novo alimento. As quantidades fornecidas dependem do peso e do potencial produtivo do animal.
# A importância da silagem
A produção de silagem pode constituir uma estratégia adicional para assegurar uma oferta estável de forragem para os animais na época seca. A meta deve ser a obtenção de silagem de boa qualidade. Isto é possível a partir emprego de uma cultura de boa qualidade e de procedimentos corretos na fase de preparo da silagem. A planta do girassol, por suas características agronômicas e nutricionais relevantes, constitui uma excelente opção para ensilagem. Pode ser produzida utilizando-se a planta exclusiva ou em associação com uma gramínea, como por exemplo, milho ou sorgo. É um alimento volumoso de palatabilidade e qualidade elevada, sendo, portanto, indicado para animais de alto potencial genético.