Na América Latina, os dados da FAO indicam que aproximadamente 80% dos agricultores são do tipo familiar, ou seja utilizam no processo produtivo a mão-de-obra familiar e têm restrições tanto de qualidade quanto de quantidade de terra para cultivar, pouco instrução, baixa organização e uma oferta de tecnologia que não lhes permite reverter essas condições adversas.
Por outro lado tem sido sugerido que a inadequação das tecnologias à disposição desses agricultores tem sido atribuída a falhas na leitura da realidade por parte dos pesquisadores, que definiram os temas de pesquisa fundamentados principalmente em motivações pessoais.
A importância da tecnologia no processo de desenvolvimento, a responsabilidade indelegável do pesquisador quanto ao delineamento e ao caráter social da tecnologia, que exigirá a identificação dos ganhadores e perdedores e sua nova utilidade para a sociedade, estão demandando profunda reflexão por parte dos pesquisadores latino-americanos. A reflexão é fundamental para definir o processo de reversão do papel da pesquisa. Essa reversão poderá ocorrer e ser positiva na medida em que se tenha conhecimento da agricultura e dos agricultores, acarretando mudanças no comportamento e, finalmente, provocando mudanças nas atitudes dos pesquisadores e instituições de pesquisa.
No caso brasileiro, segundo Burke & Molina Filho (1978), não é suficiente que se estimule e se dinamize, quantitativamente e qualitativamente, a geração de novos conhecimentos e tecnologias, sendo igualmente importante que essas conquistas da ciência sejam prontamente transferidas aos agricultores e demais segmentos da cadeia produtiva e incorporadas à rotina do processo produtivo. Para Londoño & Jassen (1990), citado por Yokoyama et al. (1999), a adoção de tecnologia melhorada constitui objetivo fim do processo de pesquisa, visando o incremento de receita dos produtores e a maior disponibilidade de alimentos para os consumidores.
As avaliações de adoção de tecnologia têm, desta forma, tem importante papel porque evidenciam o grau de êxito do processo de pesquisa, fornecem subsídios para retroalimentar os programas de pesquisa e permitem avaliar se estes têm sido capazes de cumprir os objetivos propostos.
Geralmente, para estimar os avanços da difusão e adoção de novas cultivares, são necessários estudos de adoção nas áreas de produção, os quais requerem tempo e recursos, e somente se justificam no momento em que a cultivar já tenha sido difundida por vários anos. Os custos de tais estudos são elevados e dificultam sua execução. Estimativas efetuadas antes de decorridos vários anos podem ser obtidas pela metodologia de amostra de mercado, que é menos onerosa e mais rápida. Esta metodologia serve para monitorar o progresso de adoção e, também, para subsidiar a estimativa final da adoção. Por outro lado estudos sobre o nível de adoção da tecnologia envolvendo o segmentos produção, mercado e consumo, além de favorecerem a avaliação do impacto causado pela cultivar, podem contribuir para a análise do sistema de produção de uma cultura. Ao se considerar o segmento produção, a Embrapa Amapá em um trabalho pioneiro no Estado buscou no meio rural informações para retroalimentar os trabalhos de pesquisa com a cultura do feijão caupi.
No trabalho procurou-se conhecer entre os produtores, que tiveram acesso às primeiras amostras de sementes básicas, o impacto de rendimento e aceitação da cultivar Amapá, em algumas localidades do estado, visando subsidiar futuros trabalhos de melhoramento e avaliar o êxito da pesquisa perante ao agricultor de forma individual.
Os resultados da pesquisa entre os pequenos produtores foi de extrema valia e dotada de importantes informações que em muito está contribuindo para o aperfeiçoamento dos trabalhos de pesquisa com a cultura do feijão no Estado.