O cultivo consorciado, quase sempre caracterizado pela redução de risco, melhor aproveitamento de área e mão-de-obra e, via de regra maior lucro, é mais utilizado em pequenas propriedades.
É freqüentemente sugerido que a predominância do cultivo consorciado pelos pequenos agricultores está na possibilidade de se obter maior estabilidade de rendimento nos diferentes anos. Neste tipo de sistema, se uma das culturas falhar ou se desenvolver fracamente, a outra cultura componente pode compensar no aspecto produtivo. Tal compensação se torna praticamente impossível se as duas culturas forem exploradas separadamente ou melhor no sistema de monocultivo
Outro fator que pode justificar a prática de uso de cultivos consorciados são as vantagens sociais. Neste sentido poderá ocorrer melhorias na utilização de mão-de-obra ao longo do ano, diversificação de produção, das condições de trabalho no meio rural e da qualidade de vida do produtor.
No Estado do Amapá, como restante dos Estados da Amazônia Brasileira, o sistema de produção de caráter de subsistência torna-se itinerante, o que leva o produtor a não cultivar a terra por mais de três ou quatro anos. Este fator faz com sempre novas áreas sejam trabalhadas com finalidade de suprir as suas necessidades imediatas de subsistência.
A Embrapa- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, através de sua unidade sediada no Estado do Amapá tem desenvolvido trabalhos com cultivos consorciados, envolvendo principalmente fruteiras tropicais. O objetivo dos resultados alcançados é de levar ao produtor do Estado, alternativas que possibilitem uma melhoria de qualidade de vida, aliada a possibilidade de aumento de renda líquida por unidade de área e tendo como focos principais a preservação ambiental e a fixação do homem à terra.
A seguir é mostrado ligeiras informações técnicas sobre o cultivo de acerola feito entre linhas de coqueiro gigante, que poderá ser utilizado pelo pequeno agricultor do Amapá.
Plantio do coqueiro gigante.
O coqueiro gigante deve ser plantado no início do período chuvoso que se inicia a partir da segunda quinzena de dezembro. A cova para plantio deve ser feita pelo menos trinta dias antes do plantio e ter a dimensão de 50 centímetros de boca (largura) e 50 centímetros de fundo. Na cova utilizar uma mistura de adubação na base de 15 litros de esterco de curral bem curtido ou 5 litros de cama de aviário, 1 quilograma de calcário dolomítico e 800 gramas de superfosfato triplo. O espaçamento entre fileiras de planta deve ser de 10,0 metros e entre plantas dentro da fileira utilizar 8,0 metros ( 10,0m x 8,0 m). Trinta dias após a plantio espalhar ao redor das plantas de coqueiro uma mistura de 100 gramas de cloreto de potássio e 150 gramas de uréia. Plantado na época apropriada, esta adubação deve ser realizada novamente durante o mês de maio.
Plantio da acerola.
A acerola deve ser plantada também no início do período chuvoso, simultâneamente com o coqueiro. Realizar a abertura das covas pelo menos trinta dias antes do plantio, com as dimensões de 50 centímetros de boca (largura) e 50 centímetros de profundidade. Na cova utilizar uma mistura de adubação de 300 gramas de calcário dolomítico, 150 gramas de superfosfato triplo e 8 litros de esterco de curral ou 3 litros de cama de aviário bem curtidos. Quarenta dias após o plantio espalhar ao redor das plantas de acerola uma mistura de 35 gramas de cloreto de potássio e 55 gramas de uréia. A acerola deve ser plantada entre as fileiras do coqueiro, sempre no centro entre quatro plantas de coqueiro, o que faz com que as plantas de acerola fiquem distanciadas de 10,0 metros dentro de suas próprias fileiras.
É importante lembrar que por ocasião da abertura das covas das duas espécies (acerola e coqueiro) deve-se usar a prática de separar a camada mais superficial de terra preta da camada barrenta e misturar os adubos recomendados com a terra prata. Em seguida encher primeiramente a cova com a mistura de adubos e terra preta e completar com a camada barrenta.
A cobertura morta para as duas espécies, usando-se por exemplo palha de arroz, palha de vagem de feijão caupi, caroços de açaí curtidos etc., é uma ação que deve ser adotada. Esta prática contribui para que as plantas sejam menos afetadas pelo período de estiagem, que normalmente no Estado, se inicia no mês de agosto.