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Embrapa avalia, no Amapá, Feijão Fradinho em Várzea


Emanuel Cavalcante

Tendo como habitat as regiões de clima quente (úmida e semi-árida), o feijão fradinho ou caupi (Vigna unguiculata (L.) é cultivado predominantemente nas regiões norte e nordeste do país. Estas regiões com características edafoclimáticas distintas – o norte, bastante úmido e coberto de floresta e o nordeste com o semi-árido e o sertão, enquadram-se na faixa de temperatura ideal (entre 18ºC e 34ºC) para o desenvolvimento do caupi.

O caupi, como uma leguminosa comestível e dotada de alto conteúdo protéico, constitui numa das principais culturas de subsistência do sertão semi-árido do nordeste e em áreas isoladas da Amazônia, especialmente onde se instalaram imigrantes nordestinos. Apesar de sua importância, especialmente no nordeste, é sugerido que os rendimentos obtidos nas grandes zonas ecológicas desta região se situam entre 450 kg/ha e 250 kg/ha.

Os níveis de produtividade média obtidos com o caupi são, em geral, ligeiramente inferiores ao do feijoeiro comum. Além de que, ocorre uma grande diferença entre as médias de produtividade conseguidas pelos agricultores em relação as obtidas pela pesquisa nas estações experimentais.

No norte do Brasil, apesar do caupi ser um componente importante nos sistemas naturais de produção e um dos componentes básicos da dieta alimentar humana, não apresenta um desempenho produtivos que estimule o agricultor em expandir suas áreas de cultivo. A predominância de exploração em solos de baixa fertilidade, não utilização de adubos e corretivos químicos e, principalmente, falta de utilização de cultivares de elevado potencial genético, são alguns dos fatores que contribuem para o baixo desempenho da cultura.

No Amapá não se dispõe de dados precisos sobre o que representa o caupi para a economia do Estado e a sua importância social para o pequeno agricultor. Porém com a criação da ALCMS (Área Livre de Comércio de Macapá e Santana) em 1991, uma grande número de pessoas, principalmente nordestinos, migraram o Estado, o que fica sugerido uma grande demanda por esta leguminosa como importante componente da alimentação. No Estado também , assim como para todas as demais culturas exploradas, não se dispõe de informações precisas sobre a importância sócio-econômica do caupi para a região. Porém nos três últimos anos tem sido observado um crescente interesse pelo cultivo da leguminosa no Estado. O preço compensador ao consumidor, que hoje esta em torno de 93% do preço pago ao feijão comum, pode ser uma dos fatores que tenha contribuído para que os pequenos produtores se declinassem à exploração do caupi. Por outro lado, a limitação ao cultivo do feijoeiro comum no Amapá, em virtude das condições climáticas adversas, tenha contribuído a grande procura pela exploração da leguminosa.

Como forma de criar mecanismos para estimular a expansão do cultivo do caupi, a Embrapa Amapá e parceria com a Embrapa Meio Norte, vêm desenvolvendo trabalhos de pesquisa e difundindo os seus resultados perante uma boa parte dos dezesseis municípios do Amapá. Como fruto deste trabalho conjunto houve a recomendação de duas novas cultivares de caupi de ampla aceitação, tanto no aspecto produtivo como no aspecto da comercialização. Os dois novos genótipos são para cultivo em condições de sequeiro.

Por sua vez o Amapá é detentor de extensas áreas várzeas, dotadas de boa fertilidade natural e com grande aptidão agrícola para a produção de alimentos. Porém estas áreas são desprovidas de informações agrotécnicas capazes de serem incorporadas ao sistema de produção do produtor ribeirinho, principalmente com a cultura do feijão fradinho ou caupi.

Baseado na grande demanda atual do Estado, em relação ao caupi, foi realizado um teste preliminar nas condições de várzeas visando identificar linhagens com alto potencial de produção, resistentes e/ou tolerantes a doenças e pragas e boa aceitação comercial.

Os trabalhos de pesquisa foram iniciados em 2000, sendo realizados às margens do rio Vila Nova, pertencente ao município de Mazagão, cujo solo é do tipo Gley Pouco húmico hidromórfico. Foram testadas dezesseis linhagens de tegumento branco, em virtude de ser o de maior aceitação comercial no Estado. Tendo em vista a boa fertilidade natural da várzea não se utilizou no estudo a prática de adubação e correção do solo.

Os resultados iniciais, mostraram o grande desempenho produtivo dos materiais avaliados, obtendo-se produtividade média de até 1.796 kg/ha de grãos. A média de rendimento do experimento foi de 1.203 kg/ha, que se comparado ao rendimento médio do Estado, implica em um acréscimo de 0000000 % de produtividade.

Os números dos resultados, preliminarmente obtidos, são expressivos e mostram ser possível disponibilizar ao produtor ribeirinho, num curto espaço de tempo, cultivares de feijão fradinho de elevado potencial produtivo.

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