O processo evolutivo do arroz (Oryza sativa L.) tem levado à sua adaptação as mais variadas condições ambientais. De um maneira mais abrangente, são considerados dois grandes ecossitemas para a cultura, que são o de várzeas e o de terras altas.
No mundo, a maior parte da produção e do consumo de arroz está localizada no continente asiático, cujo sistema básico de cultivo é o irrigado. O sistema de sequeiro é encontrado predominantemente no Brasil e, em menor proporção no continente africano. A Região Centro Oeste do Brasil é a mais importante no cultivo de arroz de sequeiro tradicional mecanizado.
O Estado do Amapá possui um meio físico bastante diversificado. São exemplos dessa diversidade as áreas de cerrado, mata e várzea. As áreas de terra firme, compreendendo as áreas de cerrado e capoeiras ocupam milhares de hectares e despontam como promissora para produção de grãos. Considerando o perfil do agricultor encontrado nesses ecossistemas, se aconselha o uso de variedades. Considera-se, portanto, que a utilização de cultivares melhoradas pode aumentar substancialmente a produtividade da cultura, além das sementes dessas cultivares se constituírem em insumos baratos e acessíveis para os produtores e as tecnologias serem de fácil adoção. Entretanto, não existe material disponível melhorado que seja adaptado a essas condições, havendo a necessidade de se obter populações melhoradas dentro da própria região.
O cultivo do arroz e do milho no Estado do Amapá é realizado por pequenos produtores em solos ácidos e de baixa fertilidade natural, o que é uma fator para a obtenção de baixas produtividades. Outros fatores, também fundamentais, que contribuem para o fraco desempenho produtivo das duas culturas no Amapá, se referem a falta de uso de técnicas modernas, não utilização de adubos e corretivos de solo e, carência de uso de sementes de boa qualidade..
Objetivando identificar cultivares de arroz e de milho de elevada capacidade produtiva e resistentes a pragas e doenças, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA retomou no Amapá, em conjunto com a Embrapa Arroz e Feijão e a Embrapa Milho e Sorgo os trabalhos de melhoramento genético com estas duas gramíneas.
Local do experimento
Os trabalhos estão sendo realizados no campo experimental da Embrapa Amapá, no município de Mazagão, que localiza-se ao sul do Estado do Amapá (meso região sul) à 41 km de distância da capital Macapá, com altitude de 9,94 m, latitude 00º17’00” e longitude 01º17’’5”. De acordo com a classificação de Köppen o município possui clima do tipo Ami, precipitação média anual de 2.300mm, temperatura média anual é de 27ºC e a umidade relativa do ar pouco acima de 80%. Os solos predominantes são Latossolos amarelo de textura média e baixa fertilidade natural.
Pesquisa com arroz
O experimento constou da avaliação de vinte e oito linhagens em blocos ao acaso e quatro repetições. A abubação foi na base de 10 kg/ha de nitrogênio (uréia), 60 kg/ha de P205 (superfosfato triplo) e 30 kg/ha de K20 (cloreto de potássio). Em cobertura, 45 dias após o plantio, colocou-se 30 kg/ ha de nitrogênio (uréia). A colheita foi realizada, por panículas , quando 2/3 encontravam-se maduras. Os dados avaliados foram numero de dias para a floração, altura de planta (cm) e produtividade com 13% de grau de umidade. Foram também realizadas inspeções visuais, por ocasião do florescimento, para o registro de doenças.
Os resultados obtidos indicam o grande potencial produtivo das linhagens. Houve diferença significativa para a característica produtividade média sendo que seu o intervalo ficou entre 3.904,8 kg/ha para a linhagem CNAs 8944 a 1.586,3 kg/ha para a linhagem CNA 8711. O bom comportamento produtivo dos materiais puderam ser avaliados pela média geral do experimento que foi de 2.688,7 kg/ha. Todas as linhagens ultrapassaram a média de rendimento médio que obtém em condição de sequeiro no Amapá, que é estimada em 1.000 kg/ha.
Pesquisa com milho
A pesquisa teve início em 1998, sendo a população CMS 14 submetida inicialmente a dois ciclos de seleção massal estratificado, onde foram extraídas 200 famílias de meio-irmãos com base em boas características de altura da planta e espigas, resistência ao acamamento, empalhamento.
As progênies foram avaliadas no Campo Experimental de Mazagão, em dois experimentos tipo látice simples 10 x 10, no espaçamento de 1,0m x 0,40m, com duas plantas por cova após o desbaste e parcelas representadas por uma fileira de 5,2 metros lineares, correspondendo a uma densidade de 50 mil plantas por hectare. A adubação constou de 80-41-48 kg/ha de nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente, sendo o nitrogênio parcelado em duas vezes iguais, na semeadura e 30 dias após.
Foram detectadas diferenças altamente significativas entre as progênies para os caracteres avaliados, indicando a presença de variabilidade genética. As altas estimativas dos parâmetros genéticos para produção de grãos como a variância genética aditiva [1028,77(g/planta)2], coeficiente de herdabilidade (64,0%) e coeficiente b (1,03), associado à alta média de produtividade das progênies são indicadores do grande potencial desta população em um programa de melhoramento. O ganho para produção de grãos com a seleção das 20 progênies superiores foi de 29,08% .