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Feijão e Milho na Pequena Propriedade do Amapá

Emanuel Cavalcante

Os pequenos produtores brasileiros são os principais responsáveis pelo cultivo do feijão consorciado com diversas culturas, sem dúvida um dos principais sistemas culturais utilizados no país. Portanto, trata-se de uma prática agrícola altamente significativa, não só pelo seu aspecto social, como também pela sua relevância econômica, já que a maior parte da produção de feijão no Brasil provém praticamente das lavouras de pequenos agricultores.

O termo consócio, consorciação ou associação de cultura é normalmente empregado quando ocorre o cultivo simultâneo de duas ou mais espécies, numa mesma área. Por definição, não é preciso que as culturas sejam semeadas ao mesmo tempo, podendo até o momento da colheita ser diferente. Porém, é necessário que elas sejam simultâneas, por um significativo período de crescimento.

Embora o termo consórcio ou consorciação seja amplamente empregado, existe na literatura estrangeira algumas denominações para casos específicos (Willey & Aidar 1982), tais como: cultivos intercalados – plantio de simultâneo de duas ou mais culturas, na mesma área, em sulcos independentes ou vizinhos ; cultivos mistos – plantio simultâneo de duas ou mais culturas, na mesma área, sem organizá-las em sulco; cultivos em faixa – plantio simultâneo de duas ou mais culturas, na mesma área, em faixas amplas o suficiente para permitir um manejo independente de cada cultura, mais insuficiente para impedir que as culturas interajam agronomicamente e finalmente, a denominação de cultivo de substituição para designar o plantio em seqüência de duas ou mais culturas, na mesma área, semeando a segunda antes da colheita da primeira, mas depois da floração desta.

No Estado do Amapá a prática do consócio é uma constância entre os produtores locais sendo os arranjos de campo e as culturas envolvidas os mais variados possíveis. A falta de informações na adoção de práticas adequadas ao bom desenvolvimento das culturas é um dos fatores que tem levado os agricultores a não alcançarem sucesso em suas lavouras.

Como forma de levar informações à respeito do consórcio de culturas em pequenas propriedades, a Embrapa vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa envolvendo tanto fruteiras como culturas alimentares. A seguir são abordados alguns práticas agrícolas que deverão ser adotadas na consorciação das culturas de feijão e milho no Estado do Amapá.

Estabelecimento do consórcio

A forma de estabelecimento predominante do consórcio entre feijão e milho no Estado do Amapá é aquela em que o ocorre primeiramente a semeadura do milho e após a sua maturação fisiológica, ou mais propriamente, durante o processo de secagem das plantas efetua-se a semeadura do feijão. Esta prática está relacionada às condições ambientais que estabelecem às épocas de plantio mais apropriadas para as duas culturas no estado. Frisa-se no entanto que esta situação é peculiar para de plantio de sequeiro e sem o uso irrigação, pois essa pratica não adotada pelos pequenos agricultores locais.

Semeadura do milho

O milho deverá ser semeado por todo o mês de janeiro ou no mais tardar até a segunda quinzena de fevereiro. O retardamento no cultivo do milho poderá inviabilizar a semeadura do feijão. O espaçamento deverá ser de 1,0m entre plantas e 0,50m entre covas com a utilização de duas plantas por cova. Poderá ser utilizada a cultivar BR 106, tendo-se a preocupação de realizar inspeções periódicas na lavoura para detectar-se o ataque da “lagarta do cartucho”, principal praga causadora de danos econômicos na cultura do milho no Amapá.

Semeadura do feijão

O feijão deverá ser semeado entre a segunda quinzena de maio a primeira quinzena de junho entre as linhas milho, após a maturação fisiológica deste ou quando suas plantas apresentarem-se secas. A pesquisa recomenda duas cultivares de feijão caupi sendo as cultivares Amapá e a BRS Mazagão. Para a primeira deve-se utilizar uma linha entre as fileiras de milho no espaçamento de 0,25m entre covas. Para a cultivar BRS Mazagão deve-se utilizar duas linhas entre as linhas de milho mantendo-se também o espaçamento de 0,25m entre covas. Especial atenção deve ser dispensado ao ataque “vaquinha”, praga Que. tem limitado o cultivo do feijão no Amapá. Para a cultivar Amapá a colheita deve ser realizada 75 dias após a semeadura, enquanto 65 dias decorridos da semeadura procede-se a colheita na cultivar BRS Mazagão.

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