Os pequenos produtores brasileiros são os principais responsáveis pelo cultivo do feijão consorciado com diversas culturas, sem dúvida um dos principais sistemas culturais utilizados no país. Portanto, trata-se de uma prática agrícola altamente significativa, não só pelo seu aspecto social, como também pela sua relevância econômica, já que a maior parte da produção de feijão no Brasil provém praticamente das lavouras de pequenos agricultores.
O termo consócio, consorciação ou associação de cultura é normalmente empregado quando ocorre o cultivo simultâneo de duas ou mais espécies, numa mesma área. Por definição, não é preciso que as culturas sejam semeadas ao mesmo tempo, podendo até o momento da colheita ser diferente. Porém, é necessário que elas sejam simultâneas, por um significativo período de crescimento.
Embora o termo consórcio ou consorciação seja amplamente empregado, existe na literatura estrangeira algumas denominações para casos específicos (Willey & Aidar 1982), tais como: cultivos intercalados – plantio de simultâneo de duas ou mais culturas, na mesma área, em sulcos independentes ou vizinhos ; cultivos mistos – plantio simultâneo de duas ou mais culturas, na mesma área, sem organizá-las em sulco; cultivos em faixa – plantio simultâneo de duas ou mais culturas, na mesma área, em faixas amplas o suficiente para permitir um manejo independente de cada cultura, mais insuficiente para impedir que as culturas interajam agronomicamente e finalmente, a denominação de cultivo de substituição para designar o plantio em seqüência de duas ou mais culturas, na mesma área, semeando a segunda antes da colheita da primeira, mas depois da floração desta.
No Estado do Amapá a prática do consócio é uma constância entre os produtores locais sendo os arranjos de campo e as culturas envolvidas os mais variados possíveis. A falta de informações na adoção de práticas adequadas ao bom desenvolvimento das culturas é um dos fatores que tem levado os agricultores a não alcançarem sucesso em suas lavouras.
Como forma de levar informações à respeito do consórcio de culturas em pequenas propriedades, a Embrapa vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa envolvendo tanto fruteiras como culturas alimentares. A seguir são abordados alguns práticas agrícolas que deverão ser adotadas na consorciação das culturas de feijão e milho no Estado do Amapá.
Estabelecimento do consórcio
A forma de estabelecimento predominante do consórcio entre feijão e milho no Estado do Amapá é aquela em que o ocorre primeiramente a semeadura do milho e após a sua maturação fisiológica, ou mais propriamente, durante o processo de secagem das plantas efetua-se a semeadura do feijão. Esta prática está relacionada às condições ambientais que estabelecem às épocas de plantio mais apropriadas para as duas culturas no estado. Frisa-se no entanto que esta situação é peculiar para de plantio de sequeiro e sem o uso irrigação, pois essa pratica não adotada pelos pequenos agricultores locais.
Semeadura do milho
O milho deverá ser semeado por todo o mês de janeiro ou no mais tardar até a segunda quinzena de fevereiro. O retardamento no cultivo do milho poderá inviabilizar a semeadura do feijão. O espaçamento deverá ser de 1,0m entre plantas e 0,50m entre covas com a utilização de duas plantas por cova. Poderá ser utilizada a cultivar BR 106, tendo-se a preocupação de realizar inspeções periódicas na lavoura para detectar-se o ataque da “lagarta do cartucho”, principal praga causadora de danos econômicos na cultura do milho no Amapá.
Semeadura do feijão
O feijão deverá ser semeado entre a segunda quinzena de maio a primeira quinzena de junho entre as linhas milho, após a maturação fisiológica deste ou quando suas plantas apresentarem-se secas. A pesquisa recomenda duas cultivares de feijão caupi sendo as cultivares Amapá e a BRS Mazagão. Para a primeira deve-se utilizar uma linha entre as fileiras de milho no espaçamento de 0,25m entre covas. Para a cultivar BRS Mazagão deve-se utilizar duas linhas entre as linhas de milho mantendo-se também o espaçamento de 0,25m entre covas. Especial atenção deve ser dispensado ao ataque “vaquinha”, praga Que. tem limitado o cultivo do feijão no Amapá. Para a cultivar Amapá a colheita deve ser realizada 75 dias após a semeadura, enquanto 65 dias decorridos da semeadura procede-se a colheita na cultivar BRS Mazagão.