O arroz (Oryza sativa L.) é uma dos alimentos básicos na dieta do povo brasileiro e de vários outros povos. Indubitavelmente, este produto representa um grande suporte sócio-econômico para o País, que tem experimentado na última década uma grande taxa de crescimento demográfico médio anual e grandes fluxos migratórios do meio rural para o urbano.
O arroz é uma espécie hidrófila, cujo processo de evolução tem levado à sua adaptação as mais variadas condições ambientais. No mundo, a maior parte da produção e do consumo de arroz está localizada no continente asiático, cujo sistema básico de cultivo é o irrigado. O sistema de sequeiro é encontrado predominantemente no Brasil e, em menor proporção, no continente africano.
Às características peculiares do arroz de sequeiro, e a grande diversidade climática brasileira, indicam que ações objetivas e dinâmicas de pesquisa fitotecnica, devem ser encetadas rumo a produtividades mais elevadas.
No final da década de sessenta, na primeira grande “revolução verde”, a planta de arroz foi submetida a consideráveis alterações genótipicas e fenotípicas, o que contribuiu para proporcionar importantes ganhos em qualidade e produtividade. Porém, nos últimos anos, a produtividade média da cultura vem se mantendo estável, não só pela possibilidade de se ter sido atingida a aproximação do seu potencial, mas sobretudo, pelas possíveis dificuldades de inter-relacionamento entre os resultados de pesquisa e o produtor, o que implica no impedimento de transferências e adoção de tecnologias modernas.
A análise da taxa atual de crescimento de crescimento da cultura do arroz no Brasil, comparada à área, permite verificar um acréscimo de apenas 0,5% ao ano. A produção, no entanto, experimentou um crescimento de 1,7% a.a., enquanto para a produtividade, o acréscimo foi de 1,2% a. a., no período de 1959/60 a 1996/97.
Na Região Norte do Brasil, quanto a produção, com base nos dados da safra de 1996/97, mostra queo Estado do Pará se destacou como o maior produtor de arroz de terras altas da região (396 mil toneladas), apresentando uma produtividade média de 1.484 kg/ha. A seguir vem o Estado de Rondônia (230,4 mil toneladas), com a maior produtividade da região, 1.757 kg/ha, em média, em regime de terras altas. No mesmo período os Estados de Roraima, Acre, Amazonas, Tocantins e Amapá, produziram juntos 146,4 mil toneladas, representando 18,9% de total de arroz produzido na Região Norte.
O arroz no Amapá, é explorado em todos municípios do Estado, com predominância para o cultivo de sequeiro. Os solos, onde se realiza o cultivo, são geralmente ácidos e de baixa fertilidade natural, o que implica na obtenção de baixas produtividades. Outras duas variáveis, também fundamentais, que contribuem para o fraco desempenho produtivo do arroz no Amapá, se relaciona à cultivos feitos de forma tradicionais e falta de uso de cultivares de qualidades superiores.
Com o objetivo de se selecionar cultivares/linhagens de arroz de elevada capacidade produtiva e boa aceitação comercial a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, através da Embrapa Amapá, em conjunto com a Embrapa Arroz e Feijão, localizada no Estado do Goiás , reiniciaram os trabalhos de melhoramento genético com a cultura, nas condições edafoclimáticas do Amapá.
Os trabalho de pesquisas que foram retomados em 2001, estão sendo conduzidos no campo experimental da Embrapa Amapá localizado no município de Mazagão, distante a 38 km da capital do Estado e, consta da avaliação da introdução de cinqüenta e oito genótipos sob cultivo de sequeiro e várzea.
Sem irrigação e em cultivo de sequeiro em terras altas, estão sendo testadas as seguintes linhagens/cultivares: CNA 8711, CNA 8793, CNAs 8990, Bonança, CNA 8170, CNAs 8938, CRO 97422, CNA 8540, Maravilha, CNAs 8936, Primavera, CNAs 8984, CNA 8789,CNAs 8960, CRO 97505, CNA 8794, CNAs 8934, CNAs 8989, CNAs 8952, Progresso, CNAs 8818, CNAs 8950, CNAs 8812, CNAs 8795, CNAs 8824, CNAs 8957, CNAs 8944 e CNAs 8983.
No ecossistema de várzea úmida, sem sistematização, estão sendo avaliadas as seguintes linhagens/cultivares: CNAi 8858, CNAi 8859, CNAi 8860, CNAi 8861, CNAi 8864, CNAi 8870, CNAi 8872, CNAi 8873, CNAi 8876, CNAi 8879, CNAi 8880, CNAi 8881, CNAi 8883, CNi 8886, CNAi 8922, Marajó, CNA 7830, Jequitibá, CNA 8023, CNA 8598, CN 8569, CNA 8721, CNA 8747, CNAi 9018, CNAi 9029, BR Irga 409, CICA 8, Formoso e Metica 1.
Pelos dados iniciais, serem submetidos a análise estatística, já pode ser observado o potencial produtivo de algumas linhagens, sendo que em condições de sequeiro existem rendimentos médios acima de 2.500 kg/ha, no ecossistema de várzea os rendimentos estão em torno de 3.500 kg/ha de grãos.