Quando o “homem branco” encontrou as Américas, a mandioca (Manihot escullenta Cratz) já era lenda entre os primeiros habitantes do lado de cá do mundo. E quando uma cultura se torna parte do imaginário coletivo de um povo, certamente bons motivos existem para que isso aconteça.
Conta a lenda que a filha mais graciosa de um cacique descobriu-se grávida. Revoltado, o pai submeteu a índia a terríveis castigos, tentando descobrir o mal feitos, pai da criança. Decidido a sacrificar a filha, outrora amada, face o vexame público em que se via, o chefe tribal tem um sonho onde um homem branco atesta a inocência e a pureza da menina, apesar de seu estado. Assim nasceu “Mani”, menina branca e linda que conquistou o amor da tribo. Ao completar um ano de idade ela morre, sem queixas ou sofrimentos. Mani foi sepultada na casa onde morava e sua cova passou a ser carinhosamente cuidada. Meses depois, da cova de Mani surge uma planta totalmente desconhecida, que continuou recebendo os melhores tratos. Mais tarde os índios notaram que o solo ao redor da planta misteriosa começou a rachar. Decidiram cavar e se depararam com grossas raízes nas quais reconheceram o corpo de Mani. Então batizaram de “Manioc”.
A mandioca, atualmente sem dúvida alguma, possui grande importância social em nosso País, por ser uma das culturas de auto-consumo para a maioria da população, sendo a mais relevante fonte de fornecimento de carbohidratos. Hoje as regiões Norte e Nordeste produzem em torno de 60% de toda a mandioca no Brasil.
A mandioca é uma das principais culturas para o pequeno produtor brasileiro, principalmente aqueles da região amazônica e do nordeste, onde constitui-se no alimento básico de grande parcela da população da região, especialmente a de baixa renda. Além da farinha, principal produto utilizado na alimentação humana outros derivados podem ser extraídos desta importante planta
A raspa da mandioca é utilizada na produção de ração animal, sendo considerada como complemento de alto valor energético para bovinos, suínos e aves. Acrescenta-se ainda o valor nutritivo da parte aérea que em função da cultivar e do tipo de cultivo, pode apresentar 25% de matéria seca, 16% de proteína bruta, 7,5% de extrato etéreo, 45% de carbohidratos, 14,5% de fibra bruta, 2% de cinzas, 0,63% de cálcio e 0,44% de fósforo.
Um dos principais consumidores da fécula de mandioca é a indústria de alimentos que. utiliza para dar liga à embutidos, na composição de sopas, no recheio de tortas e em alimentos infantis. Também é utilizada na indústria de papel e de colas. Surge também no mercado, a fécula modificada como outro produto bastante promissor, da cal pode-se obter pré-gelatinizados para alimentos de baixa calorias, plásticos biodegradáveis e produtos farmacêuticos. Destaca-se também, outras potencialidades das raízes, como no uso de farinhas panificáveis e produção de etanol para uso como combustível automotivo. Por fim cita-se a produção de “pellets”, resultado da moagem grosseira das raspas e secas ao sol, subseqüente compactação.
Apesar de originária do Brasil e de sua importância há evidências na carência de estudos que mostrassem a sua real potencialidade Em função de sua importância, a geração e transferência de tecnologias desde então, procurou descobrir novos produtos industriais que está culminando com o incentivo ao desenvolvimento de agroindústrias, como atividade integrada capaz de gerar lucros. Neste contexto, a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, tem procurado, principalmente, através de trabalhos de melhoramento genético, disponibilizar a produtores e a agroindústria novas cultivares de elevado potencial produtivo e de múltiplas finalidades.
Os resultados dos esforços da pesquisa representa um grande passo à frente no reconhecimento desta planta como um importante fonte de fornecedora de alimentos e vários derivados para a agroindústria.
