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Setor Agrícola do Amapá e o papel da Embrapa


Emanuel Cavalcante

O perfil demográfico do Estado do Amapá, fruto das modificações na estrutura, se assemelha aos outros estados da Região Norte, não ficando portanto imune, às tendências de intensificação do movimento de urbanização acelerada que vêm ocorrendo nas regiões de fronteira em expansão. É sugerido que parte da população que tem migrado para o Amapá é oriunda do Estados do Pará e Maranhão e parte das regiões das ilhas localizadas no nosso próprio Estado e também do Estado do Pará.

Mesmo se considerando o aumento populacional verificado nas últimas décadas, o Amapá ainda apresenta, uma densidade demográfica baixa, porém, uma distorção na distribuição da população, que se concentra fortemente entre os maiores municípios que são Macapá e Santana. Em dados coletados em 1991 estimava-se que 74,40% da população residiam em áreas urbanas, sendo que 63% nos dois municípios anteriormente citados, evidenciando o grande desequilíbrio espacial da população.

Em contrapartida as distorções mostradas acima o Amapá não se depara com graves conflitos de terra na zona rural, o que permite estabelecer um processo responsável de desenvolvimento agropecuário voltado para a valorização e incentivo a produção familiar diversificada do interior e incorporando as comunidades benefícios de ordem estrutural como vias de acesso, educação, saúde, lazer, saneamento básico e segurança, capazes de iniciar um processo paulatino de produção alimentar e fixar o homem do interior, contribuindo para inverter a atual concentração urbana.

A agropecuária amapaense enfrenta problemas graves de infra-estrutura, organização e na operacionalização de uma política adequada. O Amapá não dispõe, em sua política setorial, de linhas de ação mais efetivas para conduzir a ocupação dos espaços vazios, utilizando corretamente um modelo factível de desenvolvimento agropecuário, visando o aumento da produção e produtividade, sem perder a visão dos aspetos sociais e da interação natureza-homem.

A agropecuária do Amapá tem se mostrado ao longo da história, com momentos de ascensão, estabilidade e até mesmo de declínio em seu desempenho. Isto em função unicamente do descaso com que foi e está sendo tratado o setor.

No Estado existem aproximadamente 9% de terras ocupadas com atividades agropecuárias, 48% das propriedades são inferiores a 50 hectares e 15% das unidades produtivas possuem área entre 50 a 100 hectares. A propriedade da terra é fator limitante para a obtenção de crédito de custeio e investimento, já que os agentes financeiros exigem garantia reais para financiamento e a maioria dos produtores do Estado não possuem suas terras regularizadas.

A agricultura é praticada em 65% das propriedades, o que corresponde a 17% do total da área ocupada com o segmento da agropecuária. No Amapá, predomina a agricultura migratória de subsistência, com a utilização da mão-de-obra familiar e recursos financeiros próprios. A principal cultura explorada é a mandioca, sendo a de maior importância sócio-econômica para o pequeno agricultor. Outras culturas anuais como feijão, milho e arroz são exploradas em menor escala e visando somente o consumo familiar. Existem também no Amapá o cultivo de hortaliças, principalmente de espécies folhosas. A pequena produção do Estado tem como principal característica a baixa produtividade das culturas, fruto do uso de práticas agrícolas inadequadas, reduzindo deste modo a oferta de produtos e tendo como conseqüência a elevada importação de alimentos para suprir as necessidades do mercado interno.

No Amapá, o extrativismo vegetal, tem como os principais produtos o açaí (palmito e fruto), borracha, castanha-do-brasil, ervas medicinais, sementes oleaginosas, madeira e pesca. O cultivo de espécies florestais nativas regionais tem como principal entrave a existência em abundância de florestas nativas, o que torna o extrativismo mais atrativo sob o ponto de vista econômico.

O bovino, gradativamente vem sendo substituído por bubalinos, que apresenta melhor adaptação para as condições do estado, principalmente nas grandes fazendas, ficando a criação de bovinos para os pequenos e médios produtores. A quase totalidade do rebanho bovino tem por finalidade a produção de carne, sendo pequeno o rebanho leiteiro. O sistema de criação adotado é ultra-extensivo com os animais submetidos a um regime nutricional que depende das variações estacionais das pastagens nativas. Não é utilizada a mineralização nos animais e um dos maiores problemas sanitários é a alta incidência de verminose gastrointestinal e a brucelose. A criação de frangos de corte ocorre de forma tímida em granjas às proximidades da capital do Estado. A criação de galinhas e patos caipiras, apesar da pequena escala, assume importância social pois objetiva o fornecimento de carne e ovos para autosustentação das famílias.

Pelo breve histórico apresentado torna-se necessário a implementação de ações de pesquisa que visem um incremento em seus resultados, principalmente os relacionados a geração de tecnologia de proteção ambiental, produção agropecuária, processamento e preservação de produtos, condicionados a um maior conhecimento sobre os recursos naturais e dos aspectos sócio-econômico do Estado. Desta amneira a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vêm procurando no Amapá oferecer alternativas tecnológicas que acompanhem as transformações inerentes ao processo de modernização da sociedade e contribuir para solucionar problemas que tem afetado o progresso da agropecuária local. A empresa busca também atingir o equilíbrio entre o desenvolvimento e o meio ambiente, com a melhoria da qualidade de vida almejada pela sociedade amapaense.

No Amapá esta empresa de pesquisa tem sempre procurado adequar os seu trabalhos à realidade de seu ambiente externo. Os resultados obtidos até o momento podem contribuir de maneira significativa para se iniciar um processo de desenvolvimento do setor agrícola local. As informações tecnológicas disponíveis e serviços colocados à disposição dos usuários ou clientes são comprovadamente importantes para os sistemas produtivos do Estado. A Embrapa busca também resgatar a real necessidade de gerar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias para segmento agropecuário do Estado, aliado à preocupação com a melhoria da qualidade do meio ambiente e a elevação do padrão de vida da população amapaense.

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