Os solos do Estado do Amapá, como os demais solos tropicais são via de regra de baixa fertilidade e elevada acidez. Para se obter sucesso na exploração agrícola tem-se que necessariamente utilizar adubos e corretivos, entre outros insumos. No Amapá o preço elevado destes produtos tem se tornado um dos fatores limitantes para que o agricultor alcance produtividades que compensem o investimento na exploração de uma determinada cultura.
No estado há a predominância da exploração de culturas anuais sendo a mandioca a principal delas em virtude de ser, na forma de farinha, o principal produto da alimentação da grande maioria da população e poder se cultivada sem a utilização de fertilizantes. O arroz e o feijão são cultivados em menor escala assim como o milho que obtém rendimentos bastantes inferiores em relação às demais culturas citadas.
Além da limitação de fertilidade do solos de terra firme onde predomina a exploração agrícola no Amapá , os produtores utilizam em suas propriedades a prática do monocultivo, desperdiçando desta forma uma oportunidade de tirar maior proveito dos fatores de produção como água e luz.
Em oposição aos solos de terra firme, possui o estado extensas área de várzeas com potencial de ser utilizadas com fins agrícolas. Os solos de várzeas que são resultantes da continua deposição de sedimentos deixados durante as enchentes dos rios de água barrenta, são geralmente dotados de uma média a alta fertilidade natural. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), através de seu centro de pesquisa no Estado do Amapá, vêm procurando oferecer ao pequeno agricultor alternativas de exploração deste ecossistema com culturas alimentares. As pesquisa da Embrapa tem sido basicamente com culturas de milho, arroz, feijão e mandioca.
Preparo da área
O preparo da área deve ser feita de forma manual durante o mês de novembro e no máximo até segunda quinzena de dezembro. É aconselhável por ocasião do preparo do solo deixar uma faixa da vegetação nativa ao longo do rio de no mínimo 20 metros, a fim de evitar a erosão, mantendo-se também a vegetação próxima à nascente ou cabeceiras dos córregos e/ou igarapés. Para o cultivo do milho o preparo da área constará de roçagem dos restos culturais do arroz e das invasoras que se estabeleceram na área se seguido de uma queima ou retirada da vegetação remanescente.
Semeadura do arroz
O arroz deverá ser semeado sem utilização de fertilizantes de forma manual, durante o mês de janeiro ou fevereiro, no espaçamento de 0,30 m entre linhas e 0,30 covas com a colocação de 5 a 6 sementes por cova. As covas deverão ter no máximo 5 cm de profundidade para facilitar a germinação das sementes. A cultivar recomendada é a Ajuricaba que possui ciclo de 105 dias e deverá ser colhida de forma manual quando 2/3 das panículas mostraram-se maduras. A produtividade deste material em condições experimentais foi de 2.700 kg/ha de grãos.
Semeadura do milho
O milho deverá ser semeado após a colheita do arroz também sem utilização de fertilizantes e de forma manual, durante os meses de julho ou agosto. O espaçamento deve ser de 1,0 m entre linhas e 0,40 m entre covas com o semeio de 3 a 4 sementes por cova e realização de desbaste 10 dias após a germinação para a permanência de duas plantas por cova. A cultivar recomendada é a BR 106 que possui ciclo de 110 dias e produtividade média de 2.700 kg/ha de grãos.
Práticas culturais
A infestação de plantas daninhas nos cultivos em área de várzea tem sido um dos fatores que tem afetado de forma marcante o bom desempenho produtivo das culturas. Sendo assim deve-se procurar manter sempre as duas culturas no limpo, iniciando-se o controle de invasoras desde o momento do preparo do solo e se estendendo, principalmente, até os quarenta dias após o plantio. A semeadura na época adequada é uma prática que beneficia as culturas na competição com plantas daninhas.
As capinas devem ser realizadas de forma manual com auxílio de enxadas sendo que no momento da operação deve-se chegar a terra ao “pé” das plantas para facilitar a fixação das raízes secundárias e evitar tombamento
Controle de pragas e doenças
Para a cultura do arroz não foi verificado o ataque de pragas ou doenças causando dano econômicos à cultura. Apenas algumas espécies de percevejos de maneira bastante pontual se manifestam durante o enchimento dos grãos.
Para o milho não tem sido registrado também a ocorrência de doenças causando prejuízos econômicos. Por outro lado a “lagarta do cartucho” (Spodoptera frugiperda) é uma praga que dever ser levada em consideração pois é a única até o momento, que tem presença nos cultivos de milho em várzea. O ataque sobre milho pode ocorrer desde a fase d plântula até as fases de pendoamento e espigamento. Período relativamente prolongados de estiagem favorecem o estabelecimento de altos níveis de praga A presença da praga no interior do cartucho pode ser detectada pela quantidade de excrementos (semelhantes à serragem) ainda frescos na planta ou abrindo-se as folhas e observando-se a lagarta com a cabeça de coloração escura. O controle eficiente depende mais do método de aplicação do que do inseticida. A aplicação de inseticida por via liquida, em pulverização, deve ser feita utilizando-se bicos tipo leque, com o jato dirigido para o cartucho da planta. Na escolha do inseticida deve-se dar preferencia para produtos com características de seletividade aos inimigos naturais e de baixa toxidade. O uso generalizado de misturas de produto não é recomendado.