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Embrapa avalia consórcio de culturas nas várzeas do Amapá


Emanuel Cavalcante
O ecossistema de várzeas do Estado do Amapá apresenta grande potencial para fins agrícola e que podem através de informações agrotécnicas atuais serem incorporadas ao sistema produtivo do agricultor local. A exploração agrícola nestas áreas tem demonstrado superioridade produtiva em relação ao ecossistema de terra firme. Apesar da potencialidade produtiva das várzeas a sua utilização com culturas alimentares é inexpressiva e quando isto ocorre, tem sido realizado na forma de monocultivo. Com o objetivo de levar alternativas ao produtor ribeirinho a Embrapa Amapá vem testando cultivos consorciados envolvendo, principalmente, culturas alimentares como arroz, milho, feijão e mandioca. Entre os que mostraram-se viáveis destacou-se aquele envolvendo a cultura da mandioca e milho. Desta forma é mostrado a seguir alguns aspectos agrotécnicos envolvendo as duas culturas em questão, quando exploradas em consórcio nas várzea do Amapá. É aconselhável que por ocasião do preparo da área deixar-se uma faixa de vegetação nativa ao longo do rio de no mínimo oitenta metros, a fim de evitar a erosão, mantendo-se também a vegetação próxima à nascente ou cabeceiras dos córregos e igarapés. Devido a falta de maquinários adaptados às características físicas das várzeas, o preparo da área deve ser realizado de modo tradicional na região. O preparo da área devem ser realizado nos meses de outubro e novembro, podendo também se estender até a primeira quinzena dezembro, se as condições climáticas forem favoráveis. Antes da semeadura uma nova roçagem de ser realizada seguida de queima dos arbustos que se instalaram na área. Em função da boa fertilidade natural apresentada pelos solos de várzeas, durante os quatro primeiros anos não tem sido observado a necessidade do uso de fertilizantes químicos. Contudo, após este tempo, com cultivos sucessivos em uma mesma área, tem sido notado decréscimo na produtividade de algumas culturas. Desta maneira a partir do deste período é recomendável proceder uma análise de solo, visando corrigir possíveis deficiências de elementos minerais no solo. A semeadura em época apropriada é um fator importante para se diminuir o número de capinas e se evitar a competição com as plantas daninhas na fase inicial de desenvolvimento das plantas. As semeaduras manuais, tanto da mandioca como do milho devem ser feitas na segunda quinzena de julho ou durante o mês de agosto. Para a mandioca utilizar uma maniva de um palmo de comprimento (aproximadamente 15cm) por cova, enquanto que para o milho semear três a quatro sementes e posteriormente realizar o desbaste para a permanência de duas plantas por cova.. Em caso de falha total de plantas em uma cova, nas covas vizinhas poderão ser conservadas três plantas. Para a mandioca utilizar o espaçamento de 2,40m entre fileira e 1,0m entre plantas dentro da fileira (2,40m X 1,0m). Para o milho, que deverá ser semeado entre as fileiras de mandioca recomenda-se o espaçamento de 1,0m entre fileiras e 0,50m entre plantas dentro da fileira (1,0m X 0,50m). Nos trabalhos experimentais em área de várzea, a cultivar Mameluca apresentou bom comportamento produtivo. As cultivares Mãe Joana e Amazonas - Embrapa 8, ambas introduzidas do Estado do Amazonas, também mostraram boa adaptação produtiva. Para a cultura do milho já foram avaliados um grande número de cultivares, e as mais recomendadas são: BR 5102, BR 106, BR 201 e BR 5103 e BR 108. O produtor deve procurar manter o plantio sempre no limpo, iniciando-se o controle de plantas daninhas desde o momento da semeadura. Duas ou até três capinas manuais são usualmente necessárias para manter o consórcio no limpo. Por ocasião das capinas efetuar a amontoa, para facilitar a fixação das raízes secundárias e evitar o tombamento das plantas. Não é recomendável a utilização de herbicidas, em função de sua pouca funcionalidade e do perigo de contaminação da água, normalmente utilizada pelo ribeirinho para os mais diversos fins. A cultura da mandioca em várzea não se mostrou propensa ao ataque de pragas. Para o milho as pragas de importância econômica, mas com ataque esporádico, são as lagartas elasmo (
Elasmopalpus lignoselus) e lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Para a lagarta elasmo sugere-se a aplicação do inseticida carbaryl 85 PM em pulverizações dirigidas para a região do colo da planta. Para a lagarta-do-cartucho indica-se o inseticida carbofuran, sendo o produto colocado no interior do cartucho. As dosagens dos inseticidas devem ser aquelas estipuladas no rótulo dos fabricantes. A mandioca consorciada com o milho em área de várzea não apresentou sintomas de doenças. Para a cultura do milho foi detectado a presença de helmintosporiose
(Helminthosporium turcicum) e a podridão da espiga (Diplodia maydis e Fusarium moniliforme), porém, o ataque causado por estas doenças não causou prejuízos a produção de grãos. Para a mandioca a colheita deve ser realizada entre o sétimo e oitavo mês decorridos do plantio, evitando com isso o apodrecimento das raízes. Para o milho, iniciar a colheita quando a planta e a espiga apresentarem-se praticamente secos.
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