CI

Embrapa avalia mandioca para o Amapá


Emanuel Cavalcante

Nas regiões tropicais a cultura da mandioca é tão importante quanto o milho, arroz, feijão e outras culturas alimentares. Na Região Amazônica a cultura tem um papel fundamental no processo de sustentação de vida dos agricultores e é um componente essencial na dieta alimentar da população, principalmente de baixa renda.

A da mandioca no Estado do Amapá é explorada em praticamente 100% das propriedades rurais, tornando-se a cultura de maior expressão sócio-econômica do meio rural e representa na forma de consumo de farinha a base da alimentação dos agricultores e de seus familiares. Apesar de sua importância nenhuma melhoria tem sido introduzida na sua forma de cultivo no Estado o que tem levado a cultura a obter rendimentos muito aquém daqueles obtidos em outras unidades da federação. Dentro deste enfoque a utilização de cultivares de elevado potencial produtivo representa uma ação importante para melhorar o desempenho da cultura e dotar os agricultores de materiais que lhe ofereçam ganhos significativos de produtividades.

Como forma de contribuir para melhoria do desempenho produtivo da mandioca no Amapá a Embrapa vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa com vistas, principalmente, de dispor para o Estado de cultivares de elevado potencial genético de produção e de boa aceitação entre produtores e consumidores finais. Nesta trabalho é apresentado os resultados de pesquisa realizados pela Embrapa Amapá com algumas cultivares introduzidas de mandioca no Amapá.

As cultivares foram avaliadas no campo experimental da Embrapa Amapá localizado no município de Mazagão que possui clima do tipo Ami, precipitação média anual de 2.300 mm e um período chuvoso que se inicia no final do mês de dezembro ou início de janeiro. A temperatura média anual é de 27ºC e a umidade relativa do ar acima de 80%.

O preparo do solo da área experimental, que apresentava uma vegetação do tipo de capoeira, constou de uma aração e uma gradagem. O solo é do tipo Latossolo amarelo de baixa fertilidade natural.

Não houve aplicação de fertilizantes e corretivos de solo. Não foi utilizado delineamento experimental e as cultivares foram plantadas na forma de coleção totalizando sessenta e cinco materiais . O espaçamento foi de 1,0m entre linhas e 1,0m covas, com a utilização de uma maniva de 20 cm plantada na cova de forma horizontal. As parcelas tiveram um área total de 14 m² com 14 plantas em cada uma delas.

A colheita foi realizada aos quinze meses após o plantio, sendo avaliado a produtividade de raiz por hectare, produção da parte área por hectare, percentual de farinha produzido por cada cultivar em relação a produtividade de raiz e aspecto visual de doenças e arquitetura de plantas. Devido à falhas no estande treze materiais foram descartados das mensurações.

Na avaliação visual de campo no que se refere ao ataque de doenças todas as cultivares mostraram-se imune. È importante frisar que esta imunidade foi avaliada até aos quinze meses decorridos do plantio, período em que foi realizada a colheita.

Na característica de produtividade a cultivar Mameluca obteve o melhor desempenho com 56,5 t/ha/raiz, porém com um rendimento de farinha de 18%. Outra cultivar que obteve boa produtividade foi a Sutinga com 31,5 t/ha/raiz, todavia apresentou um percentual de produção de farinha da ordem de 16%. Considerando-se que as cultivares utilizadas pelos agricultores situam-se entre os percentuais de 19% a 25% na relação produção de raiz versus produção de farinha, estes materiais dificilmente seriam adotados em plantios no Estado. Pelas boas produtividades obtidas poderiam ser uma opção para serem utilizadas como outros derivados da cultura que não fosse a farinha.

As cultivares Farias com 29% e Placrena com 26% foram as de melhor desempenho no percentual de conversão de farinha com rendimento de 16,7 t/ha/raiz e 29,6 t/ha/raiz, respectivamente. O desempenho da cultivar Farias na produção de farinha reforça a sua grande aceitação de cultivo entre os produtores do estado, mesmo não tendo apresentado neste trabalho um boa produção de raiz. Os materiais Iracema, SM 327, Itauba, Cearense-1 e Lagoa II, com 7,7 t/ha/raiz, 6,9 t/ha/raiz, 6,5 t/ha/raiz, 4,9 t/ha/raiz e 2,4 t/ha/raiz, respectivamente, apresentaram as menores produtividades. Os baixos estandes das parcelas podem ter contribuído para este fraco desempenho.

As cultivares EAB-1015 com 11%, Inambu Rocho com 13% e IAN-2 com 14%, foram as de menores percentuais de conversão de farinha.

A cultivar Olho Verde apresentou excelente produção de manivas e plantas eretas com pouca produção de folhagem o que lhe confere boa característica para ser utilizada em plantios consorciados. Por outro lado a cultivar Pau-de-Xexéu com características de plantas extremamente esgalhadas pode ter limitação em ser utilizada em consócio com outras culturas, especialmente plantas alimentares.

Como conclusão dos trabalhos pode-se afirmar que: as cultivares Farias (29%) e Placrena (26%), alcançaram os maiores percentuais de conversão de farinha com produtividades de 16,t/ha/raiz e 29,6 t/ha/raiz, respectivamente; as cultivares Mameluca (56,5 t/ha/raiz) e Sutinga (31,5 t/ha/raiz) , obtiveram as maiores produtividades, com rendimento de conversão de farinha 18% e 16%, respectivamente e todas as cultivares testadas mostraram-se imunes ao ataque de doenças.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.