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Feijão Comum e Fradinho no Amapá


Emanuel Cavalcante

O Estado do Amapá, situado na porção setentrional do Brasil e na Amazônia brasileira, possui uma área de 140.276m2 que representa cerca de 1,65% da superfície do país. O clima do Estado é equatorial com temperatura média 26, sendo dois tipos predominantes: Afi, que ocorre na porção central do Estado, caracterizando-se por apresentar chuvas abundantes durante todo o ano onde os totais pluviométricos mensais são iguais ou superiores a 60mm e o Ami de regime pluviométrico elevado, mas com uma estação relativamente seca, sendo o predominante no Estado.

Os solos do Amapá, como na maioria das regiões tropicais, são em geral de baixa fertilidade e elevada acidez, sendo as classes de maior representatividade os Latossolo amarelo, Latossolo-vermelho-amarelo, Podzólico vermelho-amarelo, Gley húmico e Gley pouco húmico.

O Estado, apresenta condições se tornar um grande produtor de certos produtos agrícolas para abastecimento interno da região e também de suprir outros estados da própria região Norte. Entre os produtos com potencial de exploração pode-se citar diversas fruteiras tropicais, certas hortaliças e gêneros de alimentação básica como arroz, milho e o feijão.

No que diz respeito à produção de produtos básicos pode-se fazer uma delicada observação para uma cultura de grande expressão sócio-econômica para a população brasileira, que é o feijão - espécie conhecida como Phaseolus vulgaris. Esta espécie que é um dos componentes principais da dieta alimentar da população como um todo, encontra em alguns estados da Região Norte, fortes entraves para se consolidar como uma cultura de expressão nacional.

O Phaseolus vulgaris mais conhecido norte do Brasil como feijão comum ou feijão do sul, tem encontrado até o momento no Estado do Amapá condições edafoclimáticas impróprias para o seu cultivo. A ocorrência de temperaturas elevadas, chuvas freqüente e alta umidade relativa, característico das zonas equatoriais e tropicais favorecem o aparecimento de um fungo (Thanatephorus cucumeris – Frnk) causador de uma doença conhecida com o nome vulgar de “mela”, cujo ataque tem limitado o cultivo deste feijão, no Amapá.

A “mela” é uma das doenças do feijoeiro mais difíceis de serem controladas. Isto porque o patógeno apresenta um grande número de hospedeiros (cuja maioria é de plantas cultivadas como pepino, tomate, repolho, alface, algodão e arroz), grande capacidade saprofítica e encontrar-se amplamente adaptado à região amazônica. Para o controle da doença tem sido sugeridos épocas de plantios e espaçamentos apropriados, eliminação de restos culturais, cultivo mínimo e utilização de cultivares resistentes. Nesse aspecto alguns trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos pela Embrapa no município de Mazagão, contudo os resultados iniciais não foram promissores.

Contrário a viabilidade de cultivo do feijão do sul, o Amapá possui condições propícias para cultivar o feijão caupi (Vigna unguiculata – (L.) Walp). Espécie esta dotada de características protéicas semelhantes ao feijão do comum, adaptado a solos de baixa fertilidade, dotado de boa característica produtiva, boa aceitação comercial e tolerantes ao ataque de pragas e doenças. O feijão caupi desta forma pode se tornar pelo menos um produto de grande expressão social para o estado, principalmente para suprir as carências alimentares da população residente no meio rural, que tem no consumo da farinha de mandioca, um de seus componentes da alimentação básica.

A cultura do feijão caupi tem grande expressão econômica no nordeste brasileiro, sendo esta região a principal produtora e tradicionalmente a maior consumidora. Com o atrativo da criação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana um contigente incalculável de pessoas nordestino migraram para o Amapá o que tem sido evidenciado uma demanda em potencial no consumo de caupi no Estado. Isto sugere para que a cultura deva olhada como um produto de grande valor tanto no aspecto de produção como no aspecto de comercialização.

Em função desta demanda potencial, torna-se necessário criar mecanismo que possa colocar o caupi como um produto de aceitação e consumo no Estado. Dentro deste princípio a Embrapa Amapá tem desenvolvido ações de pesquisa com vistas a colocar o produto no mercado local. A identificação e recomendação de duas novas cultivares de caupi designadas de Amapá e BRS – Mazagão tem sido o ponto de partida colocar a cultura como uma nova opção de desenvolvimento do meio rural como um todo.

Desta forma no impedimento de se explorar o feijão comum, pode-se perfeitamente cultivar o feijão caupi no Estado do Amapá uma vez que, além de comprovada boa adaptação local e preço de comercialização promissor, possui importantes características na suplementação alimentar da população.

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