Os números estatísticos mostram que no Brasil a agricultura praticada na pequena propriedade corresponde a 4,3 milhões de estabelecimentos e as propriedades ditas familiares ocupam aproximadamente 14 milhões de pessoas (56% do ativo total) sendo responsáveis por quase 30% do valor da produção agropecuária.
Segundo dados da FAO (1995) existiam no Brasil um total de 5.801.809 estabelecimentos familiares sendo assim distribuídos: Região Norte (543.337); Região Nordeste (2.798.239); Região Sudeste (993.978); Região Sul (1.198.542) e na Região Centro Oeste 267.337 estabelecimentos familiares. É sugerido também que os estabelecimentos agropecuários com menos de cem hectares, cujas áreas totais correspondem aproximadamente a 23% do total de propriedades existentes, são responsáveis por uma significativa participação na produção agropecuária do País, sendo 89% da mandioca, 80% do feijão, 69% do milho, 67% de algodão, 48% da soja, 39% do arroz e 27% de rebanho bovino. Pelo números fica evidenciado a importância da pequena propriedade na contribuição para o desenvolvimento do setor agropecuário nacional. Por sua importância, a pequena propriedade rural deve ser vista também como instrumento fundamental para a atividade de produção de sementes.
Como a grande maioria dos alimentos básicos como arroz, milho, feijão e mandioca produzidos em pequenas propriedades, ou seja sem o caráter empresarial, a produção de sementes também poderia ser viabilizada dentro desta classe de produtores. Para tanto a figura das associações de produtores desempenharia um papel fundamental para assumir esta importante atividade no setor agrícola. Os pequenos produtores uma vez organizados possuem enormes condições se suprirem as necessidades de produção de alimentos básicos e ainda exercerem atividades de difícil execução á nível individual, como é o caso de produção de sementes. A organização, portanto seria a base principal para se obter sucesso na atividade.
No Estado do Amapá, a Embrapa- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, exercitou a experiência de envolver uma associação de produtores na prática de produção de sementes e os resultados obtidos, como eram esperados foram extremamente positivos. Os trabalhos foram realizados no município de Porto Grande, envolvendo a associação de produtores da colônia agrícola do Matapi e o produto em teste foi o feijão caupi (designado também, entre outros nomes de fradinho, macassar, manteiguinha etc.) cuja cultivar foi lançada comercialmente pela própria Embrapa para o Estado. Neste trabalho experimental, até então inédito no Estado, a associação de produtores disponibilizou 4,6 toneladas de sementes de feijão para plantio no ano subsequente . Além da participação direta do produtor durante na fase de produção, houve também a participação efetiva e fundamental de técnicos dos órgãos de assistência técnica e da defesa e fiscalização vegetal.
Além da viabilidade da produção de sementes, o produtor do Amapá pode dispor na sua propriedade de uma cultivar de alta qualidade para plantio no ano subsequente, eliminando portanto o uso de grãos para plantio, que é prática bastante usada pelos produtores locais.
Acrescenta-se ainda outro aspecto extremamente importante envolvendo a associação nesta atividade, é que o relacionamento sistemático com os produtores funciona como uma unidade de transmissão de conhecimentos de novas práticas agrícolas ou seja, tem um caráter de difusão de tecnologia. Desta forma com o trabalho participativo é possível repassar os produtores informações atualizadas sobre o preparo do solo, práticas de adubação, formas de semeadura, uso dos tratos culturais, praticas de controle fitossanitários, procedimentos na colheita, formas de armazenamento, aspectos da comercialização e outras informações.
A experiência da Embrapa no Amapá, mostrou que a produção de sementes no Estado através de associação de produtores é uma prática bastante viável além de ser um instrumento eficaz na incorporação de novas tecnologias.