Mesmo com as indiscutíveis transformações nos perfis econômico e técnico da agricultura brasileira, influenciadas pelo que se convencionou ser chamado de modernização, a partir da metade dos anos sessenta, uma importante uma grande e importante parcela da agricultura familiar ficou marginalizada do processo, continuando dependente da grande propriedade ou migrando para os centros urbanos.
A agricultura familiar agrega hoje cerca de 14 milhões de pessoas (60% do total da agricultura), detém 75% dos estabelecimentos agrícolas do País, com 25% das terras cultivadas, sendo responsável por cerca de 35% do volume total da produção agrícola nacional. Os recentes estudos realizados pela FAO/Incra mostram que, do total estimado de 5,8 milhões das propriedades agrícolas, cerca de 1,4 milhões pertencem à categoria patronal e aproximadamente 1,1 milhões são unidades do tipo familiar, com uma situação consolidada em termos de capitalização e bom nível tecnológico de exploração. Os demais 3,1 milhões são propriedades também do tipo familiar, mas que em maior ou menor grau, mostram determinados problemas como, baixa inserção no mercado, precariedade de posse da terra e difícil acesso à crédito, quase nenhum acesso à assistência técnica, baixo nível de capacitação, entre outros.
Visando, entre outros objetivos viabilizar estas estimadas 3,1 milhões de propriedades familiares, a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, instituiu um Programa de Pesquisa para a Agricultura Familiar. Este programa além procurar fornecer elementos à produção familiar visando sua inserção ao mercado, visa também incorporar à visão econômica uma visão social e outra relacionada às questões ambientais.
Na região norte onde é estimado possuir 543.713 estabelecimentos familiares agrícolas o programa o criado pela Embrapa tem conseguido obter resultados expressivos e contribuído de maneira marcante para elevar o padrão de vida dos agricultores e de suas famílias. Nesta região o enfoque sistêmico no processo de geração e transferência de tecnologia, tem contado com participação fundamental dos extensionistas como colaboradores diretos.
A pesquisa em agricultura familiar deverá ser um dos focos principais das políticas públicas para o setor agrícola, em função da grande capacidade de absorvição de mão-de-obra, possibilidade de gerar produtos de qualidade e menor custo, capacidade de garantir a estabilidade na produção de diversos produtos básicos e possuir condição natural contribuir para a preservação dos recursos naturais.