A consorciação de culturas, conhecida na literatura estrangeira como “intercropping”, pode ser definida como sendo o cultivo de duas ou mais culturas numa mesma área. Por definição, as duas culturas não são necessariamente semeadas ao mesmo tempo e o momento da colheita pode ser bem diferente, mas é necessário que elas sejam simultâneas por um período de crescimento (Willey 1979).
Inúmeros trabalhos de pesquisa permitem apontar algumas vantagens do cultivo consorciado em relação ao monocultivo, entre elas cita-se: melhor utilização de área; diminuição de riscos de perdas totais por fatores imprevistos; melhor uso dos recursos ambientais; maior produção de alimentos por área; estabilidade de rendimento; melhor proteção contra o ataque de pragas, doenças plantas daninhas; melhor utilização da mão-de-obra familiar; melhor controle da erosão; diversificação da dieta alimentar, além de proporcionar diversificação da fonte de renda.
Diversas denominações são utilizadas, normalmente, para expressar situações em que estão envolvidos o plantio de duas ou mais culturas numa mesma área. Entretanto, no Brasil a denominação de consórcio ou associação de culturas é amplamente utilizada, independente da situação envolvida. É também freqüente empregada a designação de monocultivo, ou cultivo solteiro ao plantio de uma só cultura na mesma área.
No Estado Amapá, pela característica do produtor que explora sua propriedade para sustento próprio, a consorciação de culturas torna-se uma prática usual e necessária e, atualmente este tipo de cultivo começa a ser incentivado pelo governo local, através do órgão de assistência técnica e extensão rural local. As ações governamentais tem tentado implementar e difundir nas propriedades agrícolas do Estado a exploração de fruteiras tropicais tendo como foco principal o cultivo consorciado.
Como forma de levar à produtores e técnicos em geral, informações sobre cultivo consorciado de fruteiras, a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, através da Embrapa Amapá, estabeleceu quadras de avaliações envolvendo diversas espécies de fruteiras tropicais. A seguir é apresentado algumas informações agrotécnicas que tem se mostrado viável, para o pequeno agricultor do Estado, no que diz respeito o consórcio entre o mamoeiro plantado entre fileiras de mangueiras.
Plantio da mangueira
A época ideal para o plantio de mangueira no Estado do Amapá, é no início do período chuvoso que, em condições normais, ocorre no mês de janeiro. O plantio na época certa é de fundamental importância para o desenvolvimento das plantas além de contribuir para suportarem a época de estiagem. É aconselhável que a abertura das covas seja feita pelo menos trinta dias antes do plantio e ter as dimensões de 60 cm de largura (boca) e 60 cm de profundidade. Separar a camada mais superficial de terra preta da camada barrenta e misturar os adubos recomendados com a terra preta. Em seguida encher primeiramente a cova, com a mistura de adubos e terra preta e completar com a camada de terra barrenta. Na cova poderá ser utilizado, por ocasião do plantio das mudas, uma mistura de adubação na base de 1 quilograma de calcário dolomítico, 500 gramas de superfosfato triplo e 15 litros de esterco de curral ou 5 litros de cama de aviário.
O espaçamento entre fileiras poderá ser de 8,0 metros o mesmo acontecendo entre plantas dentro da fileira (8,0m X 8,0m). Sugere-se utilizar mangueiras enxertadas das variedades Haden ou Tommy Atkins. Quarenta dias após o plantio espalhar ao redor das plantas de mangueira uma mistura de 70 gramas de cloreto de potássio mais 100 gramas de uréia. Repetir esta mesma adubação no final do mês de maio.
Plantio do mamoeiro
O plantio do mamoeiro deve ser realizado também no início do período chuvoso e nas entrelinhas das mangueiras. O espaçamento sugerido é de 3,0 metros entre fileiras e 2,0 metros entre plantas dentro da fileira. Com o uso deste espaçamento os mamoeiros ficarão distanciadas de 2,5 metros das mangueiras. Realizar as aberturas das covas pelo menos trinta dias antes do plantio, nas dimensões de 40 centímetros de largura por 40 centímetros de profundidade. Na cova poderá ser utilizado uma mistura de adubação na base de 15 litros de esterco de curral ou 5 litros de esterco de galinha curtidos, 200 gramas de superfosfato triplo, 100 gramas de cloreto de potássio e 1 quilograma de calcário dolomítico. Aplicar 30 gramas de nitrogênio por planta, sendo a metade um mês após o plantio e o restante dois meses mais tarde.
É aconselhável que seja realizado a cobertura morta das plantas, das duas espécies, com materiais orgânicos curtidos como palha de arroz, palha de vagem de feijão ou caroços de açaí, com finalidade de contribuir para que as culturas sejam poucas afetadas pelo o período de estiagem, que em condições normais no Amapá, se inicia no mês de julho.