O sorgo ( Sorghum bicolor (L.) Moench) é uma planta tropical que suporta melhor altas temperaturas do que a maioria das outras culturas. O sorgo é muito resistente a desidratação, o seu sistema radicular fibroso é muito extenso, tem um rítimo de transpiração eficaz e características foliares das xerófitas que atrasam a perda de água da planta. Resiste melhor que o milho à seca, assim como também tolera um excesso de umidade no solo.
Em muitos países da África e Ásia o sorgo constitui alimento importante para a população, sendo utilizado na forma de farinha, Algumas tentativas de introdução deste hábito alimentar no Brasil tem sido efetuadas no nordeste.
Sob o ponto de vista prático, o sorgo como fonte de energia é comparado ao milho, como, possível alternativa na formulação de rações. O seu uso nas rações é condicionado à sua disponibilidade, custo e valor relativo ao milho como alimento. A composição química do sorgo é semelhante à do milho, entretanto, o valor nutritivo é ligeiramente inferior, para as diferentes espécies de animais domésticos. O conteúdo de proteína do sorgo é bastante variável, sendo dependente da variedade, fertilidade da área e adubação.
O sorgo é utilizado em diversos ramos da indústria para a produção de amido, farinha, cerveja, cera, óleo comestível, etc. Como o milho, produz ainda uma infinidade de subprodutos, dependendo do grau de industrialização a que seja submetido. Sua farinha pode também ser misturada com a do trigo para a fabricação de pão e massas.
Desta forma, sendo o sorgo um cultura tropical e, como forma de analisar o comportamento produtivo e oferecer mais uma opção de cultivo para o produtor amapaense, a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, através de sua unidade de pesquisa no Amapá realizou trabalhos experimentais com a cultura do nos três ecossistema do estado, várzea, terra firme e área de cerrado. Portanto é relatado a seguir, de forma resumida, os resultados dos trabalhos experimentais que foram realizados com avaliação de cultivares nas várzeas do Amapá.
Informações agrotécnicas
Por ocasião do preparo do solo, afim de ser evitar a erosão, foi deixado uma faixa de vegetação nativa de aproximadamente oitenta metros ao longo do rio e de mais ou menos quarenta metros próximo à nascente ou cabeceiras dos córregos e/ou igarapés. Em função da dificuldade de mecanização e falta de equipamentos apropriados, a área para o plantio foi preparado de modo convencional. As operações constaram de roçagem de pequenos arbustos seguido de uma queima. Como a semeadura foi realizada em dezembro, as atividades foram realizadas durante a segunda quinzena do mês novembro.
É oportuno mencionar que para o sorgo cultivado em área de várzea pode-se obter dois cultivos anuais. Portanto, pode ser utilizada a mesma área de plantio do mês de dezembro. Nesta caso a semeadura do segundo cultivo ocorre durante o mês de agosto.
Os sulcos para plantio ficaram distanciados entre si de 0,70 metros com profundidade entre 3 cm a 4 cm, utilizando-se uma distribuição de sementes uniforme para se obter uma densidade de plantio de quinze plantas por metro linear. Em função da área de várzea, geralmente, ser dotada de boa fertilidade não foi utilizado de adubação química ou uso de corretivos de solo.
A cultura foi sempre mantida isenta de competição com plantas daninhas e, por ocasião das capinas, totalizando três, foi realizado a amontoa. A colheita foi realizada por panícula e transportadas para terra firme para completar a secagem dos grãos. A batedura deu-se em sacos de polipropileno, usando-se varas flexíveis para soltura dos grãos. A produtividade final foi corrigida para um grau de 13% de umidade.
Nos trabalhos experimentais a cultivar Pioneer B-815 se destacou, obtendo produtividade média de 3.918 kg/ha de grãos. As doenças foliares não se fizeram presentes no ecossistema de várzea, por outro lado inspeções freqüentes foram realizadas por ocasião do florescimento, com vistas a se detectar possível ocorrência da “mosca do sorgo.