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Análise de mercado do trigo

Em termos internacionais, o trigo de primavera, nos EUA, está praticamente colhido, sendo que até o dia 05/09 cerca de 95% da área total estava cortada, contra a média histórica de 83% para esta época do ano.


Foto: Pixabay

As cotações do trigo em Chicago, considerando o primeiro mês cotado, igualmente recuaram, rompendo o piso dos US$ 7,00/bushel. Cotação abaixo deste piso não era vista em Chicago, para o trigo, desde o final de julho. O fechamento desta quinta-feira (09) ficou em US$ 6,81/bushel, contra US$ 7,04 uma semana antes. O mercado trabalhou com baixa movimentação devido aos feriados da semana. Em termos internacionais, o trigo de primavera, nos EUA, está praticamente colhido, sendo que até o dia 05/09 cerca de 95% da área total estava cortada, contra a média histórica de 83% para esta época do ano.

Por outro lado, assim como nos casos da soja e do milho, os embarques semanais de trigo, por parte dos EUA, também foram baixos. Os mesmos atingiram a 381.551 toneladas. Já no Brasil, os preços também cederam um pouco, embora se mantenham em patamares elevados. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 82,02/saco, enquanto no Paraná os preços do cereal oscilaram entre R$ 87,00 e R$ 94,00/saco. Este último valor é praticado no oeste paranaense, onde as geadas provocaram quebras severas nos trigais locais. Dito isso, os moinhos brasileiros esperam a intensificação da colheita desta nova safra, que está iniciando neste mês de setembro pelo Paraná. A entrada de produto novo gera a expectativa de preços menores nas próximas semanas. Neste contexto, por enquanto o ritmo dos negócios continua lento.

Por sua vez, as importações brasileiras de trigo, nos 22 dias úteis de agosto, chegaram a 594.130 toneladas, ficando praticamente nos mesmos níveis de agosto do ano passado. O preço médio de importação, neste mês de agosto, ficou em US$ 276,30/tonelada FOB, ou seja, 23,1% acima do registrado na média de agosto de 2020. (cf. Secex). Assim, nos sete primeiros meses do corrente ano, o Brasil já comprou um total de 3,83 milhões de toneladas de trigo. O valor médio desta importação é de US$ 261,19/tonelada. O principal Estado importador, no período, foi São Paulo com um total de 655.380 toneladas, seguido do Ceará com 581.756 toneladas, Pernambuco com 402.489 toneladas, Paraná com 397.938 toneladas e Bahia com 391.992 toneladas. Estes cinco Estados perfazem 63,4% do total importado pelo Brasil entre janeiro e julho do corrente ano. Neste momento, após oito meses, o preço médio do trigo no Brasil é de US$ 282,00/tonelada, sendo que o recorde nestes últimos 11 anos foi atingido em 2013, quando a tonelada alcançou a US$ 355,00/tonelada. O mais baixo preço foi em 2017, quando a tonelada atingiu a média de apenas US$ 187,00. (cf. Abitrigo)

Enfim, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) pretende apresentar em outubro um parecer sobre a liberação comercial de trigo geneticamente modificado. O trigo analisado pela CTNBio proporciona, segundo a pauta da comissão, "aumento de produtividade em situações e ambientes de baixa disponibilidade hídrica" e é  resistente ao herbicida glufosinato. O pedido de empresas interessadas é para que o produto possa ser utilizado em alimentos, rações ou produtos derivados ou processados. Na hipótese de aprovação, o produto seria importado da Argentina, onde já teve aval do governo local, fato que gera preocupação para os moinhos, diante de temores sobre as reações dos consumidores devido ao ineditismo da iniciativa. Até o momento, o consumo de produtos com o cereal modificado não é autorizado em nenhum país do mundo.

Em caso positivo, o Brasil seria o primeiro. Neste contexto, a indústria brasileira de trigo já está preparada para contestar uma eventual aprovação da CTNBio e, neste caso, deve solicitar junto a outros membros do setor que o tema seja analisado pelo Conselho Nacional de Biossegurança, composto por ministros, para que o governo se pronuncie sobre a conveniência da medida. O governo da Argentina aprovou a comercialização da variedade transgênica de trigo HB4 da empresa de biotecnologia Bioceres, embora tenha destacado que o produto só poderá sernegociado depois de autorizada a importação pelo Brasil, conforme publicação no Diário Oficial argentino em outubro do ano passado. (cf. Reuters)

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