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Análise de mercado do trigo

Em fevereiro do ano passado, a média do mês havia registrado US$ 6,51/bushel.


Foto: Marcel Oliveira

As cotações do trigo, para o primeiro mês cotado em Chicago, voltaram a disparar durante esta semana. O bushel do cereal fechou a semana em US$ 12,89, um recorde histórico. Por sua vez, a média de fevereiro fechou em US$ 8,06/bushel, ganhando 4,4% sobre a de janeiro. Em fevereiro do ano passado, a média do mês havia registrado US$ 6,51/bushel. 

Dito isso, a preocupação de que a Ucrânia e a Rússia não consigam exportar seu trigo neste ano faz a pressão aumentar no mercado mundial. Antes do conflito previa-se que a Rússia exportasse 35 milhões e a Ucrânia 24 milhões de toneladas. O total dos dois países representa cerca de 29% das exportações mundiais do cereal previstas para 2021/22. Hoje, todos os 18 portos ucranianos estão fechados, enquanto os da Rússia não operam normalmente em função da guerra. Consta que pelo menos cinco navios cargueiros já teriam sido atingidos no Mar Negro e no mar de Azov. Para conhecimento, Azov, também chamado de Azove, é uma pequena região aquática ao norte do Mar Negro, ligada a este pelo estreito de Kerch. Este mar possui 340 km de comprimento e 135 km de largura, enquanto o Mar Negro possui 436.402 km2 , ou seja, é maior do que o Rio Grande do Sul e Santa Catarina somados.

A tensão é tanta neste mercado que, no dia 02 de março, o primeiro mês cotado em Chicago chegou a operar acima dos US$ 11,00/bushel em alguns momentos, enquanto os contratos de maio e julho batiam em torno de US$ 10,50. Ao mesmo tempo, o Fórum Outlook do USDA, ocorrido no final de fevereiro, apontou que a área a ser semeada com trigo, nos EUA, em 2022, aumentará para 19,43 milhões de hectares, ganhando 2,8% sobre a área semeada no ano anterior. Por enquanto, o mercado está precificando as dificuldades de fluxo comercial no Mar Negro e no Mar de Azov. Logo mais, se o conflito continuar, começará a precificar a possível perda total da produção da Ucrânia, agredida pela Rússia. (cf. StoneX).

Além disso, há também o fato de que o mundo vem de uma realidade em que as safras de trigo têm sofrido com perdas climáticas junto aos principais países produtores. Dito isso, salienta-se que os contratos para 2023 chegam a apresentar até mesmo baixa de preços. Ou seja, por enquanto, as altas são para estes meses mais próximos, podendo ocorrer uma reversão logo adiante. Neste contexto, no Brasil os preços do trigo igualmente se mantêm firmes. A média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 86,34/saco, enquanto no Paraná o produto oscilou entre R$ 90,00 e R$ 92,00/saco. No mercado FOB gaúcho os indicativos saltaram de R$ 1.600,00/tonelada, na semana passada, para algo entre R$ 1.700,00 e R$ 1.730,00 na corrente semana. Enquanto isso, o disponível, posto no porto de Rio Grande, chegou a bater entre R$ 1.830,00 e R$ 1.840,00. Para a safra nova, há indicativos de R$ 1.750,00, posto Rio Grande, com pagamento em novembro, para entrega em dezembro. São preços jamais vistos, levando os traders a considerar que, em o conflito russo-ucraniano prosseguindo, não se deve destacar preços de R$ 2.000,00/tonelada logo adiante. Isso significa R$ 120,00/saco posto em Rio Grande.

Tal quadro, no Brasil, poderá reverter a tendência de uma redução de área semeada neste ano, devido ao forte aumento nos custos de produção. A questão chave passa a ser a disponibilidade de fertilizantes e outros componentes, e seus preços, já que a Rússia e Ucrânia são importantes fornecedores dos mesmos ao nosso país e à grande parte do mundo.

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