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Reação nas cotações de soja

Além do tradicional ajuste técnico, dois outros importantes fatores pesaram para o comportamento do mercado: nova redução na qualidade das lavouras estadunidenses


Foto: Pixabay

As cotações da soja, em Chicago, após baixas seguidas nas semanas anteriores, reagiram nesta semana. Além do tradicional ajuste técnico, dois outros importantes fatores pesaram para o comportamento do mercado: nova redução na qualidade das lavouras estadunidenses, frente a um clima mais seco e quente nas regiões produtoras locais; e novo ataque russo ao porto de Odessa, na Ucrânia, colocando em xeque os acordos realizados na sexta-feira anterior, os quais indicavam a possibilidade dos ucranianos escoarem sua produção de grãos.

Com isso, o primeiro mês cotado fecha a quinta-feira (28) em US$ 16,09/bushel, contra US$ 14,18 uma semana antes, ganhando quase dois dólares em uma semana. Destaque para o farelo, que atingiu a US$ 489,70/tonelada curta no dia 28, assim como o óleo que se recuperou, chegando a fechar em 65,84 centavos de dólar por libra-peso no mesmo dia.

Na prática, a disparada da cotação do farelo também ajudou a sustentar o grão. A forte crise socioeconômica na Argentina, maior fornecedor mundial do produto, tem causado tensões no mercado deste subproduto. Os produtores argentinos, inclusive, estariam segurando a soja recentemente colhida, fato que gera menor esmagamento e, portanto, produção de farelo. Circularam notícias, igualmente, de redução no esmagamento na Europa e problemas de logística nos EUA.

Além disso, o mercado esteve atento aos resultados da reunião do Federal Reserve, encerrada no dia 27/07, na qual ele voltou a aumentar o juro básico dos EUA. Esse ponto, contrastando com o movimento imediato de Chicago, tende, mais adiante, a levar os investidores a trocarem contratos de commodities por títulos públicos do governo local. Em relação a qualidade das lavouras estadunidenses, até o dia 24/07, o índice de boas a excelentes havia recuado para 59%, contra 61% uma semana antes. No ano passado este índice estava em 58%. Outras 30% das lavouras estavam regulares e 11% entre ruins a muito ruins. Na mesma data, 64% das lavouras estavam em fase de florescimento, o que exige um clima adequado, pois a safra está em seu período crítico de formação.

Já os embarques de soja, por parte dos EUA, na semana encerrada em 21/07, atingiram a 388.212 toneladas de soja, ficando dentro das expectativas do mercado. Com isso, o país norte-americano já embarcou 53 milhões de toneladas neste ano comercial, contra 59 milhões no mesmo período do ano anterior. E no Brasil, com o Real se revalorizando um pouco, ao atingir R$ 5,25 por dólar em alguns momentos da semana, os preços praticamente se estabilizaram, com alguma recuperação em determinadas regiões. A média gaúcha, no balcão, ficou em R$ 173,64/saco, enquanto nas principais praças do Estado o mercado trabalhou com R$ 178,00/saco. Já no restante do país, os preços da oleaginosa giraram entre R$ 160,00 e R$ 172,00/saco.

Em paralelo, as projeções para as exportações brasileiras de soja, no ano de 2023, foram aumentadas para 91,5 milhões de toneladas, contra 77,2 milhões estimadas no corrente ano. Esse salto será possível desde que a produção nacional efetivamente seja cheia na próxima safra. Em sendo assim, o esmagamento de soja atingirá 49,5 milhões de toneladas em 2023, após os possíveis 47,9 milhões em 2022. A oferta total de soja, somando importações, produção e estoques iniciais, chegaria a 154,5 milhões de toneladas em 2023, diante de uma demanda total, interna e externa, de 144,6 milhões. Isso significa que os estoques finais de soja, no próximo ano, poderão atingir a 9,92 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 239% sobre 2022. Em termos dos subprodutos, a produção de farelo de soja seria de 38 milhões de toneladas, subindo 3% sobre a deste ano. As exportações somariam 18,7 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno somaria 19,2 milhões. Com isso, os estoques finais de farelo de soja no país, no encerramento de 2023, subiriam 7%, atingindo a 2,4 milhões de toneladas.

Enfim, a produção de óleo de soja aumentaria 3%, chegando a 10,5 milhões de toneladas. Nossas exportações estão previstas para 1,9 milhão, com recuo de 10% sobre 2022, enquanto o consumo interno subiria 3%, atingindo a 8,15 milhões de toneladas. Isso, em função do aumento de 10% na destinação ao uso no biodiesel, elevando este volume para 4,5 milhões de toneladas. Mesmo assim, os estoques finais de óleo de soja, em 2023, subiriam 6%, atingindo a 333.000 toneladas. 

A análise foi enviada pela Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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