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Cancro citrico

(Xanthomonas axonopodis pv. citri) Culturas Afetadas: Citros

Sinônimo: Xanthomonas campestris pv. citri

O cancro cítrico sempre constituiu séria ameaça para a citricultura brasileira. Ocorre endemicamente em várias regiões do Sudoeste Asiático e em vários países da América do Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. No Brasil, foi constatado pela primeira vez em 1957, na região de Presidente Prudente, SP, de onde se disseminou para outras regiões paulistas e outros estados, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Graças à adoção de medidas de exclusão e erradicação, tem-se conseguido manter a doença sob relativo controle nas principais regiões produtoras nacionais.

Existe uma ampla variabilidade nos níveis de resistência à doença entre espécies, híbridos e cultivares de Citrus e gêneros afins. Vários cultivares de alto valor comercial apresentam níveis adequados de tolerância, habilitando-os para serem utilizados em regiões onde a doença é endêmica.

Danos: Sintomas na superfície de ramos, folhas e frutos aparecem, no início, na forma de lesões eruptivas, levemente salientes, puntiformes, de cor creme ou parda. Essas lesões tornam-se depois esponjosas, esbranquiçadas e em seguida pardacentas, circundadas por um halo amarelo. Em folhas, as lesões são salientes nas duas faces. Em frutos, as lesões são geralmente maiores, corticosas, apresentando fissuras ou crateras no centro. Os frutos com lesões geralmente caem antes de atingirem a maturação final. Em ramos, as lesões são corticosas, salientes, de cor creme, podendo provocar sua morte quando as lesões atingem grandes áreas. Ataques severos da doença podem provocar desfolha com conseqüente depauperamento de plantas, e queda prematura de frutos.

A bactéria desenvolve-se sob temperaturas entre 29,5 e 39ºC. Não é capaz de sobreviver por longos períodos em solo, em ervas invasoras ou em restos de cultura. Em ausência de plantas cítricas, há um rápido declínio na população da bactéria em solos. Entretanto, a bactéria consegue sobreviver por vários anos em tecidos desidratados. Exsudatos bacterianos são produzidos em presença de um filme d’água sobre as lesões. A disseminação a curtas distâncias dá-se, principalmente, por chuvas e ventos. A bactéria penetra em tecidos novos por estômatos e aberturas naturais ou por ferimentos produzidos por espinhos, insetos, etc. Infecção via aberturas naturais ocorre somente em tecidos jovens. Em folhas e ramos, ela acontece até 6 semanas após o início de desenvolvimento desses órgãos. Os frutos são suscetíveis até os 90 dias de idade, a contar da data de queda das pétalas. Quando a infecção ocorre após esse período, as lesões são muito pequenas.

Espécies, híbridos e cultivares de citros apresentam grande variação na resistência à doença. Os cultivares de maior importância para o país foram classificados em 6 classes de comportamento:

a) Altamente resistente: Calamondin;

b) Resistentes: tangerinas Satsuma, Ponkan, Clementina e Tankan, laranjas doces Folha Murcha e Moro, lima ácida Tahiti e laranja azeda Double Cálice;

c) Moderadamente resistentes: toranja gigante, tangerina Dancy, mexerica do Rio, laranjas doces Sanguínea de Mombuca, Lima Verde, Navelina, Valência e Pêra Premunizada e cidra Diamante;

d) Moderadamente suscetíveis: tangerina Cravo, tangor Murcote, e laranja doce Natal;

e) Suscetíveis: laranjas doces Bahia, Baianinha, Hamlin, Seleta, Vermelha e Piralima;

f) Altamente suscetíveis: pomelo Marsh Seedless, lima ácida Galego, limão Siciliano, lima-de-umbigo e tângelo Orlando.

Controle: Após a primeira constatação da doença no país, um programa oficial de erradicação foi estabelecido, em nível nacional, que até hoje é mantido. Esse programa mostrou-se incapaz de erradicar a bactéria do Estado de São Paulo e mesmo de evitar a sua disseminação para outros estados do país. Entretanto, graças às medidas de exclusão e erradicação contidas no programa, conseguiu-se evitar uma rápida expansão da doença nas principais regiões produtoras paulistas e nacionais. As medidas de erradicação foram depois abrandadas, com a redução do número de plantas suspeitas de infecção a serem erradicadas em pomares contaminados e o estabelecimento de métodos alternativos de erradicação, como a desfolha química de plantas suspeitas.

Contudo, plantas comprovadamente infectadas devem ser eliminadas do pomar, como é feito no Estado de São Paulo. No Paraná, admite-se a eliminação somente de órgãos da planta que apresentam sintomas, através da poda, e sua imediata remoção do pomar e destruição. Essas operações visam reduzir a quantidade de inóculo no pomar e devem ser feitas durante as épocas frias e secas do ano. Após a realização dessas operações, as plantas devem ser pulverizadas com produto cúprico.

Outras medidas de prevenção e controle vêm sendo recomendadas em áreas onde a doença é endêmica, como:

a) Evitar a instalação de pomares em locais onde as condições são muito favoráveis ao desenvolvimento da doença, como as áreas sujeitas a ventos fortes e constantes;

b) Plantar cultivares resistentes ou moderadamente resistentes; utilizar mudas sadias;

c) Implantar quebra-ventos arbóreos; pulverizar preventivamente com produtos cúpricos, visando a proteção das brotações novas;

d) Inspecionar freqüentemente os pomares;

e) Estringir o acesso e fiscalizar a circulação de pessoas, veículos, máquinas e implementos em pomares, principalmente quando provenientes de outras propriedades citrícolas;

f) Promover a lavagem e a desinfestação de veículos, máquinas, implementos e materiais de colheita, antes deles adentrarem os pomares;

g) Utilizar durante a colheita, se possível, equipes e materiais de colheita próprios;

h) Construir silos na entrada das propriedades para o armazenamento dos frutos colhidos, evitando assim a circulação de pessoas e veículos estranhos ao pomar.

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